Capítulo 139

[...]

"-Eu quero ficar com ele! Eu quero morrer com ele! Me deixem morrer com ele! - Cecília gritava desesperadamente, querendo se soltar dos braços dos policiais e correr até o corpo de Lorenzo baleado e sem vida. 
-Calma senhora, fique calma por favor. - Um deles pediam. 
-LORENZO, MEU AMOR, VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR! - Ela gritava - Você prometeu que ia me fazer feliz, você prometeu... - Essas palavras ela pronunciou baixinho. 

O jovem médico que foi socorrer Lorenzo, se comoveu com aquela sena tão triste, aquela jovem tão bonita, desesperada, chorando por seu marido morto:
-Faça alguma coisa rapaz, dê um sedativo a ela! - o policial ordenou.
No fim, teve que aplicar a força um calmante em Cecília para que ela deixasse a policia fazer seu trabalho. Ela estava completamente descompensada, gritando, batendo, unhando, chorando e seria mesmo melhor que dormisse um pouco. 

Assim que aplicou o calmante, ele levou-a até a ambulância e a deitou ali, vendo-a perder aos poucos os sentidos. Cecília resistia, queria se manter acordada:
-Não podem fazer isso comigo... - Falava quase sem forças - Meu marido não está morto, não está. 
-Preciso saber seu nome senhora, o nome de seus pais, está com seus documentos ai? - O médico perguntava calmamente.
-Não está morto, não está, ele prometeu... - Ela perdia cada vez mais os sentidos - Eu amo você Lorenzo, amo você, não me deixe por favor...

E foi repetindo essas palavras que ela finalmente adormeceu. o jovem médico ficou olhando para ela por um longo tempo, apreciando sua face tão bonita, seus cabelos negros ate perceber que ela segurava uma pequenina bolsa bege, provavelmente seus documentos estariam ali. Com todo cuidado ele pegou a bolsa, e anotou seus dados, teria de procurar os pais daquela jovem viúva. 

A polícia fez seu trabalho, depois mandou o corpo de Lorenzo para o IML como era de praxe. Enquanto isso o médico que se chamava Luís, ficou observando todo o processo, depois, forneceu os dados de Cecília para que juntos procurassem a família dela para entregar a moça e dar a notícia. E assim fizeram, por sorte um dos policiais conhecia o pai de Cecí e agiram rápido. Os pais da bela menina ficaram chocados com a triste notícia de que sua filha tinha fica viuvá tão cedo, mesmo assim, Luís a carregou para dentro e a colocou em seu antigo quarto, seu mais uma olhada de compaixão nela e se despediu. 

O pai de Cecília acompanhou a polícia para resolver todas as burocracias e depois cuidar do velório. - "Não dá pra acreditar que Lorenzo morreu, como isso foi acontecer?"- Nem o velho que nunca foi muito com a cara do genro, acreditava no que aconteceu. 

Quando Cecília acordou já estava quase amanhecendo, viu que sua mãe estava ao seu lado:
-Mãe? O que está fazendo aqui? - Ela olhou o ambiente - O que eu estou fazendo aqui? Cadê  Lorenzo? 
-Filha... - Sua mãe não sabia bem o que dizer. 
Foi então que Cecília se lembrou de tudo que tinha acontecido, mas ao contrário da reação inicial, não esperneou, apenas chorou abraçada com sua mãe por quase uma hora, sem nada dizer. 

Com muito custo, a mãe de Cecí consegui que ela se arrumasse para o velório que seria na mesma igreja onde os jovens se casaram. A essa altura, todo mundo já sabia da tragédia e se encaminhava para lá, inclusive Cecília, que mal se aguentava em pé. 

Ao chegar na igreja e ver o corpo de seu marido estendido num caixão, Cecília não se conteve, chorou como se fosse morrer junto também, debruçada sobre ele. Lorenzo continuava lindo, era como se estivesse apenas dormindo e a qualquer momento acordaria sorrindo e fazendo graça com ela, mas isso não iria acontecer, nunca mais:

-Nós lutamos tanto... - Ela falava baixinho, para que só ele ouvisse - Enfrentamos tantas coisas para ficarmos juntos, para nos casarmos, para vivermos nosso amor em paz! Mas aquele maldito tirou sua vida, te tirou de mim, acabou com nossos sonhos, com nossos planos, mas ele não pode destruir nosso amor, nunca! Lembra quando me dizia "Nosso amor vai ser eterno bela menina, eterno!", você tinha razão, você sempre tinha razão, nosso amor vai ser eterno, vai ser para sempre, vai existir por milênios e todos sentirão inveja de nós. A morte não será capaz de nos separar meu amor, o que sentimos um pelo outro é muito maior, vai além da vida. - Ela enxugou as lágrimas que caiam por seu rosto - Logo logo estarei com você, eu prometo, não vou te deixar sozinho, assim, vamos continuar nosso casamento de onde paramos, vamos ser felizes no paraíso meu amor, teremos nossos filhinhos tão sonhados e ficaremos velhinhos juntos, porque nosso amor está escrito Lorenzo, ele tem que acontecer, tem que acontecer! Não vamos nos perder um do outro, me espere, me espere na porta do paraíso, eu vou com você. 

As pessoas chegavam para dar os pêsames a Cecília, mas ela não queria saber, não respondia a ninguém, só ficou ali, debruçada sobre o caixão de Lorenzo por todo o velório, conversando com ele, como se o aviador pudesse ouvir tudo que ela dizia. 

