Capítulo 88

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[...]

Tentei não pensar muito enquanto dirigia até a casa de repouso, mas era inevitável, tudo ainda estava muito recente, muito fresco em minha mente. Todas as palavras ditas e ouvidas, passavam e repassavam em minha cabeça, junto com as expressões de raiva, tristeza e várias outras coisas. 

O fato de ter acabado assim de repente era quase inacreditável, mas o que esperar de uma relação que começou da mesma maneira? Fomos rápidos para começar e para terminar, não nos conhecíamos, não eramos tão compatíveis nem perfeitos um pro outro quanto pensávamos e depois da maciez de começo de namoro, não aguentamos passar pela parte dura da coisa, pelo caminho de pedras. 

Comecei a pensar que eu e Luan fomos como uma casa onde o alicerce não era forte o suficiente e na primeira ventania, caímos, completamente destruídos. 

A chuva caia fina e quase imperceptível quando cheguei a casa de repouso, entrei diretamente a procura de minha vó e quando a encontrei, uma sensação de calma me invadiu por completo, tinha achado meu ponto de paz. E lá estava ela, devidamente agasalhada para o tempinho frio, lendo alguma coisa perto da janela, parecia extremamente distraída. Então me aproximei, achando que iria surpreendê-la, mas quando estava a um passo, mesmo de costas, ela falou:
-Sabia que viria. 
-Ah, ia te assustar, mas eu nunca consigo não é? - Fingi desapontamento em meio a um sorriso amarelo e sentei-me ao lado dela que fechou o livro para em dar total atenção - Então quer dizer que sabia que eu viria? - Dei um forte abraço nela.
-Eu sei muitas coisas, principalmente quando envolvem você. - Ela apertou forte a minha mão. 
-Como a senhora está? - Tentei parecer natural.
-No momento, curiosa para saber porque seus olhos estão nublados e chorosos tanto quanto o céu lá fora. - Vó Amélia sorriu, ela sempre percebia tudo.
-Eu sou tão transparente assim? - Sorri de canto.
-Como água cristalina, sempre foi.

Nesse momento, sem pedir permissão ela virou a palma da minha mão para cima e eu sabia bem o que estava fazendo. Mas por um momento fiquei aliviada, pois se ela visse o que estava acontecendo em minha vida, eu não precisaria contar e relembrar tudo de novo, talvez não suportaria:
-Sabe Nicolle, seu mal sempre foi não escutar as pessoas. - Ela falou por fim.
-Como assim vó? 
-Lembra-se da ultima vez que esteve aqui? Lembra-se do que eu lhe disse? 
-Depende, do que exatamente? - Eu estava pra lá de confusa. 
-"Um grão de areia parece pequeno não é? Mas ele pode causar um grande estrago se cair no seu olho." "Um floco de neve pode virar uma bola facilmente." Foi isso que eu lhe disse, exatamente com essas palavras. 

Como um click, me lembrei exatamente do dia em que ela me disse isso, referia-se ao amor e agora tudo fazia sentido, era exatamente isso que Luan tinha me falado, exatamente o que tinha acontecido conosco, um floco de neve tinha virado uma bola gigante e acabado com tudo:
-Porque não me explicou vó? Porque não me disse exatamente o que isso significava, assim eu não teria deixado tudo virar uma bola gigante e nos destruir. - falei com lágrimas nos olhos. 
-Se eu tivesse lhe dito, você ia tentar interferir na ordem das coisas, mexer com o destino e isso não faz bem a ninguém. As coisas acontecem no tempo certo, do jeito certo Nicolle, e ninguém pode tentar mudar isso. - Vó Amélia falava paciente. 
-A gente terminou vó, é isso que o destino quer? Sempre achei que ele trabalhasse pra os unir e não o contrário. - Deixei as lágrimas rolarem de vez.
-Ah menina, - Ela me tomou nos braços com todo o amor do mundo - os ventos nem sempre estão a nosso favor. 
-Não entendo, foi ou não foi a decisão certa? 
-Foi o que tinha que ser, apenas isso.
-Chega de enigmas vó, me mostre um caminho, diga o que viu na minha mão hoje, o que vai acontecer, o que tenho que fazer. 
-Apenas se deixe levar. Todo esse sofrimento será válido, tente aprender alguma coisa com ele, busque seus próprios erros. - Ele acariciou meus cabelos.
-Tudo bem, não vou insistir, afinal, o que está feito não tem como ser desfeito. Foi apenas um encanto, acabou, passou, só isso. - Enxuguei as lágrimas voltando a minha posição inicial. 
Minha vó não disse mais nada, apenas sorriu, aquele sorriso de quem está pensando mil coisas mas não vai falar nem sob tortura. 

