Capítulo 135

[...]

-FAÇAM ALGUMA COISA! RÁPIDO!

Eu gritava para os enfermeiros enquanto via Nicolle desfalecer bem ali na minha frente. Fui invadido por um nisto de sensações ruins, pavor, angústia, nervosismo e muito mais:
-Meu amor, meu amor acorda, fala comigo por favor, não faz isso comigo Nicolle, não faz isso comigo, acorda por favor.
Nem percebi que as lágrimas rolavam em meu rosto. O barulho dos enfermeiros e do barulho das máquinas era ensurdecedor, Marcela dava ordens enquanto continuava empenhada em tirar os bebês da Barriga de Nicolle e eu só queria que ela abrisse os olhos, somente isso. 

Um pânico me invadiu quando ouvi alguém dizer que os batimentos estavam ficando cada vez mais fracos. De repente a mão dela que eu segurava com toda a minha vida começou a ficar gélida, seu rosto pálido, e os batimentos teimavam em diminuir, até que fui distraído por um barulho que se destacou no meio de todos os outros, olhei imediatamente e vi que um dos bebês tinha nascido e chorava alto. 

Esbocei um sorriso por um momento, ele estava todo vermelhinho, não era muito grande, mas bem cabeludo, os cabelos eram pretos como os meus e os de Nic - "João Lorenzo" - Pensei. Tudo foi muito rápido, logo um dos médicos o pegou das mãos de Marcela e o levou de lá enquanto ela tentava tirar o outro. 

Olhei novamente para Nicolle desacordada, queria que ela pudesse ter visto aquele momento junto comigo, mas não podia:
-Doutora, temos que ser rápidos, a pressão subiu muito! - Alguém falou.
-Falta pouco, continuem controlando a situação. - Marcela ordenou completamente concentrada. 

Aqueles segundos pareciam uma eternidade para mim, olhando tudo desesperado sem poder fazer nada. Foi aí que o outro choro ecoou, olhei de novo em direção a Marcela, ela agora sorria vitoriosa, tinha conseguido tirar dos dois bebês que aparentemente estavam bem. O segundo - "João Henrique" - Era exatamente igual ao outro, mesmo tamanho, mesma cor, mesmo cabelo e se eu não soubesse que eram dois, acharia que era o mesmo bebê. 

Chorei de emoção, queria poder aproveitar mais aquele momento, olhar para meus dois filhos, mas Nicolle estava ali, desacordada e piorando a cada segundo:
-Termine! - Marcela deu a ordem  outro médico e veio para perto do rosto de Nicolle coberto pelo balão de oxigênio. 
Rapidamente ela o tirou e colocou alguma coisa, um comprimido embaixo da língua de Nicolle, olhou para os monitores, sentiu seu pulso, voltou com o oxigênio. Seu olhar era de preocupação. 

Permanecemos ali naquela agonia por mais alguns minutos, o outro médico já estava na parte da suturação da barriga e quando olhei para o monitor que pelo que entendi indicava a pressão arterial vi que diminuía aos poucos, certamente aquilo era bom, até que ouvi:
-Doutora, os batimentos! - uma enfermeira desesperada falava.
Olhei par ao outro monitor, os números caiam e os rabiscos que antes subiam e desciam formando espécies de "montanhas" agora começavam a ficar retilíneos, como nos filmes:
-Vamos, reaja, reaja Nicolle! - Marcela resmungava baixinho olhando para Nic ali desacordada. 

Até que o "bip" da máquina virou um som uniforme, sem interrupções, e nos filmes isso queria dizer que o coração tinha parado! 
-O coração parou! 
-NICOLLE! - Gritei desesperadamente. 

...

"-SOCORRO! SOCORRO! ALGUÉM POR FAVOR! 

Cecília continuava a gritar desesperadamente, em seus braços, Lorenzo desacordado e ensanguentado por culpa do tiro no peito que acabara de levar:
-Meu amor, resista! Resista por mim Lorenzo! Você não pode me deixar! - Ela chorava suplicando agarrada ao corpo dele - Eu te amo meu amor, eu te amo, fala comigo pelo amor de Deus! 

Mas de nada adiantavam suas palavras. A rua estava escura e deserta, totalmente contra a sorte do jovem casal:
-MALDITOS! MALDITOS SEJAM! - Ela gritava descompensadamente. 

Até que um homem passou em uma bicicleta e imediatamente parou para ver o que estava acontecendo:
-Moça, o que houve? -Ele se aproximou - Jesus! - Exclamou ao ver o corpo de Lorenzo estirado no chão.
-Corra, chame ajuda, chame um ambulância, rápido, meu marido está morrendo! - Ela implorou. 
-Calma, vou fazer isso, fique calma. 

O homem pegou sua bicicleta e voltou rapidamente para buscar ajuda, enquanto isso Cecília abraçava Lorenzo cada vez mais forte, colou seu rosto no dele, se balançava pra frente e pra trás como quem coloca uma criança para dormir e dizia chorando:
-Não me deixe! Não me deixe! Não me deixe! Eu não vou sobreviver sem você, não vou! 
E repetiu isso até finalmente o socorro chegar.

Uma ambulância veio, junto com o carro da polícia, prontos para prestar os primeiros socorros e levá-lo ao hospital, mas quando um dos médicos verificou o pulso de Lorenzo, seus batimentos cardíacos e seus olhos, já tinha um diagnóstico. 

O médico que era mais ou menos jovem como Lorenzo, olhou para Cecília que chorava desesperadamente e teve receio em dar-lhe a notícia, mas precisava fazer isso, então respirou fundo e disse por fim:
-Ele... Não resistiu senhora. 

