Capítulo 107

[...]

Ainda na noite da Segunda -Feira...

Mesmo sem querer, deixei Nicolle naquela noite. E enquanto estava a caminho de casa, pensava no que ela tinha me dito sobre passar mais tempo com minha família e vi que tinha razão. Talvez eu tivesse mesmo deixado a desejar em algum momento, talvez dei mais atenção a Nicolle do que a meus pais nas voltas de viagens, mas o amor que eu sentia por ela era tão grande, tão forte, que por mim, passaríamos todos os minutos da vida juntos. 

Quando cheguei em casa, notei que meu pai estava ao telefone com alguém, parecia ser importante, mas ele me viu e acenou. Perguntei com gestos onde estava minha mãe e ele indicou o andar de cima, deduzi que ela estava no quarto, então fui até lá. 

Coloquei a cabeça pra dentro da porta que estava entre-aberta e ela, que lia uma revista atentamente, logo percebeu que eu estava aqui:
-Hum, você voltou. - Falou em tom brincalhão e largou a revista.
Imediatamente, juntei-me a ele na cama e a abracei:
-Eu disse que voltaria. Fui só levar a Nic em casa, sabe que ela é um perigo né? A gente descuida um pouquinho e ela para no hospital. - Brinquei também.
-Nem me fale. 
-Voltei também porque estava com saudade, nem conversamos direito com toda essa loucura. - Aninhei-me nos braços dela como quando criança, ela me acolheu.
-É verdade, muita coisa aconteceu em pouco tempo. - Ele me olhou como se esperasse alguma coisa.
-O que acha de tudo isso? Digo, da gravidez? - Fui direto.
-Precoce. - Ela respondeu de imediato - Mas, fazer o que? Aconteceu. 
-É, a gente não queria que fosse assim, mas... Sabe que, eu estou bem feliz! - Sorri animado, era verdade.
-Da pra ver nos seus olhos - Ela sorriu também - Que bom que está feliz, é seu filho, não pode rejeitá-lo, nunca. 
-E você? Como se sente em relação a isso? 
-Não sei, ainda não acredito muito que vou ser avó... Quando a gente pensa em vó, vem logo uma velhinha, de cabelos brancos, fazendo doces e rodeada de netos, acho que eu não me pareço com isso né? - Ela brincou, sorri e fiz que não com a cabeça - Mas talvez, quando a barriga dela começar a crescer, ou quando o bebê nascer, eu me sinta mais... Não sei, mais avó. 
-Mas além disso, está preocupada não é? - A encarei.
-Luan, eu sempre estou preocupada quando o assunto é você. Seja quando viaja, quando está aqui como agora, ou fazendo qualquer coisa. Mas estou um pouco mais preocupada com isso realmente. Não com o fato de criar o bebê, mas como vão fazer isso, separados? Cada um em sua casa?  se chegarem a morar juntos, vai ser só porque se sentem na obrigação por causa do filho? - Ela fez uma pausa - Vocês quase não se conhecem, estão juntos a... quanto tempo? 
-5 meses. - Respondi.
-Isso mesmo. Fora a vida de cada um, você, nessa loucura de sempre, ela, iniciando sua carreira de Jornalista, alguma coisa vai ter que mudar ai, não acha? Vocês só tem 23 anos...
-A senhora era mais jovem quando me teve. - Quis apenas lembrar, acho que idade era o que menos importava naquele momento.
-Exatamente por isso sei do que estou falando. Eu e seu pai tivemos que abrir mão de muita coisa por você, já falamos sobre isso e não estou dizendo que me arrependo, ou faria diferente, mas queria que você tivesse feito. 
-Eu sei... - Desviei o olhar.
-Só que isso não importa mais. Também acredito que é Deus quem comanda nossas vidas e se ele quis que esse bebê viesse agora, algum propósito tem, assim como você tinha quando veio ao mundo. - Ela acariciou meu rosto.
-Tem toda razão. 

Silenciamos por um instante, e lembrei-me do quesito "Ausência", mas não queria tocar naquele assunto, não naquele momento, eu sabia das minhas falhas e iria tentar mudar isso. Naquele momento eu só queria ficar ali, com ela e nada mais, então sugeri:
-Que tal um filme? Ah quantos milhões de anos a gente não vê um filme juntos? - Liguei a TV e comecei a procurar alguma coisa. 
-Ótima ideia. 
Ela falou apenas isso, mas eu sabia que ela estava pensando algo mais - ela sempre estava - Mesmo assim, ficamos ali juntinhos por várias horas, e foi aí que percebi o quanto estava precisando daquilo, e o quanto me renovou e deu forças.

...

