Capítulo 199

[...]

-Eu simplesmente não acredito que você conseguiu encontrar! - Peguei o notebook de suas mãos olhando bem a reportagem gravada na tela. 
-É, encontrei e você não respondeu minha pergunta. Pra que precisa disso? Porque quer saber dessa cara que morreu assassinado? Onde quer chegar com isso? - Ele buscava meus olhos. 
-Foram três perguntas. - Sorri maravilhada com a tela do computador. 
-Há, engraçadinha... 
-Então é tudo verdade, eles existiram, tudo foi verdade! - Eu não podia acreditar. 
-Você esta feliz porque é verdade que um homem foi assassinado numa rua escura na frente da esposa? - Ele não entendia. 

Respirei fundo, o olhei por um instante, Valter tinha me ajudado de uma forma absurda que eu nunca conseguiria retribuir, o mínimo que eu podia fazer era contá-lo tudo, pois agora com a prova concreta em minhas mãos ninguém mais poderia duvidar de minha história louca, nem eu mesma. 

-Você esta com tempo? Se quer mesmo saber de tudo, sugiro que cancele seus compromissos dessa tarde pois é um longa história. - Falei por fim. 
-Não se preocupe com meus compromissos, já devia ter começado a falar pois a cada segundo eu fico mais curioso. 
-Então espera só eu pegar uma coisa que tenho que te mostrar. 

Então corri até a pequena biblioteca lá de casa para pegar o livro onde estava escrita toda a história que eu contaria a ele naquele momento, ele me seria útil para que lembrasse de tudo e não esquecesse detalhes importantes. Quando voltei, ele me aguardava mais que ansioso:
-Um livro? - Perguntou. 
-Isso mesmo. Dora! - Chamei - Trás um café ai pra gente por favor... 
-Hum, café, a bebida dos detetives. - Brincou. 
-Detetives... - Repeti para mim mesma. 

E assim, regados a muito café e a bastante tempo, contei tudo a Valter, desde o incio, do primeiro sonho que tive e com a ajuda do livro fui me lembrando de todos os capítulos daquela história linda, e logo ele começou a entender tudo, ou pelo menos estava tentando. Até chegar a parte que lhe descrevi com detalhes a morte de Lorenzo, a noite de 31 de Julho de 1930 e antes já tinha lhe contado que Ferreira o perseguia por causa do empréstimo que o aviador não conseguia pagar:
-Foi esse homem, Ferreira que matou Lorenzo, provavelmente era um agiota bandido que resolvia tudo com sangue, depois de matar Lorenzo ele foi procurar Cecília, veja. - Lhe mostrei a parte do livro que dizia isso - Mas ela não teve medo, e algumas semanas depois ele foi preso. 

...

Também denunciou Ferreira a policia, acusando-o de ter matado Lorenzo e não tinha medo que ele fizesse o mesmo com ela. O próprio Ferreira foi a sua casa intimidá-la para que ela retirasse a queixa, mas a moça não cedeu:
-Mate-me também seu bandido imundo, desgraçado de uma figa! - Ela falava com bravura - faça o mesmo comigo e todos terão a prova de que você é um assassino, vamos, mate-me se tem coragem! 
E foi com essas palavras que ela enfrentou o homem que matou seu marido, tinha vontade de acabar com ele com as próprias mãos, mas sabia que seu castigo viria das mãos certas. 

Ferreira foi preso algumas semanas depois, pois com as influencias do pai de Cecília foi aberta uma investigação contra ele logo depois da denuncia, assim, Cecília sentiu-se vingada e pode seguir sua vida em paz. 

...

Valter lia atentamente as palavras escritas no livro, passava os dedos sobre ele como se quisesse sentir que era real, até que me olhou e disse:
-Mais que história! Nem nos melhores livros li uma coisa assim e... é difícil acreditar que você sonhou com tudo isso, na ordem, como capítulos de uma novela. 
-Mas o mais mirabolante é saber que tudo existiu, e aqui esta a prova. - toquei a tela do computador. 
-Assustador eu diria. - Ele concordou. 
-Não, o mais assustador vem agora. Depois de tudo isso tive um sonho, o ultimo sonho onde eu finalmente via os rostos de Lorenzo e Cecília e adivinhe, eramos eu e Luan que estávamos lá. - Soltei. 
-Como assim? Você e Luan? 
-É, exatamente, como se eles fossem nós dois entende? 
-Não, não entendo. - Ele negou com a cabeça. 
-Lembra-se de vó Amélia? - Perguntei. 
-Claro, como esquecer aquela velinha ótima? - Ele sorriu, todos a amavam - Tudo que ela leu na minha mão aconteceu. 
-Então, ela aposta e reencarnação. - Admiti. 

Ele silenciou mais uma vez, eu não sabia se Valter era religioso ou não, se acreditava em coisas místicas ou não, mesmo assim, já que estava contando tudo, aquela era a parte fundamental:
-E... você acredita nisso? - me perguntou. 
-Não acreditava muito até você me trazer isso. - Apontei novamente para a manchete. 
-Uau, não sei o que pensar. - Admitiu. 
-Imagine eu. - Coloquei a cabeça entre as mãos. 
-Então o que você realmente quer é saber se... bem... se essas pessoas foram você e Luan em outras vidas? - Soou estranho o que ele disse.
-Ai Valter eu quero saber tantas coisas... Isso me deixa tão confusa. Mas acima de tudo quero escrever sobre isso, um livro, o que acha? - perguntei animada. 
-Mas aqui esta o livro. - Ele estranhou. 
-É um exemplar único, e aí tem muita coisa que não pode ser publicada. Quero escrever a história de Lorenzo e  Cecília, ponto, nada de Luan e Nicolle nisso. 
-Mas de quebra quer saber se essa coisa toda de reencarnação é verdade. - Completou. 
-Isso mesmo. 

