Capítulo 76

[...]

Depois que Luan saiu do quarto, me permiti sentar na cama dele por um instante e apoiei minha cabeça entre minhas mãos, fechei os olhos e tentei me acalmar. Tínhamos acabado de ter uma briga horrível porque eu fiquei com ciúmes, e agora, eu tinha estragado uma noite que era pra ser perfeita e lembrada com carinho. Naquele momento o arrependimento começou a me invadir, era sempre assim. Aquela onda de ciúmes vinha, eu metia os pés pelas mãos, depois ela passava e o estrago ficava. Mas era algo mais forte que eu, que não conseguia controlar.

...

Bati a porta depois de ter tido uma briga feia com a Nicolle bem na noite do nosso aniversário. Desde o começo eu soube que ela era ciumenta, até porque sempre deu pequenas demonstrações disso, mas até então era aquele ciúme bonitinho, coisa de quem gosta. Só que naquela noite passou dos limites, de verdade, ela não podia ter feito, nem dito tudo aquilo e mais uma vez provou que não acredita em mim e na minha concepção, nenhum relacionamento vai pra frente sem confiança. 

Enquanto caminhava voltando para o jardim e pensava nisso, esbarrei em Ju:
-Ai Ju, desculpa. - Pedi enquanto ela me analisava.
-Que cara é essa? O que aconteceu? 
-Acabei de brigar com Nicolle por causa de uma cena de Ciúmes, acredita nisso? Ela ficou estérica, completamente fora de si. - Falei fazendo gestos com as mãos. 
-Hum, sei. Onde ela está? - Ju já conhecia bem tudo isso.
-No meu quarto, sobe a escada, segunda porta a esquerda. 
-Vou falar com ela. 
-Vamos ver se com você o tratamento é diferente. E não deixe ela se esquecer que também é aniversariante, os convidados querem falar com ela ates de irem embora. 
Falei com amargura e saí, depois avistei Ju entrando em minha casa. 

...

Agarrei o travesseiro que tinha o cheiro dele, tão bom. Até que vi a posta se abrir devagar, era Juliana entrando no quarto:
-Os convidados querem ir embora, mas não vão sem falar com você. - Ela falou doce, entrou e voltou a fechar a porta. 
-Consegui estragar tudo que parecia perfeito. - Murmurei.
-Luan me contou o que aconteceu, mas uma vez. - Ela dizia "mais uma vez" porque sempre foi assim, em todos os meus relacionamentos, eu sempre fui ciumenta com tudo e com todos. 
-Eu não queria ser assim, não queria ter feito isso, mas na hora...
-Eu sei, eu sei de tudo isso de cor. Mas não acha que está na hora de mudar? - Ela sentou-se ao meu lado e segurou minha mão. 
-Não consigo. - Falei mais baixo ainda.
-Mas tem que tentar. Ou prefere perder o amor da sua vida por uma besteira? Você não precisa ficar insegura, esse cara te ama e prova isso todos os dias amiga. 
-Eu sei Ju, mas é incontrolável, sei lá, eu... - Voltei a  chorar. 
-Ta bom, não precisa chorar. - Ela me abraçou - vamos fazer o seguinte, primeiro a gente arruma essa maquiagem borrada, depois você desce, se despede das pessoas e então, conversa com ele e pede desculpas. - Depois do abraço ela passou os dedos nos cantos dos meus olhos, tentando tirar o borrado das lágrimas.
-Ele não vai me desculpar. - grunhi.
-Claro que vai. Agora vem, vamos invadir o banheiro do Luan Santana... - Ela me puxou animada.

E então, enquanto ela arrumava meu rosto, continuei:
-Eu sou péssima né? Não mereço o Luan. 
-Todo mundo tem defeitos amiga, você merece o Luan sim, só tem que cuidar para que dure. 
E depois de "refeita", desci com ela tentando sorrir e fomos falar com as pessoas que já estavam querendo ir embora. Luan também estava por ali, nos olhamos de relance e eu ainda podia ver a mágoa em seu olhar. 

Não nos falamos, apenas sorrimos e nos despedimos de todos, um por um, agradecendo e tudo mais. Ju e Athos foram os últimos a ir embora e quando ela me abraçou, sussurrou no meu ouvido que agora era a hora de concertar as coisas e quando todos finalmente se foram, me vi sozinha com ele ali, então tomei coragem e falei:
-Podemos conversar? 
-Não sei, a ultima vez que você disse essa frase nos acabamos brigando. - Ele continuava duro. 
-Me desculpa. - Falei por fim - Eu passei dos limites, eu sei, mas é que é mais forte que eu, você tem que entender. 
-Nicolle eu não gostei daquilo, não gostei do que você fez, do que você disse, de como se comportou comigo. Ter ciúmes é normal, é legal as vezes, da um gás na relação mas desse jeito, quando termina em briga, agressão, não é nada bom. Eu só preciso que confie em mim, de verdade, porque isso é a base de tudo entendeu? Você disse que eu não te respeitava, disse que eu fazia de propósito, mas não Nicolle, essa é a minha vida e você tem que aceitar. Tem que aceitar os telefonemas de madrugada, o assedio, as amigas, tudo, porque eu sou assim, a minha vida é assim. 

