Capítulo 136

[...]

-Luan! Luan! 
Marcela chegou correndo em minha direção enquanto eu estava aos prantos, desesperado com o que poderia ter acontecido com Nicolle:
-O que foi? E a Nicolle? - Levantei imediatamente.
-Ela está bem, conseguimos reanimá-la! - Marcela esboçava um sorriso de orelha a orelha. 
-Ah, graças a Deus. - Me joguei de novo na cadeira, minhas pernas estavam bambas.
-Foi impressionante, incrível, ela acordou falando normalmente, com plena consciência e geralmente nesses casos isso leva um tempo. Se vocês acreditam em milagre, esse foi um. 
-Eu quero vê-la!
-Calma, achamos melhor dar-lhe um calmante para que dormisse até que os efeitos da anestesia passem, mas quando ela acordar, prometo que você será o terceiro a ser chamado. - Ela falou animada.
-Terceiro? - Não entendi. 
-Lorenzo e Henrique primeiro. - Ela sorria. 
-E eles? Nessa coisa toda até me esqueci deles, onde estão? Como estão? - Era muita coisa pra minha cabeça.
-Vão ter que ficar um pouquinho incubados, mas vai ser por pouco tempo. No mais, estão bem, pesam 3, 400 kg cada um, por volta de 46 centímetros, são lindos meninos. - Ela falava orgulhosa. 
Não consegui falar mais nada, apenas sorri. Tudo tinha acabado bem, Nicolle estava bem, os gêmeos estavam bem e com fé, logo poderíamos sair daquele hospital para começar nossas vidas. 

Não era só eu que estava feliz com aquelas notícias, todos estavam. Choravam abraçando-se e comemorando e me felicitando pela paternidade. Mas tudo que eu queria naquele momento era ver Nicolle e estar com nossos filhos.

...

Quando acordei, já estava em um quarto mas ainda sim do hospital, não tinha noção de quanto tempo dormi, nem se era dia ou noite, mas aos poucos, fui me lembrando novamente de tudo que tinha acontecido, a sala de parto, a anestesia, Marcela sorrindo pra mim, Luan ao meu lado, meus pulmões se fechando, os batimentos diminuindo, o desmaio, o sonho terrível com a morte de Lorenzo, a outra parte onde eu vaguei por um lugar desconhecido, como se estivesse voando, vi Luan e os meus filhos, e Vó Amélia me ensinou a caminho de volta, acordei ainda na sala de parto, Marcela ficou surpresa, perguntei várias coisas mas ela me deu um remédio para dormir e por fim, esse momento onde estou. 

Suspirei, estava me sentindo muito dolorida e tive medo de me mexer por conta dos vários pontos na barriga, permaneci imóvel. Em algum lugar devia ter um botão para chamar alguém, queria ver Luan, ver meus bebês, ou até mesmo Marcela. Finalmente encontrei o botão, apertei várias vezes e uma enfermeira magrinha surgiu:
-A doutora já esta vindo, espere um momento por favor. 
E antes que eu falasse alguma coisa mais ela fechou a porta e sumiu.

Recostei minha cabeça, tentando organizar todos os pensamentos e sentimentos. Muita coisa tinha acontecido, eu tinha perguntas a fazer, queria sair logo dali, não aguentava mais aquele maldito cheiro de hospital e a imagem de Lorenzo, o aviador, morto nos braços de Cecília não saia de minha mente.

Quando dei por mim, Marcela invadia o quarto e trazia nos braços um bebê - o meu bebê! - e atrás dela vinha Luan, segurando o outro. Chorei de emoção ao ver aquela cena, eles se aproximaram sorrindo, Marcela me entregou o bebê que trazia primeiro, e Luan, sentou ao meu lado, me entregando o outro com jeitinho, quase não soube como segurar os dois, pequeninos e molengas, dormiam profundamente. 

Eles eram maravilhosos, as coisinhas mais perfeitas que já vi. Estavam com os macacõezinhos brancos que eu mesma tinha escolhido para usarem assim que nascessem, no peito de cada um tinha bordado seus nomes e como se lesse meus pensamentos, Marcela falou:
-Coloquei no que nasceu primeiro o "João Lorenzo" e o segundo "João Henrique", como você queria, eu mesma os dei banho e vesti com todo carinho, parabéns pelos lindos filhos. - Percebi muita emoção em sua voz. 
-Obrigada, era exatamente assim que eu imaginava... - Os contemplei por um longo tempo - Eles são lindos, e eu já os amo tanto, muito mais do que minha própria vida. 
-Não só você. - Luan se manifestou tocando a cabecinha do João Henrique. 

Todas as palavras que eu pudesse dizer não seriam suficientes para descrever aquele momento. Tinha valido a pena, toda a luta, todo esforço, todas as renuncias , todos os cuidados, tudo que tínhamos feito para que aqueles bebês vissem ao mundo e eu podia ter certeza ali, olhando para eles, os segurando junto a mim. Foi ali que me senti mais mãe do que nunca, e soube que faria tudo de novo se fosse preciso, e ao longo da vida ainda faria muito mais por eles. 

