Capítulo 1 - Além Dessa Vida

[...]

"Uma grande faixa branca pendurada entre dois postes na praça central indicava a chegada de um Novo Ano - "Feliz 1930" - e com isso a cidade estava em festa. A comemoração do ano novo tinha começado a noite anterior com a queima dos fogos e toda a tradição de sempre e prosseguia no primeiro dia do ano com o show dos aviões que cortariam os céus para entretenimento da população:

-Vem Cecília, quero ficar no alto da arquibancada pra ver os aviões! - a moça de cabelos avermelhados e sardas no rosto puxava a outra.
-Calma Bianca! - Reclamava sorrindo a que estava sendo puxada, de cabelos negros e vestido florido. 
E assim, sentaram-se no alto para ver o show dos aviões que foi incrível. Toda a cidade estava lá aglomerada pra vê-los e gritava a cada manobra arriscada que viam.

Ao final do show, a festa continuou em forma de quermesse, com barraquinhas de comida espalhadas por todos os lados e também muitas formas de entretenimento como tiro ao alvo e outros tipos de jogos que divertiam a todos.

E as duas moças também aproveitavam a festa, até que chegaram os rapazes, pilotos dos aviões para também participarem. Vestidos com seus macacões que os diferenciavam de todas as outras pessoas, acenavam e recebiam o carinho de todos que ali estavam:
-Olha Cecília, os pilotos! - Bianca mostrava para a amiga que estava de costas. 
E quando Cecília virou-se, de imediato, seus olhos encontraram os de um belo rapaz alto, um pouco forte, cabelos negros e pele branca. Ele por sua vez também estava com os olhos vidrados nela e assim se olharam por alguns instantes até sua amiga a tirar do transe:
-Ei menina, pelo menos disfarça ou ele vai achar que você é uma dessas moças fáceis que ele deve encontrar por ai. - Bianca a cutucou rindo.
-Ele é lindo... - Exclamou Cecília depois de baixar os olhos. 
-É verdade, tanto ele quanto os outros. - Bianca os olhou novamente de rabo de olho - Olha só, seu galã está vindo em nossa direção. 

E como Bianca havia falado, o rapaz estava mesmo chegando perto delas, pediu alguma coisa na barraquinha próxima e enquanto esperava puxou assunto com as moças:
-Estava pensando na possibilidade de ficar de vez por aqui, mas vendo essas moças tão bonitas agora não preciso pensar mais, vou ficar de vez. - O rapaz falou fazendo as meninas sorrirem mais sem olhá-lo nos olhos - Será que posso saber o nome das belezas? 
-Sou Bianca, está é minha amiga Cecília! - Bianca mais atirada, falou de vez. 
-Muito prazer Bianca! - o rapaz beijou a mão dela - Mas e você Cecília? Meu maior desejo nesse momento seria ouvir a sua voz. 
As bochechas de Cecília se avermelharam nesse momento, mas ela respondeu: - O que quer saber mais além do meu nome? - A mocinha respondeu com meio sorriso.
-Tem a voz tão doce quanto o rosto,bela Cecília. Mas respondendo, ainda quero saber muito sobre você então é justo que também saiba sobre mim, meu nome é Lorenzo Ferraro. - Agora sim ele beijou a mão de Cecília que ainda estava totalmente envergonhada. 
-Muito prazer Lorenzo! 

Olharam-se mais um pouco sem nada dizer e depois ouviu-se uma voz ao longe: 
-Ei, Lorenzo! Pare de jogar seu charme para cima das moças, não faz nem 10 minutos que estamos em terra. - Um de seus amigos também piloto zombava dele fazendo as moças sorrirem.
-Tenho que me juntar aos meus amigos garotas, mas espero vê-las mais vezes. - Ele acenou para as meninas. 
-Foi um prazer Lorenzo! - Bianca quem respondeu, Cecília ficou apenas a fitá-lo indo embora.
-Lorenzo Ferraro, será que ele é Italiano? - Bianca perguntava depois do rapaz estar muito distante - Não importa, ele gostou de você! 
-De mim?
-De mim é que não foi "Bela Cecília" - Bianca brincava com sotaque italiano. 
-Imagine, deve falar isso para todas por onde passa. - Cecília deu de ombros.
-Você também gostou dele!
-Eu Bianca? Só achei ele bonito ora e além do mais..."

"TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIN" 

O despertador tocou irritantemente alto me tirando do meu sonho. Desliguei o mais rápido que pude e levantei indo em direção ao banheiro desconfiada de que eu ainda dormia. Tomei um banho para despertar e enquanto isso, repassei em minha mente todo aquele sonho estranho. Saí e conforme  procurava o que vestir olhei para o grande calendário preso na parede, não prestei muita atenção na data, mas sabia que ainda era sexta feira e teria que enfrentar mais um dia de trabalho. 

Terminei de me arrumar, peguei minha bolsa e verifiquei se meu crachá estava lá dentro, finalmente o encontrei - Nicolle Andrade, Repórter e redatora - seguido de uma foto 3 por 4 horrível minha. 

