Capítulo 31

"As vezes a gente fica cego, a verdade tá bem ali, na nossa cara, mas a gente não vê, ou talvez não quer ver."

[...]

-Solta ela! Não ta vendo que ela não quer ir a lugar nenhum com você? - Ju gritava perto de nós, estava rodeada de seguranças.
-Calma, calma - O cara que estava comigo colocou as mãos pra cima me soltando - A gente só tava conversando. 
-Sei bem que tipo de conversa, vem Nicolle, Obrigada meninos! 

Ao dizer isso, Ju me puxou pela mão para a saída e depois disso, entramos dentro do carro:
-Ju eu... - Tentei falar mais ela me interrompeu.
-Nicolle, espera a gente chegar em casa, porque a conversa vai ser longa. - Ela falou apenas isso sem me olhar, então em calei até chegarmos em casa. 

Fomos direto para o meu apartamento e assim que entramos, Juliana começou a falar:
-Você ficou maluca? Já pensou se eu não tivesse chegado com aqueles seguranças? O que aquele imbecil ia fazer com você Nicolle? 
-Nada demais, eu estava controlando a situação. - Falei e me senti zonza na mesma hora, sentei. 
-Ah eu vi como estava controlando. Nicolle, deixa eu te explicar uma coisa, numa boate como aquela, que não é tão "bem frequentada" quanto outras por ai, ninguém se importa com ninguém entendeu? Se aquele cara te batesse ali mesmo, te levasse a força, ninguém ia fazer nada. Sua sorte era que os seguranças são meus amigos, se não, você tava frita! A gente tem que escolher nossas companhias Nicolle, mesmo que seja na balada. - Ju falava fazendo gestos com as mãos. 
-Ai Ju, você ta fazendo tempestade em copo d'água, não ia acontecer nada. E outra, porque esta me dizendo tudo isso se você faz a mesma coisa? Toda noite com um cara diferente, vai me dizer que nunca aconteceu o mesmo com você? - Tentei me defender.
-Eu não escolho um cara qualquer, eu converso, sabe o que é isso? - Ju começava a ficar nervosa - E conversando, você sabe diferenciar quem presta e quem não presta, quem quer te levar pra cama e quem não quer! Você tem muito o que aprender sobre esse mundo Nicolle, e a primeira lição, é que caras como aquele não estão pra brincadeira, então se você sabe que não vai até o fim, não comece!

Ela parou um pouco para respirar, permaneci calada, ela continuou:
-Olha Nicolle, no começo eu tava gostando desse negócio de mudança, visual novo, gostei de ver você se tornando mais determinada, dando o troco em quem merece, saindo mais, procurando se divertir, mas existem vários tipos de diversão e essa que você está seguindo não é a certa. Mas eu sei o que está pensando nesse momento, que eu sou a pessoa mais errada pra te dar lição de moral, mas se você prestar atenção, eu não arrumo problemas! - Ela apontou o dedo pra si mesma - Eu estou realmente adorando sair com você, mas não tô nem um pouco a fim de bancar sua mãe de novo ta me ouvindo? 
-É Juliana, você é a pessoa mais errada do mundo pra me dar lição de moral! - Levantei tentando me impor, já estava cansada de todo aquele sermão - Eu não pedi sua ajuda em nenhum momento, você me tirou de lá porque quis!
-Te tirei de lá porque sou sua amiga! - Ela não acreditava no que ouvia.
-Eu não preciso dos seus concelhos, não preciso que aja como minha mãe, também não me interessa se você aprova ou não as decisões que estou tomando! 

No fundo eu não sabia porque estava dizendo tudo aquilo, mas as palavras, uma vez ditas, jamais podem ser apagadas, e aquelas ficaram cravadas em Ju, fazendo seus olhos encherem de lágrimas naquele momento:
-Você acha mesmo que vale a pena destruir a sua vida por conta de uma relação que não deu certo? Qual será o seu próximo passo? Vai usar drogas? Se prostituir? - Ela tentava me dar um choque de realidade.
-Cara, se ouve Juliana, olha só o que você ta me dizendo! - Fiquei indignada.
-No começo eu realmente achei que você ia se tornar uma pessoa melhor, porque quando a gente cai, se levanta mais forte pra continuar, mas não foi assim. Você perdeu totalmente o controle de você mesma. Se olha Nicolle, você sai toda noite, bebe além da conta, beija qualquer cara, a Nicolle de antes nunca faria isso e quer saber de uma coisa, eu tenho saudade dela. 
- É muito fácil apontar os defeitos dos outros e se esquecer dos seus né? Você faz exatamente a mesma coisa, desde que a gente se conhece!
-Mas estamos falando de você! - Ela gritou. 
-Vai ficar só na saudade da pessoa que eu era, já falei que ela morreu, não volta mais! Estou gostando de mim assim e vou continuar assim e se você esta tão incomodada com isso, se afaste! - Uma lágrima escorreu em meu rosto.

Juliana me olhou como se tivesse levado um golpe violento naquele momento, mas engoliu seco e disse:
-Tudo bem, espero que não se arrependa das decisões que está tomando. 
E ao dizer isso, ela saiu batendo a porta. 

