Capítulo 142

[...]

Nicolle e seu eterno senso de independência, desde que nos conhecemos é assim. Talvez porque tenha batalhado a vida toda por isso, não é daquelas mulheres que gosta de vida fácil. Ainda me lembro o sacrifício que foi para que ela deixasse seu apartamento para viver morar comigo, sempre achando que ia estava incomodando todo mundo, sempre negando que precisava de cuidados e atenção, se não fosse pela doença, acho que ela estaria lá até hoje, sozinha com os gêmeos e ainda trabalhando. Ah, o trabalho foi outro quesito difícil, teve que largá-lo e nos primeiros dias quase enlouqueceu por ficar sem fazer nada o dia todo, minha mãe teve que entretê-la ao máximo com a arrumação do quarto, do enxoval e todas essas coisas para que se sentisse útil. E nem vou comentar sobre a questão financeira, a frase que mais ouvia de sua boca durante esse tempo foi "Não quero que pensem que estou com você por dinheiro", mas eu sabia disso e era o que importava. Mas esse não é o foco principal, o que estava pegando realmente naquele momento era a briga que tivemos. 

Eu ainda permanecia deitado no mesmo lugar, ainda podia sentir seu toque macio pelo meu corpo, continuava fresco em minha memória todo o amor que fizemos naquela noite e que terminou numa discussão boba por conta de onde vamos morar daqui para frente. 

Ta bom que eu disse uma vez ou outra que ficaríamos por aqui até os bebês nascerem, depois procuraríamos nosso canto, mas caramba, temos gêmeos! Dois bebês que são muito pequenos e precisam de vários cuidados. O que custa dar mais um tempinho por aqui, aproveitando a ajuda dos meus pais? 

Ok, talvez eu estivesse sendo egoísta também, estava pensando no que era cômodo para mim e não para ela, ou mascarando isso. Mas custava ela falar direito comigo? Precisava daquele nervosismo todo? Logo nós dois que fomos sempre tão pacíficos. Mesmo assim, uma das partes tinha que ceder, e eu já entendi que era minha vez. 

Levantei, me vesti e enquanto fazia isso dei uma olhadinha na cama desarrumada e isso me fez sorrir. Como podia ficar brigado com a mesma mulher que a pouco estava me levando a loucura de um jeito só seu, a mãe dos meus filhos? ... As vezes eu me sentia um idiota. 

Rapidamente fui até o quarto dos gêmeos, a porta estava somente encostada e ela estava sentada num banquinho azul, devidamente colocado entre os dois berços, segurava a mãozinha dos dois bebês olhando hora para um, hora para outro e eles dormiam tranquilamente. Olhando de onde eu estava, sinceramente, não sabia quem era Lorenzo e quem era Henrique, aliás, ninguém sabia, eles eram muito idênticos, mas resolvemos isso colocando uma etiquetazinha com o nome na roupa deles a cada troca, assim era bem mais fácil, além do fato de Nic colocar Lorenzo sempre no berço da esquerda e Henrique no da direita. 

Me aproximei silenciosamente mas sabia que ela tinha percebido minha chegada, mesmo assim, não se mexeu. Peguei um banquinho igual ao dela - quarto de gêmeos, tudo em dobro - e sentei-me a sua frente, lhe encarando:
-Esta mais calma? - Perguntei. 
-Nunca estive nervosa. - Ela respondeu séria, não me olhava nos olhos. 
-Ah não? Não quero te ver nervosa então, deve ser de dar medo. - Brinquei, mas ela não sorriu - Meu amor, olha pra mim... - Pedi levando meus dedos até seu queixo, fazendo ela me olhar - Desculpe se...
-Não quero que se desculpe Luan. - Ela me cortou - Quero que se imponha, só isso.
-Tudo bem, eu disse que nos mudaríamos, vamos nos mudar como você quer, depois do casamento. - Concordei suspirando.
-Não precisa fazer nada obrigado. Mas também não me prometa o que não vai cumprir. - Ela falava calmamente, quase magoada. 
-Não tô me sentindo obrigado Nic, e vou prometer o que eu cumpri. Eu só me sinto... Inseguro de sair de casa assim, com dois filhos pequenos, de ter que crescer tão rápido. - Apresentei meus reais motivos.