Ele estava despejando tudo e eu só escurei, pois merecia aquilo:
-Sabe, eu pensei em coisas lindas pra essa noite, para o final dela, mas olha como acabou? - Ele continuou.
-Eu estraguei tudo, eu sei. Tô pedindo desculpas por isso, embora eu ache que desculpas não apagam erros, mas todo mundo erra um dia Luan. - Me manifestei.
-Eu sei, mas o meu medo é desculpar uma vez e acontecer de novo, e de novo. O meu medo é que o seu ciúme mate o nosso sentimento Nicolle. - Ele mergulhou nos meus olhos. 
-Isso não vai acontecer, eu prometo. - Me aproximei e toquei seu rosto.
-Você também prometeu que nunca duvidaria de mim, sempre acreditaria, independente de tudo. - Ele insistiu - Parece que você não é tão boa em cumprir promessas Nicolle. 
-É, você tem razão. - Voltei a me afastar - Então não vou prometer mais nada, mas estou disposta a mudar, a tentar ser diferente, por você, por nós. Agora está com você, acha justo acabar com tudo por causa de uma briga, uma unica briga? 

Nos olhamos por instantes, senti um imenso medo de perdê-lo naquele momento. Seus olhos pareciam tristes, frios, e isso estava me matando aos poucos, mas ele respondeu:
-Não é justo acabar com tudo por causa de uma  briga. Mas a mágoa fica, e eu não quero que isso aconteça de novo. 
-Não vai meu amor, eu prometo, me desculpa de verdade. Saí de mim, pirei, sei lá, me perdoa. - Volteia  me aproximar, agora suplicando. 
-Eu te amo tanto... - Ele somente encostou sua testa na minha, fechando os olhos. 
-Eu também te amo, mais do que imagina. É que o medo de te perder me apavora, o medo de você encontrar alguém melhor do que eu e... 
-Para mim não existe ninguém melhor do que você Nicolle, acredite! - Ele me interrompeu abrindo os olhos e me encarando. 
-Isso, porque nascemos um para o outro não foi? - Minha voz soou um tanto desesperada.
-Exatamente. Não precisa ter medo nenhum, nunca. - Ele por fim, me abraçou.
-Ah Luan, me desculpa, de verdade, eu tô tão arrependida do que fiz...
-Tudo bem, vamos esquecer. - Agora nos olhamos, ele acariciou meu rosto - Já passa muito da meia noite, mas nosso aniversário ainda não acabou, pelo menos não pra nós dois. 
-Isso que dizer que estou perdoada? - Olhei com cara de menina travessa pra ele.
-Li em algum lugar que "Quem ama, perdoa.". - Ele em fim sorriu, sorriu para mim. 
-Argh, mais clichê que isso impossível. - Fiz careta.
-Eu sei que no fundo você  gosta. 
Ele disse isso e em seguida me beijou, com toda a leveza do mundo, mostrando que para ele tudo tinha passado e eu fiquei bem mais tranquila com isso. 

Depois de mais alguns beijos, subimos para o quarto novamente, chegando lá, ele me fez sentar na cama e sentou-se a minha frente, depois se esticou para tirar uma caixinha vermelha da gaveta e me entregou:
-Feliz aniversário. - Falou apenas isso e sorriu.
-Ah não precisava. - Sorri - Mesmo assim, obrigada.

Mas quando abri, a surpresa me tomou por completo, dentro da caixinha havia este anel mais que lindo:

-Eu fiquei meio na dúvida do que dar pra você, pensei em várias coisas, mas acho que essa foi a melhor escolha. Pra falar a verdade eu não me ligo muito nesse negócio de Aliança e tal, mas quero que você use esse anel, não para mostrar aos outros que estamos juntos, que você é minha, mas sim porque quero que lembre-se sempre de mim quando olhar para ele, lembre-se do nosso amor, e do compromisso que temos um com o outro. 

Olhei o anel completamente maravilhada, era a coisa mais linda que já vi na vida e vindo dele então, o melhor presente. Então deixei que ele o colocasse em meu dedo, depois ele o beijou e eu fiz o mesmo:

-Não sei nem o que dizer, obrigada. Ele não vai sair do meu dedo. - O admirei mais um pouco.

-Que bom que gostou. 

-Eu amei, é lindo. 

Então nos beijamos para eu lhe mostrar toda a minha gratidão, mas do beijo veio outro, e outro e quando percebi ele já estava deitado por cima de mim:

-Ei, ainda não lhe entreguei seu presente. - reclamei.

-O meu maior presente esta aqui, em meus braços, o outro pode ficar pra depois. 

Nem preciso dizer que com essas palavras ele me convenceu e que nos amamos como deveria ser, mais uma vez se tornando um só, na sintonia de sempre, corações batendo compassados, mas naquela noite com um gostinho a mais de reconciliação, de comemoração e de mais e mais amor. E ali, em sua cama, ele me mostrou que tudo tinha mesmo passado, que nada nos abalaria ou separaria, nunca, porque nosso laço ia além dos corpos unidos, era uma coisa da alma, do ser. Muito maior e mais forte do que imaginávamos, e esse laço de alma, jamais poderia ser desfeito, passassem anos, séculos, milênios. O amor seria o mesmo, a ligação não se romperia. Eramos um do outro e nada nem ninguém poderia mudar isso. 

Sim, eu estava perdoada e também, disposta a mudar,a  deixar esse ciúme todo de lado pois era isso que eu devia fazer para viver bem ao lado dele o resto da minha vida. O que eu não sabia era que não seria nada fácil e que ainda passaríamos por grandes provas de fogo até chegar no "Felizes Para Sempre." 

[Continua]

Eles fizeram as pazes \õ/

Dessa vez né? 

haha'

A reconciliação é sempre linda.

Gostaram do presente que ele deu pra ela? 

Mas e agora, o que vem por ai? 

Como Nicolle disse, ainda falta muito para chegar no Felizes para sempre.

Posso adiantar que agora Erica vai atacar.

Preparadas?

Espero que sim. 

Beijos

Mayara

@FCAsCoelinhasLS