sábado, 31 de maio de 2014

Capítulo 127

[...]

Acordei e instintivamente passei a mão no lado de Luan na cama, estava gelado, ele não estava lá, abri os olhos e tive certeza disso. Um enorme vazio me invadiu, meu dia era realmente feliz quando eu abria os olhos e o via ao meu lado. 

Olhei mais atentamente e encontrei o bilhete que ele deixou, li e isso me fez sorrir:
-Uma surpresa... - Pensei em voz alta - A cara dele fazer isso.

Então levantei, tomei um bom banho, desci para comer alguma coisa - a fome estava me invadindo - e esperar.  Estava terminando meu café quanto ele chegou e não veio sozinho:
-Vó! - Senti vontade de correr e abraçá-la, fazia tempo que não nos víamos, mesmo assim não o fiz, não podia. 
-Nicolle! - Ela caminhou apresadamente até mim, nos abraçamos como se estivéssemos separadas a anos.

Fui tomada por uma sensação boa, abri um largo sorriso ao ver aquela velhinha ali a minha frente, eu estava morrendo de saudades. Depois de acarinhá-la, olhei para Luan que apreciava a cena sorrindo:
-Como... Como fez isso? - Perguntei me referindo a como ele tirou minha ví da casa de repouso. 
-Ah, com um pouco de charme, com esse meu sorriso, eu consigo tudo. - Ele brincou passando a mão pelos cabelos - Brincadeira, deu um trabalhinho mas sua vó me ajudou bastante. 
-As meninas da casa de repouso queriam ligar pra você antes, pra autorizar a saída e blá, blá, blá - Minha vó fez careta - Mas como era uma surpresa, tivemos que convencê-las. 
-Awn, não podia ter me feito surpresa melhor. - A abracei de novo.
-Sabia que ia gostar. 

Nos sentamos todos a mesa, apresentei minha vó aos pai de Luan e conversamos um pouco em conjunto. Depois, eu e vó Amélia fomos para a parte de fora da casa, nos sentamos de frente a piscina, mas a uma distancia segura, na sombra, sentindo a brisa da manha:
-Sua barriga está linda! - Ela tocou, senti uma enorme paz naquele momento. 
-É, está. - Acariciei também - Mas passei por momentos bem difíceis esses últimos meses...
-Eu sei de tudo, não precisa me contar. - Ela me olhou com ternura. 
-Como... Ah, deixa pra lá. - Sorri, já tinha provas suficientes dos dons de minha vó - Sabia também que eram dois meninos? 
-É claro! - Ela respondeu alegre - Dois belos e fortes garotos, já tem nome? 
-Não, nem tive tempo de pensar nisso ainda, com a cabeça cheia de outras coisas. 
-Tem que pensar, eles vão nascer logo logo. - Ela falou distraída com a barriga.
-Como assim logo logo? Só estou de 6 meses. - Falei com medo, ainda não estava pronta. 
-Eu não disse que seria agora. - Ela falou apenas isso.

Silenciamos por um instante, imediatamente me lembrei que Marcela avia avisado de que provavelmente o parto seria antecipado se eu voltasse a ter crises e internações, mesmo assim, eu estava otimista de que tudo aconteceria no tempo certo, não estava preparada ainda, nem meus bebês, o medo tomou conta de mim:
-Não precisa ficar com medo. - Ela falou como se lesse meus pensamentos - Vai dar tudo certo. 

Embora eu escutasse isso todos os dias, especialmente de mim mesma, nada se comparava a sensação de aquilo da boca dela, naquele momento realmente acreditei que tudo daria certo:
-O medo é inevitável. - Me encolhi - Passei por coisas horríveis, dores, desmaios, internação... Pra falar a verdade eu vivo com medo, vivo pisando em ovos, temendo que algo ruim aconteça aos meus bebês. - Desabafei, ela era a única a quem eu podia falar aquilo, meus olhos estavam fixos na água azul da piscina, senti calafrios, era como se eu estivesse lá dentro em afogando. 
-Eu sei que tudo foi horrível, que essa sensação que tem dentro de você é insuportável, mas já parou pra pensar que não está aproveitando sua gravidez em nada? Alguma vez já relaxou? Conversou com seus filhos sobre coisas banais, boas, bonitas? - Não respondi e ela continuou - Só de olhar pra você da pra ver como vive tensa, preocupada... Você tem que dar leveza a esse momento, aproveitar ao máximo, faça acontecerem momentos bons, de que vai gostar de se lembrar no futuro e de contar pra eles também. 

Continuei em silêncio, refletindo sobre aquelas palavras. Vó Amélia tinha total razão em tudo, eu estava mesmo tão preocupada com tudo que não relaxava desde que descobri a doença. Não aproveitei, não fiz coisas felizes, só me lamentei e me preocupei:
-A senhora tem razão... - Falei por fim. 
-Ainda está em tempo de mudar isso. Não se atenha só porque tem uma doença, faça tudo que as outras grávidas fazem, vá as compras, passe momentos agradáveis com o Luan conversando com os bebês, que tal um chá de bebê? Bem animado! - Ela sugeria fazendo gestos.
-Éh, um chá de bebê... - Sorri imaginando. 
-Isso, se anima, viva menina, aprecie essa gravidez até o ultimo segundo. 
-Vou fazer isso, prometo! - Respondi animada.
E foi essa a mensagem que Vó Amélia me deixou naquele dia "Viva menina!" e era isso mesmo que eu tinha que fazer naquele momento.

Depois daquela conversa, mostrei a minha vó junto com Luan e sua mãe, o quartinho azul dos gêmeos que já estava quase pronto. Ela adorou tudo, o quarto, a casa, o passeio, a mãe de Luan - e amou também o próprio Luan, era incrível como os dois se gostavam, chegava a emocionar - e com isso, almoçamos juntos, enquanto ela contava a todos minhas peripécias de quando era pequena arrancando risos gerais. 

Mas logo chegou a hora de ela ir embora. Dessa vez, fui com Luan levá-la até a casa de repouso, lá nos despedimos e prometi que nos veríamos logo, então, voltamos e no caminho, conversávamos:
-Obrigada por isso, pelo esforço pra levar vó Amélia para me ver, além de tirá-la um pouco desse lugar, nem lembro a ultima vez que ela saiu daí. - Falei o observando enquanto ele dirigia.
-Ela adorou o passeio, conversamos o caminho todo, realmente sua vó é uma mulher incrível, sábia, e eu sinto uma enorme paz quando estou com ela. - Ele me olhou de relance e voltou a prestar atenção na estrada - Sabia que estava morrendo de saudade dela, por isso fiz. 
-Você sempre sabe do que eu preciso, não sabe como foi revigorante vê-la, conversar, ouvir seus concelhos... 
-Imagino, foi para todos nós. 

Nos calamos por um instante, me distraí um pouco com a paisagem que via da janela do carro, até que uma ideia me ocorreu na mente:
-Amor, vamos fazer umas fotos? - Falei instantaneamente.
-Como assim fotos? 
-Fotos, fotos de grávida, aqueles books sabe? - Comecei a explicar.
-Ah, aqueles que tem a grávida mostrando a barriga e o pai... - Ele entendeu.
-Isso mesmo, o que acha? - Eu estava realmente animada com aquela ideia.
-Acho ótimo, podemos usar o fotógrafo que trabalha comigo, você escolhe um cenário e o dia. - Sorri ao ver que ele tinha mesmo aprovado.
-É, perfeito! 
-Porque toda essa animação agora? - Ele me olhou rapidamente de novo.
-Porque descobri que não estou aproveitando minha gravidez como deveria... - Lembrei-me exatamente da conversa com vó Amélia. 
-É que são tantas preocupações né? E...
-Não, nada de falar de preocupações, doença, nada, nesse momento eu estou bem e é isso que importa! - O interrompi - Vou aproveitar loucamente todos os momentos que estiver bem, aliás, vamos. 
-Estou gostando disso. - Ele iluminou todo o lugar com um enorme sorriso. 
-E o que acha de um chá de bebê? Temos que ter um não é? Pode até chamar seus amigos famosos, no caso, suas esposas... 