Depois que Juliana saiu, desabei num choro subto, no fundo eu não queria ter feito aquilo, mas foi preciso - ou pelo menos eu achava que era preciso - então eu fiz, no calor do momento. Eu já estava longe demais pra voltar atrás e trazer de volta a antiga Nicolle, também não queria isso, porque finalmente eu estava conseguindo mudar, deixar de ser a boba distraída de antes e se Ju não entendia isso, não fazia sentido nenhum tê-la ao meu lado, mesmo que doesse. 

Sem perceber, eu estava afastando as pessoas que mais gostavam de mim, mas elas não desistiriam e a vida me mostraria que aquele não era o caminho, e antes disso eu ia "apanhar" um pouco pra aprender. 

Fiquei acordada o resto da madrugada pensando em tudo que estava acontecendo e assim que o dia amanheceu, peguei meu carro e fui ao encontro da única pessoa no mundo que eu tinha certeza que não me apedrejaria de nenhuma forma, mas sim, me daria o colo que eu estava precisando naquele momento, Vó Amélia. 

Cheguei o mais rápido que pude a casa de repouso, encontrei minha vó tomando ainda seu café da manha junto com outros velhinhos, cumprimentei a todos e depois, eu e vó Amélia fomos far um passeio ali mesmo no jardim:
-Ah que saudade que eu estava de você minha neta! Mas notei que cortou os cabelos, pintou as pontas, está linda, embora eu preferisse do outro jeito. - Ela me envolvia pela cintura enquanto andávamos.
-Também senti saudade vó. Resolvi mudar um pouco.  - Falei meio desanimada e ela percebeu.
-O que aconteceu com você? Me parece triste, dá ultima vez estava tão feliz. - Ela me olhou.
-Muitas coisas aconteceram, lembra do rapaz que a senhora disse que estava destinado a cruzar meu caminho? Acho que ele veio só dar uma passada rápida. - Tentei sorrir, mas queria chorar.
-Não diga, mas eu vi na sua mão que ele veio pra ficar. 
-Ele não era nada do que eu pensava, mentiu pra mim, me enganou todo o tempo. Dessa vez, eu acho que a senhora errou na leitura da minha mão. 
-Dá-me cá de novo, vamos ver o que mudou. - Ela pegou minha mão direita e paramos ali mesmo onde estávamos.

Vó Amélia analisou por alguns minutos e começou a falar:
-O rapaz ainda está aqui. Mas, algumas coisas mudaram, em você...
-Estou lutando pra isso vó, pra não deixar ninguém mais me machucar de novo.
-Sabe que não vai conseguir mudar por dentro não é? - Ela me olhou com um ar de sabedoria. 
-Vamos mudar de assunto? - Falei tentando desanuviar o ambiente - Estou de férias! 
-Ah, que bom, e o que pretende fazer com esse tempo livre?
-Quero organizar umas coisas lá em casa, depois vou ficar uns dias com meus pais, minha irmã...
-Ingratos, faz tempo que não vem me visitar. - Vó Amélia reclamava.
-Devem estar sem tempo vó.
-Sei, sem tempo, acredito. Também, não me importa que não venham, desde que você venha sempre, já basta. - Ela fez um carinho no meu rosto. 
-Eu venho sempre que puder, prometo. 

Naquele dia, passeia  manha inteira com a minha vó, ouvindo suas histórias e recebendo seu cafuné, e quando chegou a hora de ir embora, meu coração ficou apertado, não queria voltar para o mundo lá fora onde a vida estava sendo bastante dura comigo, mais era preciso:
-Estou sentindo seu coração angustiado menina, sei que não me contou tudo que está acontecendo, mas respeito isso. - Ela falava.
-Vai passar vó. - Tentei sorrir - Agora eu já vou, mas volto ok? - Dei um beijo nela. 
-Vai com Deus, vou te esperar. 
E quando eu virei as costas e dei alguns passos ela me chamo novamente:
-Nicolle! 
-Oi Vó...
-O rapaz gosta de você, mais do que você imagina e a história de vocês esta só começando. 
Ela mostrou tanta convicção ao falar aquilo que até me arrepiei. Minha vó sempre acertava em tudo que falava, mas não no fato de Luan gostar de mim, dessa vez ela estava errada e mesmo que eu quisesse muito acreditar naquilo, não podia.

E assim, peguei meu caminho de volta e quanto cheguei a cidade, resolvi passar na livraria, mas não tinha como estacionar na frente dela, então parei um pouco antes, na frente de uma loja, quando algo me chamou atenção... 

[Continua]

Vixiii,

As coisas andam tensas...

Ju salvou Nicolle de uma roubada,

mas as duas brigaram. 

Nicolle esta completamente cega com essa ideia de mudar a todo custo e não quis ouvir nem a melhor amiga, 

mas posso adiantar que Ju não vai desistir, e vai ter um ajudante especial nessa tarefa de trazer a velha Nicolle de volta, 

será que alguém sabe quem é? 

haha'

Aguardem isso no capítulo de amanha.

Mas Nic também foi visitar sua avó que é toda mistica e disse que "o rapaz" gosta dela e que a história deles ainda ta só começando...

E o que será que chamou a atenção da Nic na loja em? 

Então por hoje é só, desculpem o pequeno atraso, me enrrolei

kkkkk'

Beijos

Mayara

@FCAsCoelinhasLS