Capítulo 71

[...]

Todo o salão estava decorado e colorido, luzes piscavam sem parar e o lugar já estava praticamente cheio de pessoas dançando, só que diferente das baladas tradicionais, estava tocando algo parecido com Salsa. Logo na entrada, Sheila veio nos recepcionar como sempre:
-Ah, eu sabia que não iam resistir. O que acharam de primeira impressão? - Antes de responder, notei que ela vestia um vestido justo ao corpo, verde todo de paetês que em contato com as luzes brilhavam mais do que tudo ali, sem contar na grande fenda que deixava sua coxa totalmente a mostra. 
-Animado é a palavra que define. - Respondi sorrindo.
-É isso mesmo! Mas deixem-me explicar como funcionam as coisas por aqui, como já disse, isto de chama "Noite Dançante", ou seja, vai ter de tudo, todos os tipos de ritmos para todos os gostos. Como podem ver e ouvir, começamos com a Salsa, para esquentar. - Ela sorria enquanto eu prestava atenção em sua maquiagem carregada e batom vermelho, nunca tinha visto uma mulher tão ousada e feliz. Naquela noite ela não parentava nem de longe a idade que tinha.
-Acho que a Salsa eu não encaro não, qual o próximo ritmo? - Luan brincou.
-Forró! 
-Piorou... - Risos. 
-Ah, imagina. Se sua namorada me permite, quero abrir os trabalhos, vamos dançar Luan Santana! - Ela bateu palmas animada e me olhou.
-Fique a vontade. - Sorri.
-Não, eu não sei dançar, é sério. - Luan choramingava enquanto Sheila o puxava. 
-A vida é feita de aprendizagem garoto! 

E assim, Sheila arrastou Luan para o meio do salão e começou a lhe ensinar alguns passos enquanto ele tentava acompanhar desengonçado. Enquanto isso eu me sentei, pedi uma bebida e fiquei apenas observando de longe. Tinham alguns casais que realmente estavam dando um show, mal sabia eu que eram profissionais que Sheila tinha contratado para animar mais ainda a noite. Mas naquele exato momento, trocaram o ritmo para o Forró e isso não quer dizer que Sheila deixou Luan escapar, agora dançavam com os corpos colados e até eu mesma me espantei por não sentir ciúmes daquela cena, talvez porque não visse Sheila como uma ameaça e sim como uma amiga.   

-Uma moça tão bonita, sentada sozinha, apenas olhando? Isso é um pecado gravíssimo. - Vi um rapaz de barba e olhos verdes deslizar no assento ao meu lado e sorrir pra mim.
-Não estou sozinha, meu namorado está bem ali. - Apontei pra Luan mas ele não seguiu meu dedo com o olhar.
-Dança uma comigo? - O olhar dele faiscava.
-Não, obrigada.
-Ah vamos lá, não vai fazer mal nenhum... - Ele pediu manhoso, se fosse juliana, tinha pulado em cima dele na hora.
-Não sou muito de dançar, desculpe. - Levantei já cheia daquela situação. 
-Posso fazer você mudar de ideia. - Ele segurou meu braço, o encarei com firmeza.
-Algum problema ai? - Luan chegou perguntando, atrás dele Sheila, agora séria.
 -Não, só esse rapaz me convidando pra dançar, mas eu já agradeci. - Soltei-me dele.
-Sinto muito, ela já tem par. - Luan puxou-me pela mão e me levou para o meio do salão. 

O clima tinha ficado nebuloso ali, mas Sheila logo tratou de tirar o rapaz pra dançar. Enquanto isso, Luan já me pegava pela cintura e assim iniciamos uma dancinha tímida no meio daquelas pessoas se jogando como se não houvesse amanha:
-Aquele cara estava dando em cima de você. - Ele falou sério.
-Isso foi uma pergunta ou uma afirmação? - Tentei brincar.
-Você não é a única que sente ciúmes. 
-Acho que isso é bom. - Me arrisquei a soltar dele e fazer um passinho diferente.
-Nem tanto. - Ele me juntou em seu corpo de novo. 
-Se eu disser que te amo e sou somente sua, vai ajudar? - Rodopiei.
-É um bom começo. - Agora ele sorriu de canto.
-Bobo, nenhum homem nunca vai chegar ao seus pés, ou despertar nem uma pontinha do que sinto por você. - Me aproximei novamente dele e colei minha testa na sua. 
-Hum, ta ficando cada vez melhor. - Agora ele brincou.
-Te amo, pra sempre. - Selinho. 
-Também te amo, pra sempre. 

E assim ele me beijou de verdade, daqueles beijos de tirarem o fôlego, talvez para mostrar a todos que eu era sua - coisa de homens - mas vê-lo enciumado foi bom, bonitinho até. Claro que o ciúme dele era bem mais controlado que o meu e teríamos mais provas disso.