Comecei a tagarelar e Luan parecia não acreditar em nada do que ouvia, mas também parecia maravilhado com aquilo tudo. Me apoiou em todas as minhas ideias e disse que faria o que estivesse ao seu alcance para tudo dar certo. Já eu, estava mais do que decidida a seguir os concelhos de Vó Amélia e aproveitar, viver, amar aquele momento. 

Quando chegamos em casa, fui logo dividir minhas ideias com minha sogra que também se animou e disse que me ajudaria em tudo. Agora, era só por em prática.
...
No fim da tarde, teria que me despedir de Nicolle e dos bebês, seguiria para meus shows que não podiam parar e já estava quase na hora de partir. Ela estava no quarto, tinha a deixado lá enquanto desci para tratar de um assunto com meu pai e depois que o fiz, subi de novo para aproveitar os últimos minutos com ela, porém, quando lá cheguei silenciosamente, a vi de costas para a porta, se olhava no espelho e falava:

-Argh, mamãe está enorme, ainda bem que vocês não podem ver isso. Olhem só essas bochechas, e esses braços gordos, estou até ficando com papo. - Ela tocou o pescoço - Mas não se preocupem, pretendo perder tudo depois do parto, vou ficar magrinha novamente, vocês vão se orgulhar de mim. - Depois disso ela acariciou a barriga devagarinho e continuou - Ouviram a conversa que tive com o pais de vocês? Pois é, vamos fazer umas fotos, nós quatro, pra poder mostrar quando saírem daí, vamos fazer também um chá de bebê, mas ó pela festa mesmo, afinal, vocês já tem tudo e mais até do que precisam. Além disso, temos que achar uns nomes para vocês né? Onde já se viu, ainda não tem nome. Mas isso exige calma, afinal, vocês tem que ter os nomes mais perfeitos do mundo, porque vão ser os bebês mais perfeitos também.

Ela fez uma pausa, olhava para sua barriga e acariciava a todo momento, estava conversando com os gêmeos e ao ver e ouvir aquilo, me descobri emocionado:
-Também tenho que comprar uns livros infantis, vou ensinar vocês a amarem a leitura, as histórias, assim como eu. - Ela olhou para o teto e sorriu - O que eu estou dizendo? Vão demorar a aprender a ler né? Mesmo assim, vou ler para vocês, todas as noite, prometo isso também. - Ela fez uma pausa - Podemos combinar assim, nos dias que o papai não estiver em casa eu leio um história, e nos dias em que ele estiver vai poder cantar para vocês dormirem, o que acham? Posso adiantar que o som da voz dele é o mais maravilhoso que existe.

Não pude me conter, uma lágrima escorreu devagar em meu rosto. E nesse momento, ela virou-se para a porta e me viu ali, emocionado, mas sorrindo feito um bobo:
-Ei, o que faz ai? - Ela perguntou.
-Não queria atrapalhar essa conversa de mãe e filhos. - Entrei e me juntei a ela finalmente.
-Que feio, ouvindo atrás da porta, só estava combinando umas coisas aqui com eles. - Ela enlaçou os braços em meu pescoço.
-Percebi. Enquanto eu estiver viajando, você conta histórias para dormir e quando eu estiver em casa, canto para eles. - Repeti.
-Isso mesmo, é justo não é? Assim, passamos um pouco do que gostamos para eles, ai veremos se vamos ter dois sertanejos ou dois escritores. - Ela brincou, sorria lindamente.
-Ou um de cada. Ou até mesmo dois de cada, ou esta pensando em parar somente com dois filhos? - Cheirei seu pescoço.
-Ah, vamos com calma ok? Primeiro esses dois, o resto o destino se encarrega. 

A fitei por um instante, seus olhinhos negros estavam mais acesos do que nunca e ela parecia bem mais leve, mais solta, mais tranquila:
-Eu te amo demais. - Admiti totalmente encantado por ela.  
-Eu que te amo. 
Me respondeu exatamente assim e depois me premiou com um beijo, o melhor e mais carinhoso de todos. E naquela tarde, em o fato da despedida tirou nossa alegria, parecia que algo tinha mudado em nós a partir daquele momento e seja lá o que fosse era bom, muito bom. 

Segui meu rumo, deixando em casa a mulher mais maravilhosa que existe e os filhos que mesmo antes de nascerem, já eram o mais amados do mundo. Aquilo sim era a felicidade, a tão sonhada felicidade que todos procuram. A minha estava ali, e eu sabia que ainda a encontraria ali quando eu voltasse. 

"Ela estaria me esperando, sempre me esperando." 


[Continua]




Nhaaaaaaac' 

Fernanda Tavares, você é nova por aqui? Obrigada pelas palavras e elogios ;)

@SonhocomOLuanS Será? Não sei, ainda tô pensando nisso =/ 

Thielle lindona, está perdoada, não suma mais... Acertou sobre Vó Amélia *-*

E falando em vó Amélia...
Ela nem precisou ler a mão de Nic para lhe dar os melhores conselhos. 
Gostaram do que ela falou?
A partir de agora, Nicolle vai dar um "UP" em sua gestação, 
já viram né? 
Fotos, chá de bebê (que foi ideia da Milene linda e maravilhosa kkk)... 

Gostaram dela conversando com os baby's? 
Lindo <3
E não se esqueçam que:
"Ela estaria me esperando, sempre me esperando." 

Todos os detalhes são propositais, sempre, por tanto, atenção ;)

No próximo capítulo...
Lorenzo e Cecília \õ/ 
E também as fotos de Nic e Luan
Aguardem!

Beijos
Mayara
@Luansmyway

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Capítulo 126

[...]

Tentei ajeitar o travesseiro que estava atrás de minhas costas e fiz careta com a dificuldade que tive, ao ver isso, meu pai me ajudou, assim, me recostei confortável e pousei as duas mãos na barriga, sem saber o que dizer ou fazer, então, como se lesse meus pensamentos, ele falou primeiro:
-Como se sente? 

Meu pai era um homem que não costumava demonstrar seus sentimentos, então, desde pequena, aprendi a ler seus pequenos gestos, para decifrar o que estava realmente sentindo. Naquele momento, ele carregava um leve ruga de preocupação na testa e entrelaçava os dedos, isso queria dizer que estava nervoso:
-Melhor... Foi apenas um grande susto. - Acariciei a barriga, senti os bebês se mexerem. 
-Sua mãe e sua irmã me explicara tudo sobre... essa doença que você tem. - Sem pedir permissão, ele veio e sentou-se juntinho a mim, mas não me tocou.
-É, descobri a pouco mais de um mês e como pode ver, minha vida mudou radicalmente. 
-Ela também me explicou os motivos pelos quais veio morar aqui. - Agora ele encarou o chão, talvez estivesse descontente, não consegui decifrar. 
-Era o melhor a se fazer, tenho que estar onde o pai dos meus filhos esta. - Meu tom de voz pareceu amargurado demais. 
-Quero que saiba que as portas lá de casa sempre estiveram e sempre estarão abertas pra você. - Ele voltou a me olhar.
-É pai, mas as portas estarem abertas só pra mim não basta. - Quis me referir aos bebês dizendo isso.
-Para você, para Luan e para... Meus netos. 

Paralisei ao ouvir aquilo, ele tinha dito mesmo "meus netos"? Eu ouvi direito?... Seja como for, ele respirou fundo e continuou:
-Acho que fui duro demais com você aquele dia, mas fui pego de surpresa, você sabe como sou, sabe o que sonhei para você, para Antonela... - Fiz cara de repreensão e ele entendeu - Eu sei, eu sei, não vamos voltar nesse assunto, você fez suas escolhas, eu sempre respeitei isso e errei agindo daquela forma. - Parecia extremamente difícil para ele admitir aquilo. 
-Mas porque só agora pai? Porque somente agora admitiu seu erro, sabe quantos meses se passaram? - Perguntei já querendo chorar. 
-Foi difícil para mim, ainda é... Eu achei que você voltaria lá, poderíamos conversar, mas você não voltou. - Ele encarou o chão novamente.
-E mesmo depois de saber que eu estava doente, que tive que abandonar meu trabalho, que meus bebês estavam correndo perigo, não foi capaz de engolir o orgulho e vir até mim! - Uma lágrima finalmente escorreu, a dor era grande ao falar aquilo em voz alta. 
-Eu quis vir... mas... - Ele não sabia o que dizer. 
-Mas é orgulhoso demais não é? O que te fez vir aqui hoje então? Achou que eu fosse morrer? Ou minha mãe lhe ameaçou de alguma forma? - Falei com muita raiva.
-Não minha filha, eu vim porque fiquei preocupado, eu sempre me preocupei com você! - Ele se desesperou.
-Será mesmo pai? Tenho as minhas dúvidas. 
-Você não em entende... 
-Você que não me deixa te entender pai. - Supliquei. 