Naquela manha, antes de ir a casa de repouso visitar Vó Amélia, passei na livraria e lhe comprei um livro. Minha vó adora ler e eu herdei isso dela eu acho, então, eu que já sabia seus gostos, escolhi um livro que falava sobre vida após a morte e essas coisas em que ela acreditava. Depois, enfrentei um pouco de transito até chegar lá, mas quando finalmente cheguei, voei para dentro e encontrei minha vó no lugar de sempre. 

Estava no jardim, sentada no mesmo banco de sempre, tomando sol. Parei e fiquei a olhá-la por um instante, meu coração apertou - sempre apertava - pois eu queria poder tirá-la de lá, levá-la comigo para casa e poder cuidar dela como ela merecia, mas a vida não me permitia isso, agora grávida então, menos assim.

Me aproximei dizendo:
-Vó? 
-Nicolle, ah, minha Nicolle! - Ela ficou feliz em me ver, me abraçou apertado e indicou que eu senta-se junto a ela. 
-E aí, como está? - Perguntei sorrindo e segurando sua mão.
-Feliz em ver você. Está tão bonita, mais ainda que o normal, seu rosto está iluminado, sua aura está diferente, mais viva, você também está feliz. - Ela afirmou.
-Estou. - Concordei.
-Sonhei com você durante o fim de semana todo, sonhei que estava doente, depois sonhei que estava grávida. - Ela falou e eu me arrepiei por completo, quase caí do banco ao ouvir isso.
-Sonhou isso? - Perguntei incrédula.
-É. Porque o espanto? Meus sonhos são mesmo realidade? - Ela me perguntou natural.
-Bom... é que... - Gaguejei - Eu realmente passei mal esse fim de semana, cheguei a ir para o hospital e lá, descobri que estou grávida, mas... Mas como...

Eu não conseguia concluir, não podia acreditar que ela tinha acertado daquela maneira. Mas vó Amélia me olhou como se já soubesse que seus sonhos iam se concretizar, como na vez que ela sonhou que Antonela ia quebrar o braço quando tinha 6 anos, ou na vez que mamãe ia ganhar na loteria, ela fez o jogo, mas não jogou e os números que ela tinha escolhido foram realmente os sorteados:
-Então, acertei de novo. - Ela sorria - Meu Deus você está mesmo grávida, que alegria! - Ele me beijou na bochecha. 
-A senhora me assusta as vezes. - Confessei.
-Você ainda vai acreditar que existe mais do que nossos olhos podem ver, ainda vai ter a prova, uma prova tão forte que não vai poder se recusar a ela. E vai ver que tudo que eu sei e digo é importante. - Mais uma vez ela me lançou um de seus enigmas. 
-Tudo bem. - Balancei a cabeça - Vim aqui hoje porque precisava conversar, contar da gravidez, ouvir seus concelhos e principalmente pedir uma luz para saber como faço para contar isso aos meus pais. - Mordi o lábio.
-Hum, sua mãe vai morrer de felicidade, mas seu pai... - Ela conhecia bem as peças.
-Pois é. 
-Mas de que isso interessa? Você é independente, dona de seu próprio destino, não precisa deles para nada. Além de tudo, tem o pai do seu filho com você. - Ela deu de ombros.
-Sabe quem é o pai do meu filho? - Brequei, ainda não tinha dito a ela que eu e Luan tínhamos voltado. 
-Luan, quem mais seria? Vi no meu sonho que ele estava com você, que esta feliz e que não vai te deixar. 

Sorri ao ouvir isso. E me vi já mais tranquila, pois conversar com Vó Amélia me dava toda força e coragem do mundo:
-Mesmo assim, sabe que eu vou ter que enfrentar muita coisa né? - Fiz careta.
-Vamos ver isso agora, venha, me dê sua mão. - E lá fomos nós.

Depois de alguns minutos analisando minha mão, vi que a expressão de minha vó mudou bruscamente, ela que antes era só sorrisos, agora parecia preocupada:
-O que tem aí? - Me interessei de imediato.
-Você tem razão, vai ter que enfrentar algumas barreiras. Mas nada que você não consiga suportar. - Ela virou a palma da minha mão para baixo e finalizou a leitura.
-Como assim? O que vai acontecer? - Fiquei nervosa.
-Já disse, nada que não consiga suportar. Mas você tem que tomar cuidado. - Ela me encarou.
-Porque vó? Meu pai vai ficar uma fera? Vai me odiar? As fãs de Luan vão ficar estéricas? Erica e Diogo vão voltar pra me fazer mal? 
-Tem que tomar cuidado com você menina, com seu filho. Vai chegar uma hora que esses problemas que acabou de citar vão virar pó perto de... - Ela exitou.
-Perto de que? O que vai acontecer comigo? - O medo começou a me invadir.
-Você já sabe que nem tudo pode ser revelado não é? 
-Não acredito. Está me dizendo que vão acontecer coisas terríveis e eu não posso saber para tentar evitar? - Não aceitava.
-Quantas vezes vou ter que repetir? Você vai conseguir passar por tudo. E ah, antes que eu me esqueça, na próxima consulta vai ter uma surpresa. - Ela voltou a sorrir. 