Em determinado momento, nos pegamos o 3 chorando, eu, Luan e Marcela, enquanto admirávamos aquelas pequenas obras divinas:
-Não sabem o orgulho que sinto disso tudo, dessa família, de termos conseguido... - Marcela falou enxugando os olhos.
-Devemos muito a você Marcela, Obrigada por tudo, de verdade, você foi um anjo. - Luan que agradeceu. 
-Só cumpri meu dever de médica e amiga, posso me considerar amiga de vocês né? - Ela brincou.
-Pode se considerar madrinha dos bebês. - Falei a pegando de surpresa. 
-Mas Nic eu...
-Não vai recusar um pedido desses, vai? 
-Claro que não, vai ser uma honra. - Ela se emocionou mais - Bom, agora vou deixar a família um pouco, mas não pode ser muito em, os bebês tem que voltar. 

Fiz careta enquanto ela saía, Luan riu de mim, em seguida sem nada dizer, me presenteou com um beijo cheio de amor, depois me olhou sorrindo:
-Eu não sei nem o que dizer, tô sentindo tanta coisa... - Parecia emocionado, desconcertado, orgulhoso.
-Não precisa dizer nada, só fique aqui pertinho da gente. - Ao ouvir isso ele chegou mais perto, acariciando os bebês. 
-Eles são lindos não é? Os mais lindos do mundo. - Ele sorria todo bobo. 
-São sim, são parecidos com você, olha só. - Falei sorrindo. 
-Ah para, ainda não da pra ver isso... 
-Dá sim, eles parecem dois anjinhos e você é um anjo! - Expliquei. 
-Awn linda, eu te amo, amo vocês, minha família. 
-Também te amamos. 

Silenciamos mais uma vez, olhando para os gêmeos como dois idiotas e eu podia jurar que nunca me cansaria daquilo, mas lembrei-me de uma coisa:
-Quem está ai fora? 
-Todo mundo, meus pais, seus pais, Antonela, Juliana, Rober, Bruna... Mas a Marcela disse que hoje só eu podia te ver. - Ele beijou o alto de minha cabeça. 
-Hum, e aquela coisa toda que aconteceu comigo na sala de parto... - Mas ele me interrompeu.
-Não vamos falar disso ok? Agora não. O importante é que está tudo bem, nossos filhos estão aqui, todo o pesadelo acabou. 
-É, o pesadelo acabou. - Repeti quase não acreditando. 

Depois de mais alguns minutos - que aproveitamos loucamente para babar em nossos garotos - Marcela veio buscá-los e levou Luan também junto. Achei um absurdo eu ter que ficar sozinha e confesso que foi sofrido largar meus pequeninos, mas era o que tinha que ser feito, logo logo iriamos pra casa e tudo ficaria bem. 

Fiquei sabendo também que já era noite, então, me esforcei para voltar a dormir e depois de muito tempo pensando em tudo, consegui. No dia seguinte, fui acordada bem cedo pois os gêmeos estavam se esgoelando querendo mamar, então passei por outra experiência incrível, dando de mamar aos dois ao mesmo tempo. Naquela manha a família também pode entrar para me ver e foi uma festa, agora nada mais existia, todos estavam maravilhados com os gêmeos. Aproveitei e pedi a Luan que fosse em casa buscar meu notebook já que eu teria bastante tempo para escrever enquanto ficasse ali. 

No inicio daquela tarde, Marcela colheu meu material para fazer alguns exames para saber a quantas andava a pré-eclâmpsia, depois disso, Luan trouxe meu not e tratei logo de colocar em no livro os últimos sonhos, mas antes, li as matérias na internet sobre o nascimento dos gêmeos:

"Nasceram os filhos de Luan Santana!"

"Agora é oficial, Luan Santana virou papai"

"Nascem João Lorenzo e João Henrique, os gêmeos de Luan Santana" 

Todas as matérias estavam informando o dia e a hora do nascimentos dos bebês, mas nada sobre o parto difícil, também não tinham fotos, mas diziam que estavam aguardando ansiosos. Nas redes sociais as fãs me mandavam mensagens de apoio e parabéns, tudo parecia bem. Fiquei boa parte da noite escrevendo a história de Lorenzo e Cecília. 

...

Fui obrigado a ir dormir em casa naquela noite, não queria deixar Nicolle e os gêmeos, mais estava exausto, a 3 noites não dormia direito, precisava de um descanso. 

A noite voou para mim que dormi como uma pedra, e no dia seguinte bem cedo, voltei para o hospital para pegar a hora da mamada dos bebês. Naquela manha Marcela também nos explicou que Nic e os gêmeos teria de ficar mais uns dias internados, para mais exames, mais observações. 

E na parte da tarde, eu tinha acabado de dar uma olhada em Lorenzo e Henrique na incubadora e estava saindo para ir em casa quando me deparo com uma figura conhecida na recepção. Quase não pude acreditar quando vi aquele homem ali, mas no impulso, fui até ele:
-O que está fazendo aqui? - Senti uma raiva súbita.
-E aí papai, parabéns! Vim visitar a Nic e os garotos. - Diogo falava descontraído. 

[Continua]

Antes de mais nada...

OBRIGADA pelos comentários de ontem, pelos elogios, sei que todo mundo está triste por Lorenzo e Cecília, eu também estou, mas era o que tinha que ser feito, 

jajá o desfecho da história deles ;)

E quanto ao capítulo de hoje...

Tudo bem, tudo lindo, 

maaaaas, 

como eu disse ontem, alguém ia voltar, 

DIOGO!

O que acharam disso? 

Por hoje é só, 

Beijokas

Mayara

@Luansmyway