Silenciamos por um longo tempo. Foi então que ele me surpreendeu, levantou-se e caminhou em direção a porta, foi ai que perguntei:
-Onde vai? 
-Embora. Você não vai me perdoar. 
Aquilo pesou como se um muro de concreto caísse sobre mim. Tudo que eu não precisava naquele momento era continuar brigada com meu pai e sabia que naquela conversa meio torta, ele teve a melhor das intenções, queria mesmo se desculpar, estava sendo sincero:
-Ah pai - Suspirei - Vem cá vai. 

Estendi os braços lhe pedindo um baraço e ele o fez, abraçando a mim e aos gêmeos e ficamos assim, abraçados por mais um longo tempo. Como poucas vezes na vida, percebi que ele estava emocionado:
-Me perdoa filha, me perdoa... - Repetia isso várias vezes.
-Esta tudo bem agora. - Disse apenas isso.
-Eu juro que não queria...
-Esqueça! - O interrompi - Vamos virar essa página ok? Fingir que nada aconteceu. 
-Eu amo você, sempre vou amar. - Ele acariciou meu rosto.
-Também amo você. - Sorri.

Ele me olhou por uns instantes, depois voltou o olhar para minha barriga, então, entendi o que ele queria:
-Quer sentir? - E antes mesmo dele responder, peguei sua mão e coloquei ali, bem na hora os bebês se mexeram de novo e ele me olhou maravilhado.
-A ultima vez que senti uma coisa assim foi quando sua mãe estava esperando Antonela. - Ele confessou.
-E o que esta sentindo agora? - Mordi o lábio, temendo a resposta.
-Uma coisa boa, muito boa. - Sorrimos juntos - Será que vão dar conta de dois bebês? 
-Me pergunto isso todos os dias. 
-Óh mais que besteira a minha, é claro que vão ter várias babás, afinal, seu marido é milionário. - Aquela frase soou engraçada, "Luan, meu marido milionário"
-Nos vamos nos casar, direitinho, como o senhor sempre sonhou. - Aproveitei a deixa - Só estamos esperando essa tempestade passar e os bebês nascerem. 
-Agora me dei conta de que... O que é um papel perto disso aqui? - Ele continuava com a mão em minha barriga - Isso mesmo, nada! 
E depois de ouvir aquilo, eu não precisava mais de nada. Aquela frase foi a prova de que estávamos bem de novo, ou, bem melhor do que antes. 

Quando a noite caiu, minha família decidiu que ia embora. Queria ficar mais comigo, mas meu velho pai não gostava de incomodar, nem de passar muitas noites longe de casa, mas antes de sair, deu um tapinha nas costas de Luan e disse:
-Sei que ela está em boas mãos. 
Antonela foi embora emburrada, queria ficar mais. Mesmo assim, prometeram que voltariam e eu não cobrei nada deles, sabia que fariam tudo ao seu tempo. 

Jantei no quarto mesmo e Luan me fez companhia - me fez também limpar o prato. Depois, acomodou-se juntinho a mim como sempre fazia, acariciando minha barriga:
-Não tinha show hoje? - Perguntei. 
-Tinha, mas transferi pra semana que vem, por motivos óbvios. - Ele deu de ombros. 
-O que a imprensa está falando sobre nós? 
-Muitas coisas, uns fazem alarme demais, outros não. Mas os fãs estão comovidos, mandando mensagens positivas e fazendo orações, enquanto você falava com seu pai, estava agradecendo a todos. 
-Hum, porque não tiramos uma foto, pra mostrar que está tudo bem? - Deia  ideia e ele se surpreendeu, sabendo que eu não era muito de me expor, mas aquela era uma causa nobre.

Então, fizemos a foto onde aparecíamos eu, Luan, ambos com as mãos sobre os gêmeos e até Penélope também. Ele escreveu uma legenda tranquilizadora e postou:
-Pelo visto você e seu pai se acertaram... - Ele falou ainda entretido com o celular, mas mudando totalmente de assunto.
-É, conversamos do jeito dele. - Sorri lembrando.
-Ele até me tratou diferente, fez algum milagre? - Luan largou o celular e me olhou sorrindo. 
-Talvez... - Brinquei.
-Você é muito linda sabia? - Ele chegou mais perto, me olhando nos olhos, sua boca quase na minha.
-Sério? Nem me dei conta disso. - Continuei a fazer graça.
-E além de tudo ainda tem senso de humor, acertei na loteria com essa mulher. - Ele selou meus lábios rapidamente.
-Acertou mesmo. - Lhe retribuí o beijinho rápido - Estou feliz sabia? - Mudei de assunto.
-É, porque? 
-Porque consegui sair bem de tudo que aconteceu, os bebês estão bem, fiz as pazes com meu pai e de quebra ainda ganhei uma noite todinha com você, e olha que isso é coisa rara em! - Sorri.
-Ah, tem mesmo razão de estar feliz, então me aproveita porque essa noite eu sou todinho seu. - Ele chegou mais perto. 
-Não tem nada melhor do que dormir sentindo seu cheirinho a noite toda, seu calor.. - Cheirei seu pescoço.
-Penso a mesma coisa. - Ele respondeu baixinho.
-Promete que vamos ficar velhinhos juntos? Assim, dormindo abraçadinhos, sentindo esse mesmo cheiro? - Não sei porque falei aquilo, apenas me deixei levar.
-Prometo meu amor, esquentando um ao outro, pelo restinho da eternidade. 

E depois de dizer isso, ele fez com que eu o olhasse e me deu um beijo doce e cheio de amor. Depois disso, ficamos em silêncio até pegar no sono - o que não demorou muito por ele ter passado a outra noite toda em claro - e assim, passamos a noite do jeito que eu gostava, abraçadinhos, dividindo o mesmo cheiro, o mesmo calor, o mesmo amor. E era assim que eu queria viver para sempre, ao lado dele. 
...
Na manha seguinte, quebrando minhas próprias regras de vida, acordei cedo e levantei fazendo o maior esforço para não acordar Nicolle que parecia dormir tranquila. Me vesti e como era de nosso costume, escrevi um bilhetinho antes de sair, para romantizar minha fuga e para que ela não ficasse preocupada:

"Meu amorzinho, 


Tive que sair cedo  preferi não te acordar, você merece todo o descanso do mundo além de ficar absurdamente linda dormindo. Mas como não podia sair assim sem dar satisfação, deixei esse bilhetinho para romantizar seu dia e avisar que estou preparando uma surpresa pra você. 
Não se esqueça de que te amo um milhão de vezes mais a cada minuto que passo longe de você.
Me espere ai quietinha, prometo que vai gostar da surpresa.
Beijos, 
Do seu Luan. "

[Continua]





Entããããão
Nic fez as pazes com seu pai, 
isso é bom. 
Mas e aí, que surpresa será essa que Luan está aprontando? 
Em? Em?
Palpites? 
Quero saber;

Estou sentindo falta das minhas LEITORAS FIÉIS!
Onde vocês estão?
Sumiram de mim?
Os capítulos estão ruins? É isso?
Preciso saber =/

Em fim, é isso..

Beijos

Mayara
@Luansmyway

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Capítulo 125

[...]