Mas logo nos cansamos e voltamos a mesa pra molhar a garganta com alguma coisa. Depois do forró foi a vez do funk que nós não arriscamos nem de longe, depois veio o samba, pagode, românticas, e o sertanejo que Luan se sentiu na obrigação de dançar pelo menos um pouquinho. Já era alta madrugada quando trocaram o ritmo para Lambada e as pessoas -já bem alegrinhas por conta da bebida - enlouqueceram no salão. Ali achamos que já era hora da nossa retirada, então, sem que Sheila nos visse, saímos de fininho e fomos até a parte de fora da pousada, sentamos em um banco que existia ali enquanto a brisa fresca nos tocava e a lua cheia iluminava com toda força:
-Tudo nesse lugar parece coisa de filme. - Comentei olhando para o céu - Começa com o lugar em si, depois  veio o passeio a cavalo, nós dois sentados em baixo de uma árvore trocando juras de amor, aquela loucura toda no salão e agora estamos aqui, sentados em um banco, abraçados e olhando a lua. 
-Pra mim parece mais um sonho. O lugar perfeito, a mulher perfeita, uma noite perfeita... - Ele me encarou.
-Não é apenas um sonho... - Fiz um carinho no rosto dele.
-Nem um filme, é a nossa vida, nosso amor! - Ele completou sorrindo.
-Nosso amor. 

E nos beijamos de novo sob o olhar atento da lua, sendo abençoados por ela. Sim, era difícil de acreditar, mas tudo aquilo era verdade, a nossa verdade, tão perfeita que parecia que ia desaparecer a qualquer momento. 

Depois de mais uma tempo ali, fomos finalmente para o quarto dormir. Para mim, o melhor sono do mundo, ali, pertinho dele, sentindo seu calor, seu cheiro, sua proteção. Aquela era a vida que eu queria para mim, dormir e acordar todos os dias aos lado daquele home, o meu homem, por toda a eternidade. 

No dia seguinte, sábado, enquanto ainda dormíamos, longe dali, Erica chegava ao asilo para mais um dia de "farsa". Praguejava mentalmente ter que estar ali, mas era pelo bom desempenho de seu plano, me destruir usando uma das pessoas que mais amo no mundo. Entrou sorridente, começou os trabalhos e depois do café da manha, notou que Vó Amélia foi sentar-se no jardim, como de costume, então, aproveitou a deixa para tentar se chegar:
-Ei dona Amélia, posso me sentar aqui? - Erica perguntou já sentando, enquanto minha vó, nada respondeu - Porque a senhora não gosta de mim em? Nunca deixa eu me aproximar... - Erica tentou parecer divertida - Ja conversei com todos aqui, menos com a senhora. 
-Erica é o seu nome não é? - Minha vó finalmente quebrou o silêncio - Posso ver suas mãos? 
-Minhas mãos? Pra que? 
-Parecem tão bonitas e delicadas, tenho saudade de quando minhas mãos eram assim. - Minha vó estava fingindo, queria mesmo era ler a mão de Erica. 
-Ah, claro. 

Vó Amélia segurou as mãos de Erica e olhou seriamente, fazendo sua leitura, até que as soltou e a olhou nos olhos dizendo:
-Você não vai conseguir o que pretende. - A naturalidade da velhinha fez com que Erica se arrepiasse.
-Como assim? - Ela fingia.
-Você é ruim, vive espalhando mentiras por ai, tentou separar um casal, tentou fazer uma moça perder o emprego e enganou um homem para isso, esse homem gostava de verdade de você sabia? Mas está aqui hoje, não por querer fazer caridade, mas porque quer fazer mais uma maldade, comigo não é? Sua aura é escura, é negra! Você é má, porque guarda grande mágoa no seu coração, não só dessa moça que você quer destruir, mas de um passado que você sabe muito bem qual é, ou prefere que eu fale mais sobre ele? - Vó Amélia falou tudo isso com firmeza enquanto Erica se encolheu, apavorada. 
-D..Do que está falando sua velha louca! - O nervosismo da moça a entregou. 
-Você sabe muito bem! Já fez muitas coisas ruins nessa vida, quer se vingar em tudo e em todos por coisas que aconteceram no seu passado, você tem ódio até de si mesma. - Minha vó continuou.
-Cale a boca, velha louca! Vocês são todas loucas! - Erica levantou-se, lágrimas enxiam seus olhos, estava apavorada com as palavras da vó Amélia. 
-Vá embora daqui! Nada que você pretenda fazer vai dar certo. 
-Velha louca, louca! 

E ao dizer isso, Erica saiu dali e sem falar com ninguém, imediatamente foi embora, perturbada com tudo que minha vó tinha falado. Jurou para si mesma que nunca mais voltaria naquele lugar, muito menos chegaria perto de Vó Amélia:
-Bruxa, velha endemoniada! - Falava enquanto tremia como vara verde - Mas isso não quer dizer que eu desisti Nicolle, não mesmo!
E depois disso, cantou pneu e foi embora para casa, com mais sede de vingança ainda. 

[Continua]

Nhaaaac' 

Luan e Nic, lindos e perfeitos, sempre.

Mas e essa parte tensa entre Erica e Vó Amélia em?

A velhinha botou Erica pra correr só dizendo umas verdades. 

Mesmo assim,

Erica não vai desistir e agora ela vai aprontar uma coisa grave viu gente, 

bem grave!

Imaginam o que possa ser? 

~~Aguardem~~

Beijos

Mayara

@FCAsCoelinhasLS