Capítulo 165

[...]

Foi duro. A pior sensação que já senti na vida foi ouvir Nicolle me lançando todas aquelas palavras que caíram sobre mim como facas afiadas. Depois que ela saiu do quarto, não consegui mais pregar o olho. Parecia que aquelas palavras iriam me perseguir e atormentar  a vida inteira. Tudo que foi dito, da forma que foi dito... Ela me chamou inúmeras vezes de irresponsável, disse que eu não amava nem me preocupava com meus filhos, que para mim tanto fazia estar com eles ou não, mas isso não era verdade, jamais. 

Sim, eu cometi um deslize, um deslize feio eu diria. Mas no momento em que tudo aconteceu, para mim, não pareceu assim tão grave. No inicio da noite, quando saí para o show, eu estava realmente preocupado com Lorenzo, mas aquilo já tinha acontecido outras vezes, ele tomava os devidos remédios e tudo ficava bem, porque naquela noite não seria da mesma forma? Eu fiquei sim preocupado com ele todo o tempo, mas eu tinha que fazer o show com alegria e entusiasmo, era a primeira vez que eu tocava em Florença, e foi justamente por isso que aceitei ir ao jantar, porque a primeira impressão é sempre a que fica. 

Nicolle disse que era apenas um jantar com gente fútil e "vadias", ela deduziu isso pela foto que viu, mas aquelas pessoas eram do evento, e dependendo a visão que tivessem de mim, poderiam me contratar outras vezes, para outros eventos. Porém, quem trabalha com isso sabe que nos tratamos de negócios sempre animadamente, descontraindo, bebendo e as mulheres... Ah meu Deus, quando ela vai entender que nenhuma outra mulher me interessa mais?

Eu poda ter lhe dito tudo isso n hora da briga, mas ela veio para cima de mim com tanta ferocidade, tanta raiva, parecia que tinha todo aquele discurso pronto e não me daria oportunidade de me explicar, como se eu fosse um criminoso que não merece defesa. 

Tudo bem, eu errei, e foi ela que me fez enxergar isso dizendo aquilo tudo. Também não tiro sua razão de estar magoada, chateada, decepcionada comigo. Mas temos que resolver isso da melhor forma possível, não quero que ela volte para o Brasil, não quero que nossa viagem acabe, só quero acertar as coisas, só isso. 

Eu sou um bom pai, sei que sou. Mas não sou nenhum Expert no assunto, ela tem que entender que estou aprendendo e que para mim é difícil, mudar o ritmo, o estilo de vida. Não estou acostumado a cuidar nem de mim mesmo, quanto mais de dois bebês!

As lágrimas rolavam sem que eu percebesse, as palavras de Nicolle tinham cumprido sua missão que era me fazer refletir sobre meu comportamento. Eu estava fazendo isso naquela madrugada enquanto esperava ela voltar para o quarto... Tudo bem, eu sabia que ela não voltaria, ou melhor, só voltaria para pegar as malas, mas quando ela voltasse, eu estaria ali, esperando para tentar uma reconciliação, me desculpar e reparar meu erro.

...

O resto daquela madrugada, fiquei chorando e desabafando com Yara sobre tudo que tinha acontecido.Ta vez para outras pessoas não seria a melhor ideia, envolver a babá nesse tipo de assunto, mas eu precisava falar com alguém e Ju, a mais indicada, não estava ali naquele momento. Mas Yara me ouviu atentamente e até deu sua opinião sobre o assunto:

-Posso dizer o que eu acho de tudo isso? - Perguntou timidamente. 
-Claro. - Enxuguei o rosto e tentei me recompor. 
-Que ele errou, isso não se discute de nenhuma forma, é fato. - ótimo, ela começou bem me dando razão - Mas você tem que analisar outros pontos, como o fato de que ele é uma estrela, um cara jovem, pai de primeira viagem, alguém que esta acostumado a ser cuidado e não a cuidar. 

Enquanto ela falava eu só ouvia, lhe olhando atentamente. Ela continuou:
-Nesse tempo que trabalho com vocês, tenho observado muito, e percebi que Luan é um completo menino, tudo para ele é simples, é leve... 
-É verdade. - Eu sabia bem dessas características. 
-Ele não vê maldade nas coisas e nesse caso não foi diferente. Ele só não conseguiu dar a devida importância ao caso, aliás, todos os homens são assim, eles tem uma maneira diferente de enxergar as coisas. Não estou dizendo para livrá-lo da culpa! - Ela jogou as mãos para o ar - Acho que isso tudo serviu para lhe dar um choque de ralidade, apontar o erro. Você se sentiu desconfortável com essa posição "relaxada" dele e mostrou isso, agora cabe a ele mudar. 
-Vamos ver se vai mesmo mudar. - Fiz careta. 
-Claro que vai, ele é um cara maleável, não é como esses brutos que a gente vê por ai. - Ela sorriu - No fim tudo vai ficar bem, você vai conseguir o pai dedicado que quer para seus filhos. 
-Você fala tão tranquilamente, parece que tudo é muito simples pra você também. Mas não é Yara! Olha aqui a foto, olha a cara dele, e essas... essas mulheres ai, isso ta com cara de trabalho? Ta com cara de safadeza, isso sim! - Mostrei-lhe a maldita foto. 
-Ah, então o problema não é só ele não ter se importado com Lorenzo não é? - Ela deu outro sorrisinho - Mas sim o bom e velho ciúme. 
-Você acha que não tenho motivos? Se fosse o seu homem ai, o que faria? 
-Antes de me separar eu era assim como você, até pior eu diria, mas existem casos e casos não é? Assim como existem homens e homens. Acho que Luan é bem fiel, apesar dos sites de fofoca quererem dizer o contrário...
-Nem me fale disso. - Fiquei com mais raiva - Não interessa também! Se ele é fiel, se não é... Pelo menos bom pai ele tem a obrigação de ser! - Levantei e andei de um lado pro outro. 
-Vamos mesmo voltar pra casa? - me acompanhou com os olhos. 
-Com toda certeza do mundo. 
E assim, encerramos aquela conversa. 