-Onde está minha filha? - Dona Alice, minha sogra, veio diretamente a mim, parecia desesperada. 
-Vimos na internet, está em todos os sites. - Antonela chegou perto explicando.
-Porque não nos avisou nada rapaz? - Por fim, Saulo, o pai de Nic me perguntou sério.
-Desculpem, eu nem pensei nisso, só queria que ela ficasse bem. - Respondi - Ela está melhor agora, descansando, não pode receber visitas ainda. 
-Mas eu sou a mãe! Isso não conta? - Alice parecia desesperada - Eu preciso vê-la! 
-Venha Alice, vou lhe explicar tudo... - Minha mãe interveio tentando acalmá-la. 
-Ela está mesmo bem? Pode me falar a verdade. - O carrancudo pai de Nicolle me perguntou depois que sua esposa saiu. 
-"E desde quando você se importa, se brigou com ela quando soube da gravidez?" - Tive vontade de respondê-lo assim, mas uma briga naquele momento seria péssimo - Não seis e sabe, mas ela sofre de pé-eclâmpsia, só vai ficar realmente bem depois do parto, mesmo assim, está melhor. - Falei seco. 
-Eu sei o que ela tem, Alice me contou e sei também que é bastante grave. - Ao dizer aquilo, sua expressão mudou completamente, parece extremamente preocupado. 
-É, infelizmente. - Minha garganta apertou. 
-Preciso muito vê-la. 
-Eu sei que precisam muito conversar, mas acho que esse não é o melhor momento... Ela não pode assar por emoções fortes, está exausta... - Ele me encarava seriamente, tentei usar outras palavras - Eu sei que não sou ninguém para dizer se deve ou não falar com sua filha, mas só estou pensando no bem dela. 
-Vou esperar. 
Disse apenas isso e foi se sentar, junto de sua mulher a qual minha mãe oferecia água a tentava fazê-la ficar calma. 

Olhei para um dos cantos da sala e vi Antonela em pé, parecia analisar a todos e situação. Ao olhar para o rosto dela, me lembrei imediatamente da noite em que Nicolle a levou ao show - ou melhor, a usou como pretexto parar ir atrás de mim - e imediatamente sorri com a lembrança boa, então, fui até ela:
-Ei, não vai dar nenhum abraço no seu cunhado? - Sorri para ela que logo veio me abraçar. 
-Estou preocupada com a Nic e os bebês, ela está mesmo bem não é? - Ela falou baixinho, ainda dentro do meu abraço.
-Ela está sendo forte, eles estão bem, eu não mentiria para você. Até porque é esperta demais, descobriria logo. - Tentei distraí-la. 
-É verdade. - Agora tinha saído do abraço e me olhava com meio sorriso - O que foi que meu pai lhe disse? Se foi ruim, esqueça. No fundo o velho está se descabelando de preocupação e também culpa, porque ele e Nic não estão se falando.
-Não disse nada demais. Mas me diz, ele não gosta muito de mim né? - Cutuquei-a brincando.
-Você pegou uma das "princesinhas" dele, a engravidou e levou pra morar com você, o que queria que ele fizesse? - Ela respondeu com seu ar sapeca, sorri.
-Ah, entendo. 
-Não é porque é um astro sertanejo que vai ter colher de chá, mas sou capaz de dar um braço que quando os gêmeos nascerem, ele muda. 
-Tomara que você tenha razão. 
Passamos a noite todos ali, mesmo depois de toda a insistência de meus pais para que a família de Nicolle fosse para nossa casa e voltássemos todos pela manha, ninguém quis sair de lá. 
...
Mesmo estando ali naquela cama de hospital, respirando com a ajuda de aparelhos e me sentindo extremamente dolorida e exausta, eu sabia que o pior tinha passado de uma certa forma. Meus bebês estavam bem e isso era o que importava - fiz questão de perguntar isso a Marcela repetidas vezes e Luan também me disse, ele jamais mentiria para mim - então, só queria dormir um pouco e sair logo dali. 

Mas quando peguei no sono, foi para sonhar com Lorenzo e Cecília, e confesso que estava ansiosa pelo desfecho da história deles também...

"Mais dias se passaram, e com isso, o segundo prazo que o senhor Ferreira deu para Lorenzo pagar a dívida se esgotou. Nesses dias, ele conseguira juntar apenas um terço do dinheiro e estava desesperado por dentro, mas não deixava isso transparece de jeito nenhum a sua Cecília que irradiava felicidade por estar casada com o homem que amava, totalmente inocente de tudo que estava acontecendo. 

Naquela noite, depois de se amarem muito, Cecília estava deitada no peito de seu aviador, passeando os dedos ali e percebeu que ele estava silencioso, olhando fixamente para o teto, pensativo:
-Lorenzo. - Ela raramente o chamava pelo nome, isso o fez despertar.
-Diga meu amor. - Ele a olhou.
-O que você tem? - Perguntou séria, se apoiando em um dos cotovelos para olhá-lo melhor.
-Não tenho nada. - Ele se fez de desentendido - Aliás, tenho sim, muito amor por você. - Ele a puxou para perto, mas ela o impediu. 
-Esta com algum problema e não quer me contar? Você parece distante, disperso, e não é assim normalmente. 
-Não tenho nenhum problema menina, deixe disso. - Ele beijou seu pescoço, tentando fazer com que ela esquecesse aquela conversa.
-Não é de hoje que está assim, mas tudo bem se não quer me contar, a verdade sempre aparece aviador e se eu descobrir que me escondeu alguma coisa, vamos ter problemas. - Ela o olhou ameaçadoramente. 
-Eu adoro quando você me ameaça assim, parece tão firme, tão brava, mas eu sei como amansar essa ferinha. 
Disse isso e fez com que ela deitasse, prendendo o corpo dela com o seu. Cecília tentou permanecer firme, mas logo cedeu aos beijos de seu marido que sabia como manipulá-la, porém, isso não queria dizer que ela esqueceria aquela história, não mesmo. 

Na manha seguinte, Quando Lorenzo chegou ao seu trabalho, Ferreira já estava a sua espera:
-"Buenos dias" Lorenzo! - Cumprimentou cheio de sarcasmo. 
-Aqui está, foi só isso que pude arranjar por enquanto, prometo que lhe pagarei o resto assim que puder. - Sem mais delongas, Lorenzo entregou um envelope amarelo com um terço da dívida. 
-Mas aqui não tem nem metade do que me deve rapaz! - Ferreira reclamou ao contar o dinheiro. 
-Senhor, foi o que consegui, mas prometo que...
-Pare de fazer promessas! - O homem se irritou - O que acha que sou? Um moleque? Acha que trabalho com prestações? 
-Não tenho o que fazer, vai ter de esperar! - Lorenzo perdeu a paciência. 
-Não acha que já esperei muito? - Silêncio - Pois eu acho, depois não diga que não lhe avisei aviador, vai se arrepender de ter tentado me passar pra trás. 
-Ferreira, espere, me dê mais tempo e... 

Mas Ferreira já tinha lhe dado as costas e ido embora, mas a ameaça que fez ficou martelando a cabeça de Lorenzo. O que será que ele ia fazer? ... Sentiu vontade de voltar para casa na mesma hora para proteger sua Cecília, mas não podia, tinha de trabalhar:
-"Se ele tiver mesmo que fazer algum mal, vai fazer a mim, não a ela." - Pensava para tentar se acalmar. 
...
Na manha seguinte, Marcela veio nos avisar que Nicolle tinha acordado e se sentia melhor. Foi então que sua mãe pediu desesperadamente para ver a filha, mas a doutora só permitiu que uma pessoa entrasse, por conta das emoções, sendo assim, o pai de Nic teve que esperar um pouco mais. 

Também naquela manha, minha equipe tratou de acalmar a imprensa, divulgando uma nota que contava por alto tudo que estava acontecendo com Nicolle, falava da pré-eclâmpsia e os tranquilizava. Agora todo o Brasil sabia pelo que estávamos passando e eu não tinha certeza se isso era bom ou ruim. 

Na parte da tarde, Nicolle teve alta, mas antes, eu ela e Marcela tivemos uma pequena conversa:
-Então, novas regras a partir de agora - a médica começou a falar - Isto aqui é um medidor de pressão portátil, ele é bem simples, funciona a bateria e você vai, a qualquer custo, mesmo que esteja em marte, medir sua pressão todos os dias, pela manha e antes de dormir. Me disse que se sentia maravilhosamente bem ontem antes de tudo acontecer e é exatamente por isso que tem que ficar mais atenta. Vai verificar todos os dias, pela manha e a noite e vai me ligar se um pontinho estiver fora do normal, entendeu? 