Sim, o coração, já sabia. Mas não era disso que eu queria falar, queria saber o que ia acontecer, queria palavras claras, explicações. Mas sabia que ela não daria, então, o jeito seria mudar de assunto e seguir no escuro, com medo até da minha sombra a partir de agora. 

Continuamos a falar sobre o bebê, sobre minha volta com Luan, sobre como eu contaria os meus pais, em fim, muitas coisas, mas tive que voltar, pois iria trabalhar na parte da tarde então me despedi e prometi voltar o mais rápido possível e a última frase de efeito que Vó Amélia me disse foi:
-Não desista dessa gravidez, não desista de Luan, e acima de tudo, não desista da sua felicidade. 

Enquanto entrava no carro, fiquei pensando, "porque eu desistiria da gravidez, essa ideia nunca me passou pela cabeça, com ou sem Luan, com ou sem meus pais ou os dele, eu levaria isso adiante." Também nunca desistiria de Luan, depois de tudo que enfrentei pra tê-lo comigo, mas o que ela estava querendo dizer? 

Eu acabei ficando muito confusa. Mas quando olhei em meu celular, 10 ligações perdidas de Juliana, aí comecei a me preocupar de verdade e retornei imediatamente:
-Nicolle? Cadê você? Fala comigo! - Ela gritava estérica do outro lado da linha.
-O que aconteceu? Porque tantas ligações? - Perguntei.
-Você ão veio trabalhar, achei que tinha passado mal de novo, fiquei desesperada, liguei, você não me atendeu, fui até em casa e o porteiro disse que você saiu cedo, onde está? Porque faz isso comigo? 
-Calma, Calma, estou na casa de repouso, vim ver vó Amélia e vou trabalhar agora a tarde, já falei com Valter. 
-Meu Deus, porque você não me avisa Nicolle? Achei que tinha acontecido alguma coisa com você, com o Juninho, Não faça mais isso! - Ela me reprendia enquanto eu ria.
-Ta bom mamãe, relaxa, tô bem... espera, quem é Juninho? 
-Seu filho, quem mais? 
-Pare! Pare agora mesmo de chamar meu filho de Juninho! - Ordenei.
-Vou chamar de que? Escolha um nome pra ele então.
-Como vou escolher Juliana, nem sei se é menino ou menina ainda. - Revirei os olhos.
-Eu acho que é menino. 
-Mas não é Juninho! Agora vou desligar e dirigir, almoçamos juntas? 
-Claro, manda um beijo pro Juninho. - Ela ria brincando com a minha cara.
-Quando eu chegar ai a gente acerta. - E desliguei.

Depois que desliguei, dirigi o mais cuidadosamente possível, ainda pensando em tudo que Vó Amélia tinha me falado. Ao chegar, fui direto almoçar com Ju, conversamos, rimos muito e depois, voltamos juntas para o trabalho. Lá, conversei com meu chefe e lhe expliquei tudo que havia acontecido, também contei da gravidez e pedi que guardasse segredo por enquanto, sabia que ele faria isso. 

A tarde,Luan me ligou perguntando se poderíamos ficar juntos em sua ultima noite de folga, pois ele partiria sem saber quando voltaria. E tinha como recusar um pedido daqueles? Não. Então, dali, trabelhei o máximo que pude, quando terminei meu expediente passei no supermercado e comprei coisinhas para fazer um jantarzinho para o meu amor e finalmente fui para casa. Ufa, fiz muitas coisas naquele dia e ainda, passaria a noite acordada levando em conta que Luan estaria comigo. 

Assim que cheguei em casa, guardei as coisas na geladeira e Luan me ligou novamente dizendo que se atrasaria um pouco pois estava resolvendo coisas que não entrou em detalhes, mas jurou que jantaria comigo, pois como ele mesmo disse: "não é todo dia que você esta disposta a cozinhar!" 

Então, deitei-me no sofá para descansar um pouco, Penélope estava sobre mim, e assim, acabamos cochilando, nós duas. E nesse breve cochilo, sonhei com Lorenzo e Cecília...

"Depois de finalmente casados, no quarto da pousada acolhedora onde passariam a Lua de Mel, Lorenzo e Cecília se beijavam com todo o amor do mundo. Agora faltava pouco para pertencerem totalmente um ao outro, para toda a eternidade. 

Naquela noite ele usou de toda sua delicadeza com sua bela menina, a despiu lentamente, peça por peça, e parecia fascinado ao descobrir o corpo perfeito dela que tanto imaginou nas noites que passava sozinho pensando nela. Sua pele era perfeita, branca como leite, sem nenhuma imperfeição, tinha as curvas perfeitas, tudo era proporcional, e já lhe pertencia tanto.  

