Capítulo 40

[...]

-Ta bem moça? - O garçom do restaurante chegou ao meu lado perguntando, enquanto eu enxugava as lágrimas que ainda insistiam em cair depois da tensa conversa com Luan. 
-Não, eu já tô indo embora. - Falei levantando.
-Tem certeza? Não quer uma água? - Ele insistia.
-Não, obrigada mesmo assim. - Acenei, peguei a bolsa e fui em direção a saída. 

Voltei pra casa derrotada, mal tinha forças pra fazer qualquer coisa, mesmo assim, passei o resto da tarde arrumando minhas coisas para seguir viagem pra casa dos meus pais. Ia ser bom passar aquele tempo com eles para recuperar as energias mais isso não queria dizer que eu estava jogando a toalha e desistindo de Luan, só daria esse tempo, pra mim e pra ele, na esperança de que com o passar dos dias ele reflita um pouco mais sobre o assunto. 

No finzinho da tarde, quando Ju chegou do trabalho, veio direto a  minha casa saber o que tinha acontecido, contei tudo a ela que ficou decepcionada:
-Mas nós sabíamos que não ia ser fácil né? - Ela segurou minha mão.
-É... Foi horrível amiga, se você visse como ele está frio, distante. - Senti vontade de chorar de novo. 
-É apenas mágoa Nicolle, uma grande ferida aberta no peito dele que vai fechando aos poucos. Tempo é o remédio, sempre. 
-Eu vou dar esse tempo, a mim e a ele. Mas não vou desistir, não conseguiria mais viver sem ele. 
-Tenho certeza que ele também sente algo por você, e no que depender de mim, vou continuar ajudando amiga, pode contar sempre. - Ela me abraçou.
-Obrigada, de verdade.

Depois disso nos despedimos, resolvi partir naquela hora mesmo para casa dos meus pais, pegaria 5 horas de estrada se dirigisse com cuidado numa velocidade média, então, para me distrair e não pensar besteiras, liguei o rádio, mas como se fosse um sinal, uma ouvinte tinha acabado de pedir uma música de Luan que começou a tocar:

-"O quarto meio escuro, a janela aberta, a porta encostada, a lua está tão bela, e eu tô aqui sentindo falta de você, já vi todos os filmes, li todos os livros e tô esperando a próxima novela, tudo porque eu tô tentando de te esquecer..." 

Sua voz me invadiu por completo e me causou um misto de paz e agonia, e a próxima parte da música parecia exatamente com o que eu estava sentindo naquele momento:

-"E em qualquer lugar que eu vou, onde você está eu estou... O meu pensamento te segue, e a saudade me persegue, o meu amor não envelhece, cê não sai da minha mente, é que você me causa febre, de uns 40 graus ou um pouco mais eu quero é você, eu amo só você, e o resto tanto faz."

Senti meus olhos se embaçarem, aquilo era a minha verdade cantada por ele, por onde eu fosse, sempre existiria algo que me lembrasse ele, o meu pensamento o seguia dia e noite, ele não saia da minha mente e tudo que eu queria era ele, o seu amor e o resto, tanto fazia. Mas nem tudo é como a gente quer e eu estava sentindo isso na pele.

...

Naquela tarde, depois que chegamos do restaurante, contei tudo a Rober sobre a conversa com Nicolle e ele também ficou surpreso quando soube quem eram os mentores do "plano maligno" para os separar:
-A Erica? Aquela Erica? Cara, a mulher é louca! - Ele falava - Mas também, ela foi abandonada, trocada por você e mulher abandonada é o capeta né? Cê sabe. 
-É, não nego que não fiz certo com ela. Mas precisava ter feito tudo isso? 
-E o ex da Nicolle? Eles estão juntos? Eu entendi bem?
-Parece que sim. Aquele cara é um idiota, mauricinho metido, devia ter arrebentado ele enquanto podia. - Cerrei os punhos.
-Calma Anderson Silva, violência não leva ninguém a nada, já o amor... O que sentiu quando ela disse que te amava? 
-Fiquei surpreso, sei lá, claro que isso mexeu demais comigo. Mas ela deixou pra dizer isso quando tudo já estava perdido. 
-Você está vivo, ela também, nada está perdido. - Rober me jogou mais uma de suas filosofias. 
-Porque você a defende mesmo depois de tudo? - o olhei incrédulo.
-Porque eu gosto dela, sei que é uma menina boa apesar de tudo e sei também dá loucura que é isso que você sente por ela Luan, e na minha opinião, coisas assim só acontecem uma vez, e a gente tem que aproveitar a chance. - Ele levantou - Agora fica pensando nisso ai porque eu vou trabalhar, na minha carteira de trabalho não consta que sou "conselheiro sentimental", por tanto, não recebo por isso. 