A menos de um ano eu tinha terminado a faculdade de Jornalismo e trabalhava nos dos muitos jornais de São paulo, nem grande nem pequeno, mas foi o que consegui de imediato e supondo que eu trabalhava como atendente numa loja antes disso, meu emprego atual era o céu. Como estava no crachá, sou repórter e redatora, mas fico na redação muitas vezes pra ganhar um extra, e também porque amo escrever, mesmo que sejam matérias falando sobre assaltos, assassinatos ou até mesmo coisas bizarras que aconteceram.

Você deve ter percebido que eu não sou rica, é verdade, não sou. Moro em São Paulo fazem quase 5 anos, vim pra cidade para fazer minha faculdade pois antes disso eu morava com meus pais e minha irmã caçula no interior. Meu pai, Saulo, é fabricante de móveis e tem seu próprio comercio que não rende lá grande coisa, minha mãe Alice é dona de casa e minha irmã Antonela tem só 14 anos, ainda estuda. 

Mas como todo mundo na vida eu tenho sonhos, e na flor dos meus 22 anos, já realizei alguns, como me formar na profissão que amo. E meu principal sonho agora, diria até que o projeto da minha vida, é escrever um livro. Porém ainda não me sinto capaz de fazer isso, também não tenho uma grande história pra contar que vá arrebatar o país inteiro, então esse meu sonho vai ter que esperar. 

O que não pode esperar e Juliana que esta nesse momento na minha porta tocando a campainha freneticamente:
-Bom Dia Nic, Pronta? - Ju adentrou meu apartamento. 
Somos amigas desde quando me mudei para aquele prédio, ela mora com seu irmão Athos no AP de frente ao meu, também - por pura coincidência - cursamos toda a faculdade juntas, no mesmo curso e trabalhamos no mesmo lugar, além de sermos inseparavelmente melhores amigas pra sempre. 
-Ouvi a briga ontem a noite, o que o Diogo aprontou dessa vez? - Ju perguntou se referindo a minha discussão com meu namorado - ou melhor ex - na noite anterior.
-Você e o resto do prédio né? Terminamos. - Falei com raiava.

-Terminaram? Como assim? – Ela se surpreendeu.

-Estou cheia das galinhagens do Diogo, dessa vida dele de DJ, balada todo dia. Você sabe que isso não tem nada a ver comigo! – Falei em tom de revolta.

-Eu sempre soube. Nicolle, você é totalmente diferente do Diogo, em tudo. Ele é um DJ super badalado, vive na noite, e você uma menina caseira, que vive mergulhada nos livros, sonhando com o príncipe encantado.

-Mas, mesmo com tudo isso, no começo rolou alguma coisa sabe, uma paixão. Diogo tinha algo que me atraia, me prendia a ele. Só que agora, parece que nada mais existe.

-Garotas meigas sempre se apaixonam por bad boys, você não vê nos filmes? – O jeito como a Ju tratava as coisas era sempre aquele, sinceridade camuflada atrás da ironia – Mas e agora? Como vai ser?

-Vai ser como era antes de eu conhecê-lo, a um ano atrás. – Levantei indo em direção a porta.

-Não ficou nenhum sentimento?

-Acho que nunca existiu nenhum sentimento. Vamos? Chegar atrasadas de novo não dá! 

Seguimos para o trabalho em meu carro, sim, meu carro que eu ainda nem tinha terminado de pagar pois digamos que meu salário não era extraordinariamente bom e também não condizia com minha carga de trabalho. Mas é impossível cogitar viver dependendo de transporte público naquela cidade. 

No caminho, contei a Ju sobre o sonho estranho que tive antes de acordar e pra variar ela não deu a mínima, estava empolgada demais para contar que conheceu um cara que trabalha numa academia não sei aonde e que ela vai arrumar um tempo pra ir conhecer, coisa e tal. 

Assim que chegamos ao trabalho, nosso chefe nos mandou, uma para cada lado da cidade, ela cobriria um assalto a uma mercearia e eu um acidente de carro e assim passamos o dia separadas, mas o sonho não me saía da cabeça de jeito nenhum, aquele lugar antigo, pessoas com roupas de época, no ano de 1930, e aquelas pessoas, Cecília, Lorenzo e Bianca. Mas tive que desvincular minha cabeça disso pra me concentrar no trabalho. 

Perto dalí, depois de uma gravação para um programa de TV, Luan combinava com seus amigos uma balada mais tarde onde comemorariam o aniversário de seu personal trainer, Guto. Não teria show naquela noite e eles estavam completamente livres, por tanto, nada os impediria de cair na noite e se divertirem um pouco:

-E aí Luan, vai chamar a Erica pra ir com a gente? - Rober se referia a uma "Peguete fixa" de Luan, eles se encontravam quase sempre que ele estava em São Paulo. 

-Vô não cara! Tô querendo em afastar dela, já ta falando em coisa séria, relacionamento e tal... E eu não quero isso, pelo menos não com ela. - Luan falava com sinceridade. 

-Sei... Você que sabe, lá vai ter muita coisa nova! 

-É verdade, estou precisando de "coisas novas". - Ele fez aspas com as mãos e sorriu. 

