Capítulo 146

[...]

Por um momento, me peguei lembrando de quando tudo era "normal" em minha vida. De quando terminei a faculdade, arranjei meu primeiro emprego como uma profissional, do meu pequeno apartamento alugado na zona Leste de São Paulo, das várias noites em que minhas únicas companhias foram uma xícara de Chá quente e um bom livro de romance. 

Parecia que aquilo tudo tinha acontecido a tanto tempo, mas tinham se passado apenas um ano e alguns meses. Um ano e alguns meses da vez que tive o primeiro sonho com Cecília e Lorenzo, onde eles se conheciam com todo aquele encantamento dos anos 30. E da madrugada seguinte em que conheci Luan na mais bizarra das situações, onde ele me salvou de um assalto como nos romances modernos. 

E agora ali estava eu, depois de me ter sido revelado que tudo aquilo estava interligado, e que a explicação era a de que eu e Luan passamos por um processo de reencarnação e eu podia ver nossa vida passada claramente através de sonhos. 

Até que é bonita essa coisa de dizer que "Nosso amor vem de várias outras vidas, superou a morte!", mas claro que metaforicamente, porque quando soa verdadeiro demais, assusta. Talvez fosse um pouco difícil de acreditar que eu e Cecília eramos a mesma pessoa, ou fomos a mesma pessoa, em fim, que sua alma é a minha alma. Para mim eramos tão diferentes, tão distintas, tão desiguais, mas as provas, os fatos que nos ligavam estavam ali em minha frente, vó Amélia tinha os colocado lá. Por outro lado, era bem mais fácil acreditar que Luan era Lorenzo, os dois tinham muito em comum, ambos eram fascinantes, apaixonantes, homens incríveis beirando a perfeição. Mesmo assim, para mim, tudo aquilo parecia uma grande loucura. 

Ao chegar em casa, meus sogros se encarregaram dos gêmeos mesmo sem que eu pedisse, então aproveitei para iniciar minhas pesquisas. Eu precisava de fatos concretos, de alguma explicação lógica, algo que fosse forte o suficiente para fazer meu cérebro científico acreditar em tudo aquilo. 

Então comecei procurando o conceito de "Reencarnação", porque isso acontece, li sobre supostos casos em diversas situações, li relatos e escritos de pesquisadores que dedicam sua vida ao assunto, e foi assim durante vários dias, nada fugia do que vó Amélia tinha me dito. Também comecei a reler toda a história de Lorenzo e Cecília com atenção redobrada, buscando cada mínimo detalhe que tivesse a ver com aquela tese, que nos ligasse uns aos outros, e quanto mais eu procurava, mais detalhes encontrava. Era como se tudo aquilo fosse um quebra cabeça e eu estivesse começando a conseguir encaixar todas as peças com facilidade. 

Mas descobri também que a pessoa que reencarna não volta exatamente com as mesmas manias, os mesmos trejeitos, as mesmas crenças, o mesmo temperamento, porque antes de voltar a terra essa alma passa por um tipo de "aprendizagem", algumas mudanças, como se fosse um aperfeiçoamento e foi daí que entendi porque eu e Cecília tínhamos mais diferenças do que Lorenzo e Luan. Descobri também que não tem um tempo exato para isso acontecer, cada caso é um caso, você pode demorar 100 anos para reencarnar ou apenas um dia, foi aí que me lembrei imediatamente que eu e Luan tínhamos nascido no mesmo dia, do mesmo mês, no mesmo ano, com pouca diferença de horário e comecei a me perguntar no que isso tinha a ver. Mas se fizéssemos as contas, ele tinha esperando mais de 60 anos para reencarnar nesta vida. 

O fato era que quanto mais eu mergulhava naquele assunto, mas fundo eu queria - e precisava - ir, porque uma coisa puxava a outra e novas descobertas iam aparecendo, e aparecendo... Mas isso não queria dizer que eu acreditava que tinha acontecido comigo, daí a chegar a isso era um passo bem grande ainda. 

Durante esses dias de pesquisa, não comentei nada com Luan porque aquilo não era coisa de se contar pelo telefone. Em uma manha de segunda feira, levantei bem cedo, cumpri meu treino diário, dei banho, arrumei e alimentei os gêmeos para juntos, esperarmos Luan que chegaria perto da hora do almoço. Como ele sempre se atrasava, sentei-me na sala, Henrique e Lorenzo no carrinho a minha frente e eu com o notebook no colo mais uma vez distraída com as pesquisas. 