Tentei mudar de assunto, falar de outras coisas, mas a maioria do tempo ficamos em silêncio. Ela apenas me dava colo, e aquilo era tudo o que eu precisava no momento. 

...

Deitado vendo o tempo se arrastar ao meu redor, não conseguia tirar tudo o que aconteceu da cabeça, não conseguia tirar ela da cabeça e exatamente como acontece nos filmes, naquele momento uma lembrança me veio a mente...

Flash Back on:

A puxei para um beijo, longo e doce, bem ao meu estilo. Depois a olhei nos olhos, coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha, e com o polegar acariciei seu rosto, dizendo:
-Tenho medo que ele tire você de mim. - minha voz era suave, baixinha.
-Nem se ele me matasse conseguiria me tirar de você. - Ela sorriu.
-Querendo ou não você já se encantou por ele um dia. E se isso acontecer de novo? 
-Esse é o seu verdadeiro medo? Você é muito bobo sabia? Não existe amor maior do que o que eu sinto por você. - Deu-me um selinho carinhoso - Mas você tem razão quando fala que me encantei por Diogo, só que encantamentos acabam, como foi o nosso caso. Já o amor, esse permanece, vive para sempre. 

Flash Back off.

Então eu me pergunto, para onde foram essas palavras? Para onde foram todas as promessas e juras? Que importância tudo isso tinha para ela? Será que falou apenas da boca pra fora? E o mais importante de tudo, onde está esse amor que é maior que tudo, que vive para sempre? Onde está Nicolle e porque nossa história tomou esses rumos tão estranhos? 

Em minha cabeça, só perguntas. mas talvez tudo aquilo tivesse um fundo de razão, talvez aquela coisa explosiva que senti assim que bati os olhos nela não quisesse dizer nada, ou todos aqueles encontros casuais. Talvez uma relação que começa assim, corrida e intensa não dure, talvez não foi amor, mas sim uma paixão que morreu na primeira dificuldade. Talvez nada disso deveria ter acontecido, mas aconteceu e apagar de mim seria o mais difícil a se fazer a partir daquele momento. 

...

Quando cheguei na portaria do meu prédio, o dia já estava indo embora para dar lugar a uma noite nebulosa e fria, talvez todo aquele clima fosse efeito das "águas de Março", ou poderia ser o universo tomando para si a minha dor. 

Estou passando pela guarita quando vejo uma silhueta conhecida, com algo como um buquê de flores nas mãos, lá estava Diogo. Respirei fundo e contei mentalmente de 3 para baixo, tudo que eu menos precisava era ver ele naquele momento. 

Acelerei mas Diogo entrou na frente do meu carro:
-Preciso falar com você! - um capuz preto encobria sua cabeça. 
-Não quero falar com você. - Rebati.
-Por favor... - Ele ergueu o buquê na tentativa de amolecer meu coração. 
-Suba. 
Disse apenas isso e segui meu caminho. Graças a maldita sensação de que eu sempre estaria devendo algo a Diogo por conta do salvamento na piscina, deixei ele subir. 

Cheguei em casa primeiro, ele chegou alguns segundos depois de mim. Penélope veio direto ao meu encontro e latiu quando viu aquele estranho. Segurei ela nos braços e me virei para Diogo:
-Muito bem, você tem dois minutos, nada mais que isso. 

[Continua]

Então, vamos comentar os dois capítulos...

Luan e Nic terminaram, 

O que vocês acharam dos motivos? 

Fúteis ou concretos?

Mas e aí? 

Será que voltam? Será que demora?

Será que tudo isso é mesmo um termino? 

Ou só uma briga momentânea? 

Aguardo as opiniões de vocês

haha'

E o que será que Diogo quer? 

Selar a paz?

Ou trazer mais guerra? 

Beijokas

Mayara

@FCAsCoelinhasLS