No fim do dia eu e Ju voltamos pra casa:

-Vamos sair hoje? - Ela perguntou. 

-Não, definitivamente não. Tudo que eu quero é banho quente, cama e um bom livro. - Falei cansada.

-Livros, livros, a vida está la fora te esperando, não dentro dos livros! - Ju mandava seu discurso de sempre. 

-Me pergunto como você é uma Jornalista e não lê Juliana. 

-Claro que eu leio, mas não numa sexta a noite. Mas tudo bem, não vou insistir porque você terminou o namoro e esta na fossa sofrendo demais. 

-Nossa, sofrendo muito, como nunca! - Brinquei e rimos juntas - Falando sério, estou até me sentindo mais leve. 

-Imagino, tem certeza que não quer pegar todos na balada? Vai se sentir tão leve com isso que vaia char que está no céu. 

-Não obrigada, quem sabe outro dia. - Sorri abrindo a porta e ela a dela. 

-Tudo bem princesa Nicolle, se feche em seu mundo de livros e histórias românticas que eu vou para o meu onde existem realidades deliciosas de 1,80 e braços fortes me esperando. 

Ju era louca, completamente, mas eu gostava daquele jeitão inconsequente dela. Namoradeira que só ela, toda semana com um cara diferente, mas pelo menos é feliz desse jeito enquanto eu, perdi um ano da minha vida com um idiota. 

Naquela noite, enquanto juliana caia na farra eu fiz o de sempre, tomei meu banho quente, vesti um pijama confortável, vi minha novela, depois li até pegar no sono. Não sonhei a mesma coisa, aliás, nem lembro o que sonhei, só lembro que as 5:00 da manha, meu telefone tocou:

-Alô - Atendi sonolenta achando ser alguem do trabalho. 

-Nicolle  meu amor, me perdoa vai, volta comigo, eu te amo, eu te amo!- Despertei ao ouvir a voz de Diogo, mais bêbado que um porco, chorando ao telefone. 

-Diogo! São 5:oo da manha, vai dormir! 

-Só se você disser que me perdoa, que vai voltar comigo. 

-Não te perdoo, não vou voltar com você! - Falei com raiva, odiava quando ele fazia aquilo. 

-Nic, vou até aí na sua casa agora mesmo... 

-Não venha! 

-Eu te amo! 

-Não quero saber, tchau! 

E assim desliguei na casa dele, também perdi meu sono. Achava que colocando um fim naquela relação, Diogo me deixaria em paz e eu me livraria desse tipo de coisa, mas não, essa era minha cina. Eu precisava esfriar a cabeça, esquecer aquilo tudo, então em troquei colocando uma roupa de ginástica e saí para correr um pouco. O sol já estava quase nascendo e eu sempre fazia isso, só que por volta das 6:oo, 6:30, mesmo assim fui e deixei avisado ao porteiro que se Diogo chegasse lá bêbado fazendo arruaça, chamasse a policia por minha conta. 

As ruas estavam desertas e o sol teimava em não nascer, provavelmente aquele dia seria nublado, mas não me importei, corria com os fones de ouvido rocando minas músicas preferidas e conforme o suor ia saindo do meu corpo parecia que os problemas estavam indo junto. Mas eu me enganei, naquele exato instante, fui parada por um assaltante armado com uma faca pedindo pra eu passar meu celular e todo o dinheiro que eu tinha:

-Eu não tenho dinheiro! - Choraminguei pra ele. 

-Mas você tem coisas muito melhores. - Ele me examinava de cima a baixo com olhos famintos. 

Sim, naquele momento pensei estar completamente ferrada. 

[Continua]

Heeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeey 

minhas linda e maravilhosas,

"ó nóis aqui traveiz"

Gostaram do primeiro capitulo? 

E dos personagens? 

Mas quanto ao capítulo, 
já começamos com tudo conhecendo um pouquinho da Nicolle, nossa "menina de ouro" dessa história haha' 
Mas ela ta numa enrascada em? 
E agora? 
O que será que vai acontecer com Nicolle. 
E esse sonho que ela teve abrindo o capítulo? 
AGUARDEM!

Obrigada a quem está aqui comigo mais uma vez, 
espero realmente que gostem,
se Deus quiser vamos nos superar de novo! 
E pra quem ta chegando agora, vamos embarcar em mais um mundo onde até os mais impossíveis sonhos podem se tornar realidade. 

Indiquem a Fic pras amigas, pras inimigas e pra quem quiserem kkkk'
E vamos bombar isso aqui e transformar num sucesso como foram as outras. 
Pra quem já é minha Leitora Fiel, o esquema é o mesmo, todos os dias, na mesma hora...
E quem vai chegando agora, vai pegando o rítimo conforme o tempo. 
Perguntas, dúvidas, sugestões, críticas, elogios (principalmente kkkkk) ou até pra jogar conversa fora mesmo, me procurem no Twitter ou deixe aqui o seu comentário. 

Amo vocês e 
Vamo tocar pra frente né? 
haha'

Beijos de Luz
Mayara
@FCAsCoelinhasLS