Ela perguntou enquanto entregava o aparelhinho a Nicolle:
-Entendi. 
-Me disse que está caminhando quando se sente melhor? Isso é bom, quando disse que repousasse, não disse para ficar deitada 24 horas, apenas a proibi de esforços, trabalho, ou loucuras, mas um pouco de exercício é bom pra circulação, pra respiração, pro peso também.... 
-Tenho uma pergunta. - Nicolle se manifestou - Vou perder todo esse peso depois do parto não vou? Diga que sim pelo amor de Deus. 
-Claro que vai, porém, vai ter que se empenhar um pouco, gosta de malhar? - Ela sorriu para Nic que fez careta - Continuando, é provável que sintomas como a dor abaixo da costela, as luzes na visão, a dor de cabeça forte e tudo isso apareça novamente, é importante que me procure imediatamente, mas vamos torcer para que não precise. Agora, fique mais atenta, se sentir náuseas ou chegar a vomitar e também beba bastante liquido, quanto mais fizer xixi melhor. Já sabe o que deve comer não é? 
-Tenho mais uma pergunta. - Nicolle falou - Andei lendo sobre o assunto e queria saber se vamos ter que antecipar o parto... - Senti ela se encolher e apertar minha mão.

Marcela nos olhou e suspirou por um instante, então respondeu:
-Tudo depende dos próximos dias. De qualquer forma não podemos fazer um parto antes de 7 meses de gestação. O ideal seria esperar ao máximo, mas caso precise, sim, faremos o parto antes da hora. 

Ao ouvir isso Nic me olhou, como se buscasse em mim uma solução para aquilo tudo, e eu realmente tive vontade de ter poder suficiente para fazer isso, mas não tinha, então, tentei transferir minha força para ela:
-Vamos ser positivos ok? - Marcela tentou sorrir - Vai dar tudo certo, já estamos quase lá, você me surpreende a cada dia Nicolle, é uma guerreira, tenho certeza que vai aguentar mais 2 meses. - Marcela tomou a mão de Nicolle.
E depois disso, nos despedimos, finalmente voltaríamos para casa. 
...
Vencemos mais uma batalha daquela guerra dura e difícil. Agora eu me sentia melhor, respirava melhor e senti os bebês mais quietinhos dentro de mim. Andei devagarinho, me apoiando em Luan, mesmo assim, estava feliz em sair do hospital e  poder voltar para casa. Foi aí que me depare com toda a família - Minha e de Luan - ali, a minha espera e fiquei feliz em saber que todos estavam ali comigo. 

Minha mãe já tinha me adiantado que meu pai também estava lá, mas confesso que só acreditei quando o vi. Ele não teve a oportunidade de me abraçar pois os outros se encarregaram disso e na hora de seguirmos para casa, fomos em carros diferentes. 

Quando finalmente chegamos, Luan me levou imediatamente para me acomodar em seu quarto,todos nos seguiram é claro, perguntando constantemente como eu estava e se queria alguma coisa. 

Foram preciso algumas horas para que eu e meu pai ficássemos realmente sozinhos, iniciou-se ali nossa conversa e eu realmente não sabia o que esperar. 


[Continua]




Meus nenéns...
(Sou muito carinhosa com vocês né? hahaha' )
Em fim...
Nic teve alta e teve um sonho, 
Lorenzo continua com problemas, 
e agora? 
E essa conversa de Nicolle com seu pai em? 
Mais briga ou reconciliação? 

Aguardando os comentários de vocês ;)

Beijokas
Mayara
@Luansmyway

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Capítulo 124

[...]

Quase não pude suportar quando a vi fechando os olhos, sua mão que antes apertava a minha mesmo fracamente, agora perdera o pouco de força que ainda tinha. Aconteceu exatamente como nos filmes, quando tudo a sua volta viram vultos sem importância e seus olhos se ligam apenas em uma coisa, no meu caso, os meus estavam completamente vidrados em Nicolle, ali naquela maca, inconsciente. 

Tive que soltar sua mão enquanto os enfermeiros corriam apresadamente com ela para dentro. Foi aí que meus olhos procuraram Marcela, dei um passo largo em direção a ela, segurei em seus ombros e perguntei:
-Ela vai ficar bem não vai? Os bebês vão ficar bem... - Minha voz soou aguda e desesperada. 
-Vamos fazer de tudo, fique calmo, lhe dou notícias assim que puder. - Ela me olhou transparecendo sinceridade, colocou uma das mãos sobre a minha em sinal de apoio e depois correu para a sala pra onde levaram minha Nicolle. 

Caí sobre a primeira cadeira que vi, senti a presença de meus pais ao meu lado, mesmo assim, não conseguia falar, nem pensar em nada. Só queria que tudo aquilo acabasse, só queria voltar para casa e levar Nic comigo, só isso. 

A movimentação no hospital era mais ou menos intensa, ouvi meus pais dizendo alguma coisa, mas não prestei atenção. Percebi pessoas curiosas a minha volta, mas nada disso me importava, eu só conseguia fazer várias perguntas a mim mesmo:
-"Ela estava tão bem esta manha, melhor do que muitos outros dias, como isso pode acontecer." 

Não demorou muito para que Marcela voltasse para falar conosco, talvez tenham se passado uns 40 minutos. Assim que a vi, tentei encontrar pistas em sua expressão, mas ela tinha no rosto aquele mesmo olhar compadecido de sempre e antes que eu perguntasse, ela respondeu:
-Nicolle conseguiu recobrar os sentidos, mas achei melhor sedá-la, estava muito agitada. A princípio a pré-eclâmpsia atingiu seu segundo estagio, considerado grave. A pressão dela subiu demais, entupindo os vasos sanguíneos... Bom, em uma linguagem mais simples, tudo se complicou um pouco mais. 
-E os bebês? - Minha mãe quem perguntou, estava angustiado demais pra falar.
-Fizemos uma ultrassonografia agora e felizmente nada aconteceu com eles, estão perfeitamente bem, talvez um pouco agitados, eles sentem o que Nicolle sente, mas estão bem. - Marcela sorriu sofregamente. 
-Quando ela vai acordar? - Perguntei finalmente.  
-Dentro de algumas horas. Mas acho que vai ter que ficar por aqui um ou dois dias.
-Ela parecia tão bem, acordou disposta, caminhamos um pouco... - Minha mãe comentou - Não entendo. 
-Essa doença é silenciosa, ataca quando você menos espera. 

Todos silenciamos naquele momento, parecia que ninguém sabia direito o que dizer, mas Marcela continuou:
-Eles são mais fortes do que você imagina. - Ela segurou minha mão - Mesmo com o agravamento da doença, não tenho dúvidas de que vão sair bem dessa. Daqui 3 meses vai estar com seus bebês no colo, lindos e saudáveis. 
-Deus lhe ouça. - Falei apenas isso. 

As horas escorreram lentamente, num piscar de olhos a imprensa já sabia de tudo e tomou conta da frente do hospital, logo Ju também ficou sabendo e veio correndo nos prestar sua solidariedade e confesso que ela foi essencial, uma amiga de verdade:
-Hey rapaz, levante essa cabeça, pare de agir como se alguém estivesse a beira da morte! - Ela falou com toda a sua leveza - Minha amiga esta bem, Juninho e Joãozinho também, só estão dormindo um pouco, Nicolle sempre foi dorminhoca e dizem que as grávidas tem duas vezes mais sono do que as mulheres normais. - Ela afagou meu ombro, tentei sorrir de seus comentários.
-Juninho e Joãozinho? - Perguntei, erguendo o olhar como ela mesma mandou.
-É, até hoje vocês não escolheram um nome pra esses meninos. 
-Posso lhe garantir que não vão ser esses. - Sorri, já estava me sentindo um pouco melhor em sua companhia. 
-Tudo bem papai Panda. - Ela continuou a brincar. 
-Você gosta mesmo de apelidar as pessoas... 
-Gosto de dar graça a vida Luan, não deixo os problemas me abaterem e não quero que eles abatam você também cara! Aprenda uma coisa, pais de família nunca deixam transparecer suas preocupações, mas sim, muita confiança. - Sim, aquilo fazia total sentido.
-E quantas vezes você já foi um pai de família pra ter toda essa experiência? - Aquela foi minha vez de brincar.
-HÁ! É disso que eu estou falando. - Depois disso, nos abraçamos forte - Pode não parecer,mas Nicolle é mais casca grossa que todos nós aqui, ela vai ficar bem.
-Para mim ela ainda é aquela menininha desastrada que conheci, tão indefesa... - Meus pensamentos voaram longe.
-Não é! Ela é forte! Pare de tratá-la como um bibelô. - Ela falou séria - Ain, vocês não sabem nada da vida, vou ter que ensinar tudo. - Ela revirou os olhos e me arrancou mais um sorriso. 