Mais uma vez ele calou, pensou um pouco e falou por fim: 
-Então mãos a obra Nicolle! - bateu palmas animado - Vamos mergulhar nessa história de uma vez, vamos encontrar o filho desse casal, vamos até Ribeirão Bonito, quem sabe ele ainda não mora lá e é aqui pertinho, de toda maneira não vai ser uma viagem perdida. 
-Sério que você esta disposto a isso? - Quase pude ver meus olhos brilhando de satisfação. 
-Áh garota, essa é a história mais emocionante que já apareceu na minha vida, sabe que eu trabalhei muitos anos como repórter investigativo não sabe? - Me sorriu. 
-Perfeito! Perfeito! - o abracei sem pensar - Não sei como agradecer. 
-Agradeça Arranjando tempo para irmos a Ribeirão Bonito e pensando em como vamos chegar a esse tal Lorenzo Filho. 
-Pior que nas próximas semanas eu estou apertada. - Fiz careta. - Tenho que resolver mil coisas sobre o primeiro dia de aula dos gêmeos que esta chegando, além de tudo ainda vou planejar uma festa de aniversário e já estou em cima. - Lembrei. 
-Festa? Gostei disso. - Sorriu - Então acho que vamos ter de parar as buscas por um tempo. 
-Só até a festa passar, mas até lá vamos traçar um plano perfeito para encontrar o que queremos. - Sorri animada. 
-Tudo bem, sabe onde em encontrar e por favor me mantenha por dentro de tudo. - Ele se levantou para partir. 
-Acho que vou morrer tendo que esperar tanto tempo para começarmos as buscas. - Admiti. 
-As comidas que demoram a ser preparadas, são as que tem melhor sabor. - Inventou aquele ditado - Além do mais, não adiantaria nada partir hoje se não temos nenhum plano em mente. Tem que usar essa cabecinha Nicolle, vamos conseguir. 
-Você é incrível sabia? - O abracei de novo. 
-Talvez eu seja louco, e você também. - Brincou, mas aquilo tinha um fundo de verdade. 
Em fim se foi, e eu voltei  namorar a manchete de jornal, depois tratei de imprimir várias cópias e salvar no celular também. 

Não podia acreditar que estava com o "fio da meada" nas mãos, agora era só segui-lo e Valter me ajudaria. Eu estava eufórica, pensei em contar logo para Luan, mas detestava tratar assuntos sérios por telefone então resolvi esperar que ele voltasse, estava perto, afinal, ele prometeu que viria para o primeiro dia de aula dos gêmeos. 

Assim alguns dias se passaram e como eu disse, fiquei totalmente imersa nos preparativos para o primeiro dia de aula dos meninos, em mudar a rotina deles e também na tal da festa que Bruna não largava do meu pé querendo aprontar tudo para ontem, além de ter recebido uma visita inesperada de maus pais e Antonela no fim de semana, resumindo, não consegui pensar tanto quanto deveria no meu "outro projeto". 

E logo chegou o domingo - a noite para ser mais exata - que antecedia o grande dia de Henrique e Lorenzo, e quando fui colocá-los para dormir falei:
-Agora todo mundo dormindo logo pra acordarem cedinho amanha e irem bem animados pra escola. - Falei os acarinhando. 
-Mãe, e o papai? Ele não vai chegar? - João Henrique me perguntou. 
-Vai filho, amanha quando acordarem ele vai estar aqui. - Reafirmei o que tinha dito a eles o dia todo, pelo menos foi isso que Luan me disse ao telefone - Agora vamos, olhinhos fechados pra noite passar rápido. - Sorri tentando distraí-los. 

E assim eles foram dormir e eu fui para o meu quarto ligar para Luan mais uma vez:
-Oi amor. - Seu tom era nervoso talvez. 
-Oi, acabei de botar os meninos pra dormir, perguntaram de você de novo. - Confessei. 
-Ai cara... Como eu queria estar ai agora. - Agora sim estava nervoso. 
-Vai conseguir chegar? Se não for diga logo porque preciso pensar em algo para disser amanha. - pedi sinceridade - Não faça sacrifícios que não pode amor... 
-Eu posso Nicolle, prometi não foi? Vou chegar! - Falou com firmeza - Assim que terminar o show, vou correndo praí, chego antes do amanhecer. 
-Tudo bem, boa sorte e se cuida por favor.
-Vou me cuidar e vou chegar ai, não se preocupe. 
-Eu sei que vai. - tentei sorrir - Você sempre cumpre suas promessas. 
-Sempre. - repetiu.
E assim desliguei, rezando para que desse tudo certo.

De toda forma não consegui dormir naquela noite, poderia parecer bobagem para outras pessoas, mas para mim não, assim como para meus filhos, a presença de Luan era importante para eles e vice-versa. Então fiquei a noite toda esperando ele entrar por aquela porta. 

[Continua]

Amores, 

Nic contou tudo a Valter, 

e ele concordou em continuar ajudando. 

Agora é só começar os trabalhos! 

Mas tem prioridades na frente né? 

Os gêmeos, a festa.... 

E por falar nisso, 

será que Luan vai conseguir chegar? 

Amanha tem capítulo 200 né? 

E tem que ser especial certo? 

hahaha'

Não falhei nem um dia essa semana? 

É isso mesmo? 

kkkkk' 

Que lindo! 

Prometo que esse fim de semana vou tentar fazer 

"Dobradinha"

Teremos festa e muita coisa pra contar! 

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Então é isso, 

beijokas, 

Mayara

@Luansmyway