Ela silenciou, me analisando por alguns segundos, depois soltou as mãos dos gêmeos e segurou as minhas:
-O verdadeiro problema não são os bebês, é você que esta tendo que deixar de ser o filho pra ser o pai de família, simples assim. - Agora seu tom era compreensivo - Desculpe se falei besteiras, pareci grossa, é que eu já estou aqui a um bom tempo, sinto falta de ter meu canto. 
-Eu sei disso. 
-Não vamos sair daqui amanha Luan, ainda temos uns meses até o casamento pra você se acostumar, vai ver que não vai ser tão horrível. - Ela me sorriu, tentando me animar. 
-É, como diz aquele ditado "Quem casa, quer casa!" - Brinquei.
-É isso aí, e não se preocupe com Lorenzo e Henrique, a super mãe aqui da conta! - Ela bateu no peito orgulhosa. 
-Então quer dizer que não pretende mais trabalhar? - Me surpreendi - Vai só cuidar deles? 
-Escrever livros não é um trabalho? - Ela arqueou a sobrancelha sorrindo, linda - Sinceramente, não me vejo deixando essas coisinhas em casa sozinhos o dia todo, e já que você mesmo me incentivou a escrever... 
-Acho maravilhoso. - Apoiei - Você também está abrindo mão de muita coisa, acho lindo isso. 
-A vida é isso Luan, abrir mão de algumas coisas para que venham outras melhores. 
-Tem razão, você sempre tem. 

Depois disso a puxei para um beijo e ela correspondeu, selando assim a paz entre nós da melhor maneira possível, vindo de uma conversa calma e civilizada:
-Te amo, mesmo quando está brava comigo querendo as coisas do seu jeito. - falei baixinho, com a testa colada na dela.
-Não estou querendo as coisas do meu jeito, estou querendo do melhor jeito! - Explicou toda espevitada - E também amo você, mesmo sendo o filhinho da mamãe.
-Eu não sou isso, sou um cara do mundo! - protestei. 
-Ah ta, quero provas Luan Santana. - Ela zoava.
-Me aguarde. Mas posso te falar uma coisa? - Não esperei resposta - Tô exausto, você sabe porque. Podemos ir dormir um pouco enquanto eles deixam? - Apontei para os gêmeos.
-Claro, - Levantamos juntos - Você trabalhou muito bem essa noite, merece descanso. - Ela continuou a brincar massageando meus ombros.
-Eu sempre "Trabalho bem" engaçadinha. - Fiz careta.

E quando estávamos saindo do quarto, Lorenzo e Henrique choraram na mesma hora, sincronizadamente, o reloginho deles era programado na mesma hora para tudo, dormir, acordar, chorar, comer, e tivemos que ficar ali mais uns 25 minutos, ninando e cantando para que dormissem de novo, só então voltamos para o nosso ninho, e lá pegamos no sono abraçadinhos como deveria ser sempre. 

...

Depois de uma briga sem sentido com Luan e uma reconciliação regada a boa conversa - com a participação dos gêmeos, é claro - finalmente podemos dormir tranquilos e foi então que depois de um mês, sonhei de novo  com a história de Lorenzo e Cecília que agora estava triste e sem cor...

"-Eu estou grávida! Gravida! 

A bela menina que antes tinha perdido todo o seu brilho por conta da morte de seu amado, agora estava radiante de novo. Depois que descobriu sobre sua gravidez, levantou-se da cama, se encheu de vida novamente, rodopiou pela casa, beijou a abraçou seus pais dizendo:
-Viram, é um sinal! Lorenzo não esta morto, esta vivo aqui dentro de mim e quer que eu continue viva também, viva para cuidar de nosso filho! Ah como eu já amo esse serzinho que mora dentro de mim, o filho de Lorenzo, o nosso filho! 
E foi isso que deu gá para que Cecília continuasse viva, ela tinha entendido aquilo como um sinal, como a volta de Lorenzo a vida. Com seu filho ela o teria para sempre. 