Pedro e Bianca estavam chorando muito a perda do amigo, ninguém estava acreditando que aquilo tinha acontecido com um rapaz jovem e cheio de vida como Lorenzo. Outra pessoa que também veio ao enterro foi doutor Luís, mas não se atreveu a chegar perto da viúva, ficou apenas observando de longe o sofrimento dela. 

Na hora do enterro, da despedida final, Cecília se desesperou de novo, não queria deixar que o enterrassem, e por fim, desmaiou subitamente. Foi ai que doutor Luís, que estava próximo, entrou em ação de novo. O enterro foi finalizado, levaram Cecília para casa, ela despertou, mas era como se não estivesse lá, não falava nada, olhava para o vazio e permaneceu deitada por várias horas. 

E foi assim nos próximos dias, não comia, não dormia, não falava, apenas deitada em cima de uma cama, chamando por Lorenzo todo o tempo:
-Cecília, por Deus, você tem que comer alguma coisa! - Sua mãe implorava.
-Me deixe mamãe, Lorenzo logo vem me buscar. - Ela respondia apenas isso. 

Os pais da bela menina ficavam cada dia mais preocupados com ela, vegetando em cima de uma cama, foi então que chamaram o doutor Luís para ver se conseguia dar um jeito, ou Cecília morreria também:
-Cecília, lembra-se de mim? - Luis perguntava com sua voz doce, mas ela não respondeu, nem o olhava - Cecília, consegue me ouvir? Me chamo Luís, você deve se lembrar de mim. - Nesse momento ele tocou a mão dela que retirou na mesma hora.
-Não me toque, saia de perto de mim, meu marido não vai gostar disso. - Ela falou friamente.
-Estou querendo lhe ajudar. - Ele insistia.
-Não preciso de ajuda, vá embora! - Ela tentou gritar, mas não tinha forças para isso. 
Luís ficou com mais pena ainda de ver Cecília morrendo aos poucos, estava pálida, desafigurada e ele nada podia fazer, então só lhe restou ir embora. 

Mas numa dessas manhas, uma semana depois da morte de Lorenzo, Cecília passou muito mal, vomitava sentindo enjoos e tonturas, mas como podia se sentir mal do estômago se não estava comendo quase nada? Ela rapidamente descobriu a explicação, estava grávida, esperando um filho de Lorenzo."  

Acordei ouvindo dois choros estridentes vindos do quarto ao lado, depois, ouvi a voz de Luan dizendo:
-Deixe que eu trago eles pra você. 
Percebi também que meu rosto estava molhado, eu tinha chorado enquanto dormia, enquanto sonhava com o enterro de Lorenzo e o sofrimento de Cecília. Minha fixa ainda não tinha caído de que ele tinha mesmo morrido, eu não queria aceitar aquele fato.

Me ajeitei na cama para esperar os gêmeos provavelmente famintos, foi aí que lembrei de que depois de toda aquela desgraça, havia se acendido uma luz, Cecília descobrira que estava grávida, esperando um filho, fruto de seu amor. Ela não estava sozinha, um pedacinho de Lorenzo tinha ficado com ela, ah como eu queria poder abraçá-la e confortá-la, nem conseguia imaginar o que faria se perdesse Luan. Chorei de novo ao pensar nisso, meu coração estava apertado, era como se eu tivesse mesmo perdido alguém muito importante:

-Deu um trabalhão pra segurar os dois, como você consegue? - Luan falava enquanto os bebês berravam - Calma carinhas, a mamãe tá aqui. 

Peguei meus pequeninos e os coloquei no peito, e quando Luan me olhou nos olhos, se assustou:
-Estava chorando? Porque? 
Enquanto dava de mamar a Lorenzo e Henrique, contei tudo a Luan, do sonho durante o parto onde Lorenzo foi baleado, e desse agora. Ele me ouviu atentamente, e eu me emocionei ao relembrar tudo, finalizando:
-Que ironia não é? O Lorenzo de Cecí morrer bem quando o nosso nasceu. - Olhei para o pequeno em meus braços. 
-Não tenho nem palavras... Agora que você descreveu os detalhes, é como se eu estivesse vendo a cena sabe? 
-Foi horrível. 
-Não fique pensando nisso, olha só o que tem ai nos seus braços... - Ele me sorriu - Não quero ver você triste. - Selinho.
-Não vou ficar, prometo... Isso é, se eu sobreviver a essa sugação toda. - Brinquei. 

Depois de mamar os gêmeos ficaram acordados um pouquinho - coisa rara - então aproveitamos esse tempo com eles, vendo seus olhinhos, tirando milhões de fotos, lambendo nossos filhotes. 

No dia seguinte, na parte da tarde, Luan foi buscar vó Amélia na casa de repouso - com meu consentimento nesse dia - e logo ela chegou, emanando toda sua paz e eu mal podia esperar o que ela tinha para me dizer. 

[Continua]

Gatonas! 

O sonho foi longo dessa vez em, 

longo e triste =x

Nem eu estou acreditando que Lorenzo se foi, tô escrevendo no automático aqui. 

Maaaas, 

O que acharam das palavras de Cecí?

do doutor Luís, todo prestativo? 

Da gravidez de Cecí? 

Nem tudo está totalmente perdido! 

E no outro lado da história, 

vó Amélia na área...

haha'

Quero muitos muitos muitos comentários! 

Gás ;)

Beijokas

Mayara

@Luansmyway