Ficamos ali, enquanto as horas se arrastavam pela tarde a fora. Cada um fazia sua prece e silêncio, na esperança de ajudar de alguma forma, enquanto isso, tudo que eu queria era ficar ao lado de Nicolle e de meus filhos que estavam sozinhos em alguma daquelas salas, mas não podia. 

Rober também veio para lá, para no caso, ajudar com os repórteres ensandecidos querendo saber notícias:
-Vamos publicar uma nota oficial amanha cedo, até então ninguém vai falar, nem Luan, nem a família... Respeitem isso por favor. - Esses eram os argumentos que não adiantaram, a imprensa continuou lá, assim como publicando matérias as cegas na internet.

Somente no finzinho da tarde, Marcela anunciou que Nic tinha finalmente acordado e eu logo corri para vê-la e quando finalmente a encontrei, senti uma imensa vontade de tirá-la dali. Estava respirando com a ajuda de aparelhos, seus batimentos cardíacos eram controlados, seu rosto estava pálido e cansado. Estava deitada, virada para o lado esquerdo como Marcela sempre recomendou e reparei que uma das mãos estava sobre a barriga, como quem segura alguma coisa valiosa que não quer deixar cair jamais. 

De olhos lacrimejados, me aproximei, coloquei minha mão sobre a dela e me esforcei para sorrir:
-Ei meu amor, como se sente? 
-Cansada. - Respondeu baixinho, respirava com dificuldade. 
-Ainda sente dor? Ainda vê luzes e pontos? 
-Não, a dor passou, os pontos sumiram, acho que me aplicaram algum medicamento. - A cada frase que ela dizia, respirava fundo. 
-Juro que se pudesse trocaria de lugar com você. - Falei sem pensar, dominado pela emoção.
-Eu nunca deixaria que isso acontecesse, - Fez uma pausa - não suportaria ver você no meu lugar. 
-Eu amo muito você Nicolle, e admiro profundamente tudo que está fazendo por essa gravidez, outra em seu lugar já teria desistido. - Enxuguei uma lágrima que teimava em cair. 
-Também amo muito você e amo mais ainda esses dois que estão aqui dentro de mim, é por vocês tudo o que faço. Acho que agora entendo o sentido de "amor de mãe". - Ela tentou sorrir - Por falar nisso, como eles estão? Marcela falou algo?
-Estão perfeitamente bem, nada os atingiu. - Confessei orgulhoso.
-Ótimo, era só isso que eu precisava ouvir. 
Conversamos por pouco tempo, logo Marcela me tirou de lá alegando que Nicolle precisava descansar, então, mesmo sem querer, a beijei e saí, prometendo voltar. 

Não tinha mais muito o que fazer ali, mesmo assim, eu não arredaria o pé de lá enquanto não pudesse levar Nicolle e os gêmeos comigo. Então, quando a noite caiu, depois de muita insistência fui obrigado a comer alguma coisa mesmo sem estar com fome nenhum. Porém, de certa forma estava mais aliviado, ela tinha acordado, os bebês estavam bem e o futuro cuidaríamos quando chegasse a hora. 

Marcela disse também que quando ela se sentisse melhor, teríamos um alonga conversa sobre algumas coisas que mudariam a partir de agora. Mesmo assim eu estava confiante, depois de ver a garra de Nicolle para vencer essas barreiras. 

Eram mais ou menos 20:30 da noite quando tivemos uma surpresa. Avistei a família de Nicolle adentrar o hospital, mas não eram só Antonela e Alice sua mãe, mas Saulo, seu pai, também estava junto e naquele momento, eu não sabia direito se gostava ou ficava com medo daquilo. 
[Continua]




Anjos, 
Depois de muito terror, 
Nicolle esta ... Não dá pra dizer que está bem né, mas...
está levando. 
Só que sua família chegou ao hospital, 
ou melhor, seu pai, com quem ela está brigada a meses, 
está lá!
O que será que vai acontecer? 

Luan reinou narrando o capítulo hoje né? 
kkkk' 
Mas nos próximos, aguardem mais emoções,
fortes eu diria.
Logo Logo, Lorenzo e Cecília e também Vó Amélia, 

Aguardem!

Beijos
Mayara
@Luansmyway

terça-feira, 27 de maio de 2014

Capítulo 123

[...]

Ele não precisava dizer nada, seu sorriso já me dizia tudo que eu queria ouvir. Aquele sorriso me transmitia paz, segurança, amor, e acima de tudo, força e vontade de vencer. Não só por mim e pelos bebês, mas era também por ele, por ele que eu estava lutando, porque ele depositou toda sua confiança em mim, acreditava que íamos conseguir e isso já era mais que suficiente:
-Flores para uma flor! - Falou por fim, sentando-se junto a mim e me entregando os girassóis.
-Você sempre tem que estragar tudo com esses seus clichês. - Sorri e cheirei as flores. 
-Você me ama porque sou clichê, eu sei disso. - Ele falou bem próximo a minha boca e em seguida, me banhou com o beijo mais doce e amoroso do mundo. 
-Senti tanta saudade... - Falei baixinho, tocando seu rosto. 
-Eu também... Eu sempre sinto. - Ele selou meus lábios de novo - Mas me conte, como está? E nosso pequeninos? - Instintivamente ele tocou minha barriga, os "babys" se mexeram. 
-Agitados como pode ver, e eu, cansada como sempre. - Fiz careta.
-Falou com a Marcela? - Ele me olhou preocupado.
-Tenho falado com ela quase todos os dias. - Confessei.
-Hum. - Ele aproximou o rosto de minha barriga e disse - E aí carinhas, que tal deixarem a mamãe quietinha um pouco em? 
-Não! - Falei depressa - Deixe eles se mexerem, é como se me dissessem que estão bem. 

A expressão de Luan mudou ao ouvir aquilo, vi um fio de pena passar em seus olhos e em seguida ele me abraçou forte, afagou meus cabelos e disse:
-Eles estão bem, vão ficar bem, tudo vai ficar bem. 
-Eu sei, tudo vai ficar bem. - Repeti.

Depois daquele momento meio nebuloso, ele acomodou-se ao meu lado e pediu que lhe contasse como tinham sido os dias em que ficou longe, também me contou tudo que tinha feito enquanto brincava com os nós dos meus dedos - Ele tinha aquela mania - e assim ficamos por toda a tarde. 

A noite, dormimos cedo, agarradinhos. Não tinha sensação melhor do que sentir o calor dele por toda a noite. Bem no fundo de mim eu tinha um sonho, que até hoje não sei se era bom ou ruim, mas queria que Luan dormisse todas as noites comigo, em casa. Mesmo depois de 11 meses juntos eu ainda não entendia que seu lugar era no mundo, brilhando em cima dos palcos. Eu achava isso fascinante, desde o começo, mas também o queria para mim e talvez levasse muito tempo para eu me acostumar com aquela rotina. 

Na manha seguinte, acordei mais disposta, parecia que aquela noite ao lado de Luan tinha me renovado as energias. Aliás, eu sempre soube que sua presença me trazia tudo de melhor que podia sentir. 

Pela manha, enquanto ele ainda dormia, caminhei um pouco pelo condomínio junto com minha sogra, para fazer um pouco de exercício, seria bom pra circulação sanguínea, conversei com uns vizinhos que estavam ansiosos para o nascimento dos filhos de Luan Santana assim como todo o Brasil. 