Cecí fez o mesmo com as roupas dele, com um pouco mais de pressa, sempre decidida e seus olhos brilhavam também ao descobrir o corpo do homem com quem tanto sonhou. Ele era forte, músculos definidos, mas tinha traços delicados, pele lisinha, e o cheiro era embriagador e inconfundível. 

Ao contrário do que ele pensou, ela não ficou nervosa, ou sentiu vergonha, mas se entregava totalmente a ele, que pode regar todo seu corpo com beijos e caricias, escutando seu arfar de prazer. Depois ele voltou a boca, lhe beijando enquanto deslizava as mãos por seu corpo, a conhecendo mais e mais. Enquanto isso, ela desfrutava de cada sensação que ainda não conhecia, e o puxava mais para si, o querendo tanto que mal podia se conter. 

Se olharam nos olhos por um instante, Lorenzo já estava com seu corpo sobre o dela, podia sentir em seu próprio peito, o coraçãozinho acelerado da moça pulsando loucamente, então disse:
-Eu amo você, Cecília, Te amo minha bela menina. E prometo te fazer a mulher mais feliz do mundo, enquanto eu viver. - A voz dele era rouca e sedutora, a fez delirar ainda mas.
-Também amo você Lorenzo, você é o homem da minha vida. - Ela disse quase num sussurro.

Então, ao ouvir isso, ele a beijou novamente, e o amor aconteceu. Ali, Cecília que até então nunca tinha sido de outro homem, se entregou a ele, de corpo e alma, e dali, teve mais certeza ainda de que não queria ser de mais ninguém, que seu homem era Lorenzo e que seria dele e somente dele, para todo o sempre. Já Lorenzo, tinha tido outras mulheres por suas andanças pelo mundo, mas naquele momento, teve a prova de que nenhuma delas se quer chegaria aos pés de Cecília e que finalmente ele descobriu o amor. Tinha toda a certeza do mundo, de que não queria mais ninguém, pois ela já era suficiente, mais que isso, ela era unicamente sua, moldados na mesma forma, duas partes de um inteiro perfeito. Pertenciam um ao outro e nada mais importava. 

Dali em diante ninguém mais seria capaz de separá-los, nem a tão temida morte. Porque assim como seus corpos, suas almas se fundiram, se entrelaçaram num nó que jamais podia ser desfeito, que atravessaria tudo. 

Exaustos, suados, ofegantes, mas plenamente felizes. Ela repousava a cabeça sobre o peito dele que lhe fazia carinhos nos cabelos. Prevaleceram em silêncio por um longo tempo, foi então que ele perguntou:
-Como se sente? 
-Feliz, completa... Sua! - Ela respondeu e o olhou sorrindo.
-Minha, para sempre. - Ele reafirmou. 
-Você já esta me fazendo a mais feliz do mundo. Bendito seja o dia que entrou em minha vida. - Ela acariciou o rosto dele.
-Para nunca mais sair. - Ele sorriu.
-Nunca mais. 

E assim, se beijaram novamente, e mais uma vez tive provas, de que aquele era o amor mais bonito que já existiu."

Então acordei. E percebi que estava com um sorriso estampado em meu rosto. Não existia casal mais lindo do que Lorenzo e Cecília, ou melhor, existia, eu e Luan. E por falar nele, percebi quando adentrava meu apartamento, para me fazer feliz naquela noite, assim como Lorenzo tinha feito com Cecília. 

[Continua]

Então amores, desculpem por não ter postado ontem,

é que Dia das Mãe né, 

família reunida, já viu!

Prometo que compenso! ;)

Thamires, você pediu fotos de Lorenzo e Cecí, então, se a Nic não vê o rosto deles nos sonhos, vocês leitoras também não vão poder, por enquanto kkk' Maaaaaas, quando for a hora, vou colocar as fotos deles em destaque, ou seja, quando Nicolle puder ver os rostos, vocês também vão poder. E garanto que vão amar conhecer Cecília e Lorenzo, posso adiantar que eles são LINDOS, já tô até com as fotos aqui. 

Mas por enquanto, fica a critério da imaginação. Depois vocês vão entender o porque, prometo! ;)

Para a Priscila que pediu, dialogozinho entre Luan e sua mami sobre os acontecimentos, fiz!  

Gostaram? 

Mas, falando do capítulo...

Luan conversou com sua mãe, 

tudo bem, tudo zen.

Nic falou com vó Amélia que disse umas coisas não tão boas,

o que será que vem por ai?

E 

noite de núpcias do casal mais fofo do mundo! 

Gostaram?

Espero que sim!

Aguardo comentários...

Beijos

Mayara

@Luansmyway