E depois que ele saiu, fiquei mesmo refletindo naquelas palavras. Mesmo assim, minha opinião continuava a mesma, nada muda, pelo menos por enquanto. 

...

Cheguei a casa dos meus pais já tarde da noite, mesmo assim, eles e minha irmã me esperavam:
-Minha filha, que saudade! - Mamãe já veio me abraçando - Você está diferente, mudou o cabelo, o modo de vestir... Ainda mais linda! - Ela fez eu dar uma voltinha. 
-É, resolvi mudar. - Falei sem ânimo.
-Deixou de ser a maria mijona de sempre? Parabéns Nic! - Antonela, minha insuportável irmã de 14 anos veio me abraçar também. 
-Já você, continua a mesma adolescente irritante né? - Baguncei os cabelos dela que se irritou, mas no fundo a gente se gostava.
-E o velho? Não ganha um abraço? - Meu pai Saulo, grande como um urso, veio me esmagar com seu abraço apertado. 
-Ah pai. 

Depois disso, minha mãe me fez contar detalhes sobre minha vida, minha rotina, o trabalho e chegou no assunto que era pra ser proibido, pelo menos naquele momento:
-Está namorando? 
-Não mãe, não estou namorando. - Sorri de canto.
-Ninguém quer ela mãe, aceite isso. - Antonela se manifestou, fiz careta pra ela. 
-Eu trabalho muito, não tenho tempo pra conhecer ninguém. - Me expliquei.
-Então agora é a hora, sabe o Fábio? Binho? Filho da Neide aqui do lado... - Minha mãe começava a criar asas.
-Ow pare, pare pare agora com isso dona Alice, por favor! - Implorei.
-O que? Só quis te avisar, achei que quisesse vê-lo, depois de tanto tempo.
-Não quero, não quero! 
-Ele tá um gato. - Antonela falou, fuzilei ela com o olhar.
-Tô nem ai, ele era cruel quando criança, deve estar pior nos dias de hoje. Vou guardar minhas coisas e tomar um banho e assuntos sobre Binho, o filho da vizinha, são proibidos para mim ok? 

Saí de la o mais depressa possível e foi para o meu quarto, tudo que eu não precisava naquele momento era de mais problemas. Então tomei um bom banho, vesti meu pijama e depois foi comer um lanche que minha mãe tinha preparado, enquanto a cabeça estava distante, em Luan pra ser mais exata. Constatei que seriam difíceis esses dias ali sem ele, e eu nem queria pensar na hipótese de ele não me perdoar nunca mais e ter que encarar o resto da vida, depois de ter sentido seu sabor. 

Em fim, todos fomos dormir - ou pelo menos os outros foram - e eu, me revirei até alta madrugada, só consegui pegar no sono de manha. Quando acordei, já era quase meio doa do dia 24 de Dezembro - Natal - e minha mãe preparava aquele almoço gostoso cheio de fartura, então fui ajuda-la, sem nem imaginar o que me aguardava para aqueles próximos dias. 

O destino ia brincar comigo mais uma vez me unindo a Luan novamente, bem antes do que eu pensava.

[Continua]

Meus amorzinhos, 

Mil desculpas por não ter postado ontem, é que era o niver de 5 aninhos da minha prima, ai minha tia pediu que eu ajudasse ela com os preparativos e eu passei o dia e a noite tomada com isso, quando cheguei em casa, estava só o bagaço. 

Maaaaaaaaaas, em compensação, hoje será 2 capítulos, 

esse e outro a noite ;)

Quando a história...

Luan continua irredutível,

Nicolle está na casa de seus pais,

mas eles vão se encontrar antes do que vocês imaginam,

Também vem por ai, mais um episódio da história de Lorenzo e Cecília.

AGUARDEM!

Beijos

Té mais tarde!

Mayara

@FCAsCoelinhasLS