Fiquei tão inerte que não o vi entrando, então ele veio sorrateiramente por trás de mim e cutucou minhas costelas quase me fazendo pular de susto:
-Credo Luan, quase me matou do coração! - Reclamei. 
-Nossa, é assim que você me recebe depois de tanto tempo fora? Onde está o amor? - Ele se fez de vítima e se jogou no sofá, ao meu lado - O que estava aprontando ai, toda concentrada? - Ele espichou os olhos para o notebook.
-Umas pesquisas. - O fechei rapidamente, ainda não era a hora.
-Sobre? - Ele insistia enquanto mexia com os bebês no carrinho. 
-Meu livro.
-Hum, ótimo! E vocês em carinhas? Só de boa ai né? Venham cá no papai. 

Luan tirou João Lorenzo do carrinho e pediu que eu o ajudasse colocando João Henrique também em seu colo. Depois ficou ali, todo coruja conversando com os dois que estavam atentos, de olhinhos abertos ouvindo a voz dele. Cenas como aquela me desarmavam totalmente, o que seria melhor do que ficar olhando os três amores da minha vida ali, juntinhos? Isso mesmo, nada. 

Meus pensamentos se voltaram mais uma vez para o que vó Amélia me contou, e olhando assim para Luan, de certa forma eu sabia que estava escrito em algum lugar o nosso encontro, que nascemos marcados para sermos um do outro, que olhando por esse lado tudo fazia sentido, porque do amor se pode esperar tudo, ele tudo consegue, tudo vence. 

Voltei o olhar um pouco para os gêmeos e me lembrei de quando vovó disse que "alguém ou alguma coisa" queria me tirar da jogada, queria me impedir de viver aquele momento que estava vivendo agora. Lembrei-me da tragédia com Lorenzo e Cecília onde ele morreu e ela ficou com um filho para criar, mas e se eu também tivesse morrido como "o lado negro da força" queria? E se eu não estivesse ali, Luan estaria sozinho com os gêmeos - lágrimas inundaram meus olhos. 

E porque gêmeos? Quantas vezes me fiz essa pergunta. Agora ela poderia ter uma resposta. Um deles veio para compensar o filho da vida passada que Luan - ou Lorenzo - não pode ver crescer, talvez fosse isso, ou seria viagem demais da minha cabeça? 

-Ou, Amor, Nicolle... - Luan me chamava, despertei dos pensamentos.
-Desculpa, me distraí. - Sorri de canto.
-Tava longe em? - Ele sorriu gostosamente - Sabe que você ainda não me deu nem um beijo depois que cheguei? 
-Ah, mil perdões por isso. - Então delicadamente segurei seu rosto e o beijei por vários minutos até que um dos bebês resmungou - Mamãe vai dar um beijinho em você também pequeno. - Falei com voz de bebê e beijei não só Henrique "o reclamão", mas também Lorenzo que estava quietinho. 

Depois disso, fomos chamados para almoçar. Os bebês voltaram para o carrinho enquanto Luan matava a saudade de seus pais e assim comemos tranquilamente. Depois do almoço, subimos os 4 para o quarto:
-Preciso conversar com você sobre uma coisa meio... estranha. - Iniciei. 
-Vixi, o que é? - Ele voltou sua total atenção para mim. 
-Lembra que disse que tinha sonhado com Lorenzo e Cecília, e eles... eram nós dois? - Ele afirmou - Então, conversei com vó Amélia sobre isso... 

E assim, devagarinho, lhe contei todos os detalhes da conversa, das pesquisas que eu estava fazendo, de tudo que aconteceu ao longo desses dias, de todas as descobertas, todas as semelhanças enquanto ele só ouvia em silêncio, até que concluí:
-Eu sei, é loucura, você pode achar tudo isso besteira, eu sinceramente não acredito nessas coisas espirituais, mas você sabe como minha vó é, ela falou com tanta propriedade e querendo ou não tudo parece tão coerente que... Não sei o que pensar. 

Depois respirei fundo e o encarei, esperando que falasse alguma coisa. 

[Continua]

Anjos da minha vida, 

antes de mais nada desculpem pelos dois dias de falha, 

tava resolvendo umas coisas e também fazendo pesquisas para 

"os novos projetos" 

hahaha' 

#Novidades #Aguardem #VaiSerTop

Quero agradecer pelos comentários, pela compreensão, 

pelos elogios, por tudo, vocês são demais ;)

Fico feliz que tenham entendido o que eu quis passar aqui na Fic e que respeitem minhas ideias. 

Joyce kkkkkkkkk' Eu avisei mesmo que não ia entender sem ler a parte de Cecília e Lorenzo muié, agora ta lascada! kkkkk' 

Quanto ao capítulo...

Nicolle esta em suas reflexões sobre o assunto, 

mas e Luan? 

O que vai dizer? 

Aguardo vocês aqui a noite para o outro capítulo que postarei, 

Beijos

Mayara

@Luansmyway