Assim, Cecília não chorou mais a morte de seu marido, mas agradeceu o presente divino que tinha ganhado e jurou se esforçar ao máximo na criação daquela criança que estava por vir. Voltou a casa que antes era sua e de Lorenzo e no começo, viveu momentos difíceis por conta das lembranças tão fortes, mesmo assim, insistiu em permanecer ali, iria criar seu filho na casa que o pai dele comprou e onde foram tão felizes mesmo que por pouco tempo.

Também denunciou Ferreira a policia, acusando-o de ter matado Lorenzo e não tinha medo que ele fizesse o mesmo com ela. O próprio Ferreira foi a sua casa intimidá-la para que ela retirasse a queixa, mas a moça não cedeu:
-Mate-me também seu bandido imundo, desgraçado de uma figa! - Ela falava com bravura - faça o mesmo comigo e todos terão a prova de que você é um assassino, vamos, mate-me se tem coragem! 
E foi com essas palavras que ela enfrentou o homem que matou seu marido, tinha vontade de acabar com ele com as próprias mãos, mas sabia que seu castigo viria das mãos certas. 

Ferreira foi preso algumas semanas depois, pois com as influencias do pai de Cecília foi aberta uma investigação contra ele logo depois da denuncia, assim, Cecília sentiu-se vingada e pode seguir sua vida em paz. 

A bela menina agora bordava para fora para viver, também recebia uma pensão pela morte de Lorenzo e seus pais a ajudavam sempre que precisava, mas não abriu mão de nada, nem da casa, e muito menos do avião de seu amado aviador que ainda continha o nome dela escrito na calda. Pedro quem cuidava do avião do amigo com todo zelo do mundo, esse estava prestes a se casar com Bianca e juntos, o casal estava sempre ao lado de Cecília. 

A barriga da menina que agora ganhava feições de mulher crescia mais e mais a cada dia, e outro que estava sempre ao seu lado cuidando de sua gravidez era Doutor Luís. Cecí gostava muito dele, era sempre prestativo e simático com ela, mas nada mais que isso. 

Depois da morte de Lorenzo, os homens das redondezas até pensaram em investir na vela e jovem viúva que agora tinha um filho pra criar e precisava se casar de novo. Mas isso era o que eles pensavam, pois Cecília amaldiçoava a ideia de ter outro homem:
-Sou mulher de Lorenzo Ferraro e pertencerei a ele até minha morte, nunca serei de outro homem. 
Mas o coração do pobre e também jovem doutor Luis não entendia isso, pelos nove meses da gravidez de Cecília ele carregou em silêncio um amor gigante por ela, tão linda e encantadora. 

Em Março de 1931, nasceu o pequenino Lorenzo Ferraro Filho. Cecília fez questão que ele carregasse o nome de seu pai, pois o menino era forte e lindo como ele, ela já sabia que seria um belo rapaz. 

Mas depois do nascimento do filho de Cecília, doutor Luís decidiu que não podia mais guardar segredo sobre seu amor, então, numa tarde em que foi visitar mãe e bebê, abriu o jogo com a bela menina:
-Cecília, estou amando você, como nunca amei ninguém em minha vida!"

[Continua]

Dexxxxxxxxxxxculpem a demora amorecos, 

mas com essa coisa toda de copa e pá...

kkkkk'

E aí, o que acharam do jogo? 

Eu só vi duas coisas, o Oscar todo neném, coisa mais linda do mundo e 

a bundona do Hulk! 

kkkkkk

Brincadeira ;)

Quanto ao capítulo....

Luan e Nic se acertaram, 

e rolou sonho, 

o que acharam? 

Cecí virou uma grande mulher e 

o bebê dela se chama Lorenzo também porque eu amo esse nome e todo mundo na Fic vai se chamar assim!

hahaha'

Brincadeiras a parte, 

Doutor Luís disse estar amando Cecí, 

e agora? 

Aguardem! 

Beijos

Mayara

@Luansmyway