Ao ouvir aquilo, Cecília parou de chorar, encarou o médico, parecia em estado de choque:
-Ele está vivo. - Disse com a voz friamente natural - Vocês tem a obrigação de levá-lo ao hospital, agora! 
-Mas senhora, este homem esta morto. 
-NÃO ESTÁ! - Ela gritou.
-Eu sinto muito. - o jovem médico olhou-a com pena. 
Daquele momento em diante, os policiais tiraram Cecília de lá - a força - e deixaram o corpo estirado no chão, para investigações. 

A bela menina de sorriso fácil estava totalmente diferente naquele momento, gritava, esperneava, unhava os policiais. Não queria sair dali, queria ficar ao lado de Lorenzo para sempre, como havia prometido, e não conseguia acreditar que ele estava... morto. Porém, essa era sua realidade a partir de agora." 

...

-Tirem ele daqui!  
Aquela era a ordem de Marcela para que executassem comigo. Logo os enfermeiros vieram me tirar de lá, mas eu não queria sair, queria ficar junto com Nicolle, ela precisava de mim ao seu lado. 

Gritei, me debati, mas de nada adiantou e eles me tiraram de lá, logo chamaram meus pais para que me acalmassem, mas nada adiantaria, eu não me acalmaria até ver Nicolle bem de novo. 

...

Depois daquele sonho terrível com Cecília e Lorenzo, senti como se eu tivesse acordado, mas não acordei. Era como se eu estivesse em algum lugar paralelo entre a realidade e o sonho. Era estranho, como se eu conseguisse realmente voar, mas voava sozinha, ninguém estava ao meu lado, Luan não estava lá.

Fiquei naquele estado por um bom tempo, ou pelo menos parecia que era muito tempo. "A alguns metros acima do céu" me lembrei imediatamente dessa frase que eu sempre usava para descrever a sensação que Luan me causava. Luan... Onde ele estaria? Queria que estivesse ali comigo, seja que lugar fosse aquele, então, subitamente comecei a procurá-lo. 

Voei, voei, mas não o encontrei, comecei a ir mais rápido, até que a minha frente, ao longe, avistei ele, estava lindo como a ultima vez em que o vi, porém, com outra roupa, todo de banco. E segurava as mãos de duas criancinhas, com forme fui chegando mais perto vi que eram dois meninos, um de cada lado, dois meninos idênticos, os 3 sorriam pra mim. 

Foi ai que comecei a me lembrar de tudo, aqueles dois meninos eram Lorenzo e Henrique, meus filhos, nossos filhos. Lembrei-me também de estar na sala de parto, de estar tudo bem, até que perdi a respiração, minha visão embaçou, a pressão subiu, tentei lutar, juro que tentei, Luan estava ao meu lado com um olhar suplicante, tentei resistir, mas não consegui, então desmaiei. 

-"Que lugar é esse?" ... "Preciso voltar! Preciso voltar agora!"

Mas como voltar? Eu não sabia. A essa altura, a imagem de Luan e dos meninos tinha sumido e eu me sentia totalmente perdida, queria voltar, precisava voltar, mas não sabia como. Me desesperei, dando voltas sem saber para onde ir, até que Vó Amélia surgiu ao meu lado, sorriu para mim e me tocou a mão, então me mostrou o caminho de volta. 

Foi então que acordei, ao meu redor estavam vários enfermeiros e Marcela com aqueles aparelhos de choque nas mãos, que a gente vê nos filmes e que são usados para reanimar o coração de alguém que está morrendo:
-Ah Nicolle, graças a Deus! - Ela abriu um enorme sorriso. 
-Marcela... O que aconteceu? - Falei com dificuldade - Cadê o Luan? Cadê meus filhos? - Uma pontada de desespero me envolveu, não sentia meu corpo, e aos poucos lembrei que estava anestesiada. 
-Você acordou, pode falar... Isso é surpreendente, é um milagre! - Ela parecia profundamente surpresa. 
-Mas...
-Calma, calma, não se esforce, está tudo bem, Luan está l fora, seus filhos estão bem, agora, tudo está maravilhosamente bem! 

[Continua]

~~ a escritora está aos prantos ~~

...

O que dizer desse capítulo? 

Gente, eu realmente não queria fazer isso com Lorenzo, vocês sabem que me apego aos personagens, me apego as histórias...

Essa é a primeira vez que um personagem meu... morre de fato. 

Tô com um nó na gargante, é como se um amigo tivesse partido. 

Mas na minha opinião, nada é pra sempre, 

nossa aviador bonitão " continuara vivo"

vocês vão entender por que. ;)

Mas, quando a Luan e Nic, 

passaram um apertinho no inicio, 

mas alguém tinha que terminar bem né verdade? 

Será que quase enganei vocês? 

hahaha'

O importante é que Nic resistiu, sobreviveu, 

os gêmeos nasceram, 

tudo parece parcialmente bem deste lado da história. 

Mas e agora?

O que será que vem por ai? 

Posso adiantar que alguém vai voltar! 

hahaha'

Quem será? 

Essa tá fácil de adivinhar!

Também quero dizer que logo mais, 

vamos finalmente desvendar o motivo dos sonhos. 

Será que já posso dizer que estamos na reta final dessa fic? 

#ChoremComigo

OBRIGADA

pelos comentários do capítulo de ontem, compareceram em peso, 

as sumidas aparecem, 

gostei de ver, 

quero de novo hoje em! 

haha'

Beijooooooooos

Mayara

@Luansmyway