Quando voltamos, Luan já estava de pé, ou melhor, dentro da piscina, nadando lindamente. Me arrepiei só de olhar e fiquei a uma distância segura da piscina:
-Nem vou me dar ao trabalho de te chamar pra um mergulho. - Ele sorriu, o sol batia em seu rosto, ele parecia brilhar, nunca tinha visto nada tão bonito. 
-Poupe seu tempo meu caro, já sabe a resposta, ainda mais agora, com todo esse peso vou afundar e nem meu super herói será capaz de me salvar. - Brinquei.
-Odeio quando você fala isso. - Ele se fez sério - Mas quero lhe avisar que assim que meus filhos nascerem, vou ensiná-los a nadar e a gostarem de água como eu. 

Ao dizer isso, ele saiu da água, sacudiu os cabelos e me olhou, o mundo todo pareceu parar naquele momento, como eu o amava:
-Apoio totalmente, quero que eles sejam exatamente como você. - O encarei enquanto se aproximava.
-Eu ia mesmo gostar se  parecessem comigo. - Ele deu meio sorriso, m tomou pela mão e fomos nos sentar a sombra - Principalmente se cantarem. - Começou a se enxugar com uma toalha branca.
-Ju disse que eles serão uma dupla... sertaneja é claro. - Sorri lembrando.
-Já pensou? - O rosto dele se encheu de alegria - Morro de orgulho se isso acontecer. 
-E eu de saudade! - Protestei - Meu marido e meus filhos viajando pelo mundo e eu sozinha em casa. 
-Espera, falou "meu marido"! - Ele se ateve a esse detalhe, nem percebi. 
-Falei? 
-É, você falou, meu marido. - Ele aproximou seu rosto do meu.
-Nem percebi, posso corrigir se...
-Não, não, eu gostei de ouvir. - Selinho - Gostei muito. - Ele sorriu.
-De certa forma, se moramos juntos... - Fiquei sem jeito de terminar.
-É, mas assim que os gêmeos nascerem, vamos casar de verdade, bonitinho! 
-Vamos sim. - Concordei e beijei-o.

Nossa ligação era muito maior do que tudo, íamos ter dois filhos, já morávamos juntos, fora aquele amor inexplicável e incondicional que sentíamos. Casar seria apenas uma formalidade perto de tudo que tínhamos, mesmo assim, prometi a mim mesma que faríamos tudo direitinho, do jeito que ele queria:
-Será que ainda pode tomar um banho comigo? - Ele me perguntou, seu tom tinha mudado totalmente, a velha e boa malícia estava de volta, me senti desejada de novo. 
-Claro, hoje eu estou em sentindo maravilhosamente bem. 
E depois dali, fomos para um banho cheio de carinho e amor, como nos velhos tempos e pude ter certeza que mesmo depois de tudo, nossa chama continuava acesa e jamais se apagaria. 

Almoçamos todos juntos e ficamos reunidos falando sobre os planos de Luan para os próximos meses, ele parecia extremamente animado. Mas em um determinado momento, senti uma pontada lancinante abaixo das costelas e imediatamente minha visão começou a ficar turva, apareceram pontos, luzes, listras e tudo ficou embaçado, exatamente como na noite em que descobri ter a pé-eclâmpsia, a dor abaixo das costelas, no lado direito, aumentou, então gemi para Luan:
-Luan, liga pra Marcela, eu estou sentindo aquela dor abaixo da costela que ela falou - Lágrimas escorreram imediatamente - Meus olhos estão embaçados como... - Não consegui completar.

Num salto Luan pegou o celular e ligou para Marcela, minha sogra veio em amparar enquanto eu gemia com a dor. A cabeça também começou a doer, me desesperei, algo estava muito errado comigo, a doença estava piorando:
-Vamos para o hospital, Marcela já esta a caminho! - Luan falou determinado - Meu amor, consegue andar? 
-Acho que... sim. - Falei baixinho.
-Fique calma, Marcela pediu que ficasse acordada, por todo custo. - Ele me suplicou, estava vendo tudo embaçado e cheio de cores misturadas, terrível. 

Consegui caminhar até o carro, a dor era extremamente forte e eu dizia mentalmente: "Aguentem filhos, mamãe vai salvar vocês, fiquem fortes!" E foi repetindo isso na mente até chegar ao hospital. Esse tempo pareceu uma eternidade, minha visão continuava turva, mas eu me sentia tão bem naquela manha, como isso podia acontecer? 

Fiz de tudo para me manter acordada até que chegamos ao hospital. Eu chorava pela dor e chorava pelo medo do que poderia acontecer com os bebês. Queria em manter acordada para ver o que ia acontecer, mas estava cada vez mais fraca, mais fraca, mais fraca... A ultima imagem que vi foram vários enfermeiros me colocando em uma maca, ao meu lado, Marcela:
-Ei mamãe, vamos lá, não durma, tem que ficar acordada, vamos, você é forte! - Ela segurou uma de minhas mãos. 
Do outro lado, Luan desesperado, segurando minha outra mão:
-Eu amo você, vou ficar aqui todo o tempo, amo vocês! - Ele fez uma pausa, quis responder mais não tinha forças - Confio em você, cuide dos nossos pequeninos ok? Eu amo vocês. 

E foi mentalizando as palavras de Luan que mergulhei no inconsciente, sem saber se acordaria de novo ou não. 


[Continua]



Amoooores, 
antes de tudo, desculpem por não ter postado ontem.
Imprevistos! 
Mas em fim, prometo que vou compensar depois ;)

Sei que esse capítulo foi meio pequenino, mas meu tempo foi curto, também não queria faltar mais com vocês.. 
amanha vamos melhorar ok? 

Maaaaaaaaas,
Tudo estava bem, 
Nic e Luan no maior amor, 
mas de repente, 
tudo isso caiu por terra!
O que será que vem por ai? 
=x
Não perdem por esperar...

Beijos
Amo, amo amo vocês ;)

Mayara
@Luansmyway

domingo, 25 de maio de 2014

Capítulo 122

[...]

Quinta-Feira, 9:03 da manha...

Levantei, tomei um bom banho, vesti um vestido azul com estampa floral, larguinho na altura dos joelhos, no cabelos um rabo de cavalo e o rosto, tão natural quanto a aluz do dia, nada de maquiagem. Depois disso desci e encontrei uma mesa parcialmente posta de café da manha, recheada de coisas saudáveis, sorri:
-Bom Dia, como passou a noite? - Dona Mari me perguntava sorrindo, estava natural e linda como sempre. 
-Bom Dia, passei bem. - Sorri e ocupei um lugar a mesa. 
-Não lhe esperei para tomar o café porque... - mas naquele exato momento, a campainha tocou - Devem ser sua mãe e sua irmã, vou abrir. 

E eram mesmo elas. Enquanto minha mãe Alice cumprimentava minha sogra, levantei-me e fui até elas, foi nesse momento que Antonela me olhou como se eu fosse outra pessoa:
-Nic? - Perguntou de olhinhos arregalados, faziam 2 meses que não nos víamos. 
-Eu mesma. - Abri os braços sorrindo e ela veio me abraçar. 
-Cara, você tá muito diferente, ta... gorda! - Ela me olhou de cima a baixo e eu revirei os olhos. 
-Ah não me diga, tenho espelho por aqui, e não sei se save, mas espero Gêmeos Antonela. - Falei. 
-Cuidado, vai explodir antes dos nove meses. - Ela me apontou o dedo sorrindo - E como estão nossos meninos em? Oi bebês, a titia chegou! - Ela tocou minha barriga. 
-Ah filha, minha filha, você está linda, e essa barriga... Ah meu Deus, eu estou tão feliz! - Minha mãe me abraçou contente. 
-Obrigada, também estou muito feliz. 
-Já tomaram café? - Marizete perguntou - Vamos para a mesa, conversaremos lá. 

E assim, seguimos todos para a mesa. Antonela estava maravilhada com a casa, os móveis, os quadros, com tudo, mas nãos e esqueceu de perguntar:
-E o Luan? Cadê? 
-Viajando. - Respondi.
-Ah, jurei que ele ia estar aqui, estou com saudades. - Ela fez careta. 
-Venho me ver ou ver Luan? - Protestei brincando. 
-Primeiro meus sobrinhos, depois Luan, por ultimo você irmãzinha. - Ela respondeu e lhe mostrei a língua.
-Mas Nic, não foi trabalhar ontem, nem hoje, está acontecendo alguma coisa? - Minha mãe perguntou.
-Bom, é por isso mesmo que pedi que viesse aqui, para contar o que esta acontecendo. - Iniciei.