O tempo resolveu passar mais rápido e quando o sol nasceu, respirei fundo e voltei ao quarto que era meu e de Luan para arrumar as malas, minhas e dos meninos. 

Abri a porta devagar, o tempo sozinha tinha feito a raiva sessar um pouco mais a decepção continuava a mesma. Não demorou para que eu o visse, deitado sobre a cama, tinha trocado de roupa e me olhava atento. Entrei, fechei a porta e me dirigi as coisas que estavam todas pelo chão do quarto. 

Peguei a mala grande onde estavam minhas coisas e coloquei sobre a cama no lado oposto de Luan, depois peguei a dos bebês, também coloquei sobre a cama e comecei a catar as coisas deles espalhadas e jogar dentro da mala:
-Vai mesmo embora? - Ele perguntou quebrando o silêncio. 
-Acho que já conversamos sobre isso. - Falei sem desviar minha tenção do que estava fazendo. 
-Não, nós não conversamos Nicolle. - Ele sentou-se para me olhar melhor - Você falou, falou, mas não me ouviu! 
-E você vai dizer o que Luan? - parei e o encarei - Não vim aqui para brigar, tudo que queria ter dito já disse, só vim pegar as coisas para ir embora. - Voltei ao que estava fazendo. 
-E a nossa viagem? Vai acabar assim? Você queria tanto isso Nic, queria tanto estar aqui, ainda nem fomos para Veneza... 
-Perdeu o sentido, perdeu a graça, para mim toda a Itália perdeu a magia depois de ontem, fim. - Enfiei as coisas na mala com força - Vá você para Veneza, aproveite tudo por lá. - Ironizei. 
-Fala direito comigo, por favor... - Ele pediu. 
-Estou falando direito com você, eu, joão Henrique e João Lorenzo vamos voltar para casa. 
-E como fica nós dois? 

Parei por um instante, mas sem olhá-lo. Aquela pergunta tinha sido meia impactante. Nesse momento ele levantou-se devagar, se aproximou, tirou minhas mãos que tentavam fechar a mala e as segurou entre as suas, estava muito perto, eu podia sentir seu cheiro bom:
-Não quero que vá, quero vocês perto de mim, os três. - Continuou com a voz mais doce do mundo. 
-Vai ser melhor para todos Luan, - falei num tom mais brando - tenho medo que Lorenzo volte a piorar, vai ser melhor que ele volte pra casa. Quanto a nós... Vai ser um tempo bom para você pensar em tudo que lhe disse ontem. - Soltei minhas mãos das suas. 
-Olha, me desculpa, eu errei, é eu sei, eu fui um idiota, deixei vocês, mas eu me arrependo disso, eu pensei em tudo que você disse, eu sei que eu cometi um erro, mas você tem que entender que... - Ele começou a falar meio que desesperadamente, mas eu o interrompi. 
-Hoje você parte pra Veneza não é? Descansa e faz o show amanha, no dia seguinte volta para casa e lá conversamos. - Tentei fazê-lo compreender que não dava para eu ficar. 
-Porque Nicolle? Conversamos aqui, agora, você fica, os bebês ficam, Lorenzo vai ficar bem... 
-Ta vendo Luan. - O interrompi mais uma vez - Outra vez não esta pensando na saúde do seu filho, não esta pensando que ele pode piorar se ficarmos. - Falei desapontada.

Ele suspirou, errou de novo, talvez sem querer, mas já estava dito e registrado:
-Acho que já acabei, se encontrar alguma coisa que eu esqueci, leve por favor. - Engoli seco e arrastei as malas desajeitadamente até a porta.

Depois do que eu disse sobre Lorenzo, ele não teria coragem de pedir que eu ficasse mais uma vez, então apenas me deixou ir, sabendo que naquele momento, nada mais podia fazer. 

Então, com a ajuda de Yara arrumei os gêmeos, nos arrumamos também e pedimos um táxi, de lá fomos para o aeroporto sem dar satisfação a ninguém, consegui um voo para aquela manha mesmo e finalmente embarcamos, sem olhar para trás. 

[Continua]

Não me apedrejem porque ela voltou para casa ok? 

kkk'

De certa forma ela fez isso por Lorenzo, 

também não tinha mais clima nenhum de continuar ali né? 

Porém, há uma luz no fim do túnel certo? 

Em casa eles vão conversar direito, 

vai ser bom, todo mundo de cabeça fria..

A Nicolle "sente demais", ela da muita importância a tudo, essa é uma característica dela, é seu jeito, por isso tem gente que acha que ela exagera as vezes e de fato exagera, mas é a personagem, a criei assim. Lembram dela no começo? Toda romântica, sentimental, intensa... Em fim, está e nossa Nic*--*

Rita Vitória "Seja bem vinda", você passou de fantasminha a leitora oficial que comenta e interage comigo, isso é bom! hahaha' 

A partir de agora quero ver você sempre dando sua opinião por aqui ok? 

Beeeijo

Então, acho que é só,

e não se esqueçam que... 

Após a briga sempre tem aquela reconciliação maravilhosa, cheia de amor e tudo mais...

Garanto que depois dessa "liçãozinha" 

Luan vai virar uma seda! 

hahaha'

Aguardem & Comentem

Beijos

Mayara

@Luansmyway