Setadas a mesa de café, minha mãe e irmã prestaram toda atenção enquanto contei tudo, desde a noite em que passei mal, a descoberta da pré-eclâmpsia, a saída do trabalho e a mudança para a casa de Luan, quando terminei, senti um enorme alívio, como se tivesse resolvido um grande problema e agora poderia seguir livre e leve. 

Minha mãe e minha irmã em olhavam perplexas, como se não acreditassem no que estavam ouvindo, e por fim falei:
-Então, é isso, espero que me apoiem e compreendam porque é disso que eu mais preciso no momento. - Depois, suspirei.
-Nicolle, isso tudo é... é... - Minha mãe não tinha palavras.
-Difícil de acreditar não é? Mas é a realidade. 
-Porque escolheu ficar aqui e não conosco? - Ela me olhava como quem olha para o vazio.
-Porque estou brigada com meu pai, porque minha vida toda está aqui, porque vó Amélia está aqui, porque minha médica está aqui, e principalmente, porque o pai dos meus filhos está aqui. - Falei firme.
-Ele não está aqui. - Ela rebateu, mas seu tom era calmo.
-Mãe... essa não é a questão, uma hora eu e Luan íamos morar juntos de qualquer jeito. 
-Eu sei disso, entendo seus motivos, mas eu queria... cuidar de você, eu sou sua mãe! - Vi seus olhos marejarem.
-Eu não tenho dúvidas disso, mas dona Marizete esta cuidando de mim, melhor do que possa imaginar. Não sabe como eu queria vocês ao meu lado, mas sei que não é possível. - Tomei as mãos dela.
-Eu me mudaria pra cá por você Nicolle. 
-E deixaria meu pai lá? Porque ele não viria nem ameaçado de morte, quanto mais para cuidar de sua filha grávida e doente que ele nunca aceitou. - Falei com remorso. 
-Ele é seu pai, não tem ódio de você como imagina, só esta esperando que tome uma iniciativa. - Ela explicou.
-Já disse que não vou tomar iniciativa nenhuma. - Eu não queria falar sobre aquilo, estava magoada com meu pai, mesmo depois de tanto tempo.

Silenciamos um instante, fitei Antonela e nunca tinha a visto séria daquele jeito, mas num determinado momento, ela quebrou o gelo dizendo:
-Mãe, a questão principal não é onde Nicolle esta morando, não é o que meu pai pensa, não é o trabalho, é a saúde dela! Será que não percebe? Ela esta com uma doença grave, que pode afeta-la ou aos bebês, isso não importa pra você? - Sim, minha irmã tinha toda a razão do mundo. 
-É claro que importa, importa muito! - Minha mãe protestou, ja chorava.
-Então pare de questionar! - Antonela parecia extremamente irritada - Ela está no lugar certo, está com o pai dos filhos dela, numa cidade grande, onde tem todas as possibilidades a suas mãos, quer mesmo que ela vá lá pra casa, pra quele fim de mundo?
-Mas...
-E não me venha com essa coisa de mudar para cá, meu pai nunca aceitaria e pare de pressionar minha irmã para falar com ele, ela não pode se estressar, não vê? Nicolle tem que pensar primeiro nela, nos bebês, tem que estar com Luan porque ele sim apoiou-a desde o começo, está junto com ela pra tudo, e o que foi que o papai fez? Virou as costas. E olhe só, essas pessoas estão muito mais preocupadas com o problema do que a própria família dela. 

Naquele momento, falando todas aquelas coisas, Antonela pareceu muito mais velha e mais experiente, mas só tinha quatorze anos, mesmo assim, me emocionei ouvindo suas palavras, ela estava coberta de razão:
-Ela não nos chamou aqui para pedir nossa opinião, ela chamou para comunicar suas decisões, apenas. - Ela finalizou.

O silêncio prevaleceu mais uma vez, minha mãe parecia digerir todas aquelas palavras, mas aceitou por fim:
-Antonela tem razão, desculpe. 
-Não tem que se desculpar. - falei baixinho - Eu amo você mãe, não se afaste de mim como fez o papai, por favor. - Pedi quase chorando.
-Eu nunca faria isso meu amor! - Ela me abraçou forte - E quando a doença, você vai sair dessa, tenho certeza, e logo vamos ver esses meninos correndo por aqui. - Ela me olhou sorrindo.
-É, isso mesmo. - Afirmei.
-Fiquei tranquila Alice, sua filha é nossa filha agora, estamos cuidando dela melhor do que ninguém, acredite. - Minha sogra interveio.
-Eu sei que estão, ela não ficaria em um lugar onde não é bem tratada. - Mamãe passou as mãos por meus cabelos.
-Agora porque não mostra a elas o resto da casa Nicolle? E conta nossos planos para o quartinho dos bebês. 
-É, vamos lá. 

E assim, mostrei toda a casa para minha mãe e Antonela que ficaram ainda mais maravilhadas com aquele lugar, depois, fomos para o quarto que seria dos gêmeos, mostrei como ficaria tudo, e contei sobre o carinho das pessoas, todos os presentes que já tinha ganhado e todos os planos que tínhamos. 

Naquele dia, minha mãe ficou para o almoço, e depois, se despediu pois antes de ir embora, ia passar na casa de repouso pra ver Vó Amélia, pedi a ela que contasse tudo - embora ela já soubesse - e que mandasse meus beijos que assim que pudesse, ia lá pra vê-la. Assim, depois de muitos abraços, beijos e recomendações elas se foram. Agora tudo estava resolvido e eu poderia me dedicar tranquilamente aos meus gêmeos e a minha saúde, sem preocupações.

E assim, mais um mês se passou...

Muita coisa aconteceu. Pra começar, minha bariga cresceu consideravelmente e mesmo seguindo a dieta a risca, também cresci. Engordei um pouco mais, 3 quilos pra ser mais exata, e nem preciso dizer que estava me desesperando, mas Marcela disse que isso era normal na minha situação e a tendencia era engordar mais até os nove meses. Eu me sentia constantemente cansada, pesada e cheguei a chorar várias vezes ao pensar que Luan não em acharia mais tão bonita quanto antes. Ele por sua vez, fazia questão de me elogiar todos os dias, dizendo sempre que me amava, para que eu não me apegasse a essas bobagens, mas era inevitável, minha auto estima estava indo pelo ralo. 

Durante esse mês tive dias bons e ruins, nos bons, aproveitei para - com a ajuda de Juliana - arrumar minhas coisas e trazê-las para a casa de Luan, juntamente com Penélope que até então estava na casa de Ju e agora fazia a festa com Puff, o cachorrinho da irmã de Luan. Também em um dia bom, saí com Marizete para comprar as coisas do quartinho dos gêmeos e é claro que os paparazzi não deixaram de nos clicar, e em suas matérias malvadas, enfatizaram mais uma vez meu ganho de peso. 

Minha barriga de 6 meses era visivelmente maior - assim como meu corpo - do que a das outras grávidas que não tinham pré-eclâmpsia. Mesmo assim, isso me fazia pensar que meus bebês seriam grandes e fortes ao nascerem, incrivelmente lindos também. 

Luan voltava pra casa assim que podia, em toda brecha, já que agora eu não podia mai lhe acompanhar. Sempre trazia presentes, seus e das fãs e me fazia, cada dia mais e mais feliz. E naquele dia, ele regressava de mais uma de sua viagens, eu estava no quarto descansando, aquele dia era um dos que eu chamava de "Dias ruins", estava casada, respirando com dificuldade e sentindo uma agitação desconfortável, mas por um instante tudo isso sumiu, quando ele adentrou o quarto com um buquê de girassóis nas mãos e um sorriso de anjo no rosto. 


[Continua]





Amores...
Felizmente a conversa de Nic com sua mãe terminou bem, né? 
Graças a Antonela, sempre salvando a pátria! 
haha'
Mas e ai, 
um mês se passou, 
e agora?
O que será que vai acontecer?
Mais turbulências estão por vir amores =x

Aguardem!

Beijokas
Mayara
@Luansmyway