quarta-feira, 14 de maio de 2014

Capítulo 109

[...]

Quando cheguei a casa dos meus pais, eram quase 10 da manha. Eles e Antonela me receberam bem como sempre, cheios de abraços, carinhos e perguntas:
-Cadê o Luan? Porque ele não veio? - Antonela perguntou toda afoita.
-Ele esta viajando, fazendo shows, você sabe. - Respondi natural - Mas mandou beijos e abraços para todos. 
-Porque você demorou tanto a vir filha? Sentimos sua falta. - Minha mãe me abraçou de novo.
-O trabalho me consome mãe. Também tenho visitado muito vó Amélia, coisa que vocês não fazem. - Alfinetei. 
-Tenho certeza de que ela não sente nossa falta. - Meu pai rebateu, parecia bem humorado naquela manha. 
-Sua com certeza não pai, mas de mamãe e Antonela... - Olhei para elas com cara feia.
-Sei que estamos em falta com sua vó, mas vou tentar arranjar um tempo. - Minha mãe falou.
-Acho bom. 

Nos sentamos todos a mesa, era sempre assim, quando eu ia para lá nos fins de semana, todos me esperavam para tomarmos café juntos:
-Então, como anda sua vida de celebridade? - Minha mãe perguntou batendo palminhas.
-Não tenho isso mãe. - Me encolhi.
-Ah, você é a namorada do maior cantor do Brasil, sem falsa modéstia Nicolle. - Antonela falou enquanto se servia de leite.
-Tento fazer disso o mais normal possível. - Admiti.
-Porque é uma tonta, tinha que aproveitar os momento de glamour, isso sim. - Minha irmã irritante como sempre. 
-E você? Quando vai arrumar um namoradinho, cuidar de sua própria vida e deixar a minha em paz? - Fiz careta.
-Quando ela estiver pelo menos na faculdade, ainda não é hora para isso. - Meu pai abriu a boca para se manifestar.

Apenas sorri, papai sempre ciumento, e isso me lembrou do que eu tinha que lhe contar. Meus estômago revirou mais uma vez, então resolvi começar pelas partes mais brandas:
-Pai, meu sogro disse que quer marcar um churrasco, para as famílias se verem de novo. Aquele dia na festa de aniversário foi tudo tão rápido. 
-É, pode ser. - Ele respondeu apenas isso. 
-Vamos adorar, os pais de Luan são ótimas pessoas. - Minha mãe completou.

Calei-me novamente, pensei em esperar até mais tarde para contar sobre a gravidez, mas aquilo estava me deixando nervosa demais, tinha que falar logo e também, se caso eu precisasse fazer uma saída dramática da minha casa, ainda seria dia. Então, respirei fundo, olhei para todos eles e disse:
-Eu tenho uma novidade pra contar. 
-Boa ou ruim? - Antonela perguntou de boca cheia.
-Boa. - Sorri de canto.
-Então vamos, fale! - Minha mãe incentivou.

Olhei mais uma vez para meu pai que também esperava a novidade, até que respirei fundo, tomei impulso e disse:
-Estou grávida. 
Ao ouvirem isso, todos pararam de mastigar, beber, ou fazer qualquer movimento e me olharam com expressões de espanto:
-Isso mesmo, tô esperando um filho do Luan e por favor falem alguma coisa. - Completei.
-Gravida? - Minha mãe quem falou primeiro.
-Isso mesmo. - Abaixei os olhos - Aconteceu, não foi planejado. 
-Quando descobriu? De quanto tempo está? - Ela continuou com as perguntas.
-Descobri essa semana, tô de 6 semanas ou um pouco mais. 

Todos se calaram, até Antonela parecia chocada demais para falar, e meu pai, nem me olhava. Até quem em determinado momento ele levantou-se da mesa e saiu pela porta da sala sem nada dizer. Nesse instante, uma lágrima escorreu pelo meu rosto, sim, ele teve a pior das reações, o silêncio. 
-Ei filha, não chore. - Minha mãe veio me abraçar - Eu adorei essa noticia, de verdade. 
-Mas meu pai odiou. - Choraminguei.
-Você sabe como ele é, detesta ser pego de surpresa. - Ela beijou minha cabeça - Ele é um homem a moda antiga, você sabe, sempre sonhou que terminasse seus estudos, arrumasse um bom emprego, casasse e fizesse tudo direitinho. Mas a ordem das coisas se inverteu um pouco, o que tem de mal nisso? 
-Eu sabia que ele ia reagir assim. 
-Ele só precisa pensar um pouco, no fundo eu sei que o sonho dele é ter netos. Aposto que até o almoço ele volta, aí vocês conversam, só os dois, ele vai entender. - Ela enxugou meu rosto.
-E se ele não entender? Não quero ter que ficar brigada com vocês e...
-Isso não vai acontecer. Até parece que você não sabe que seu pai morrer por vocês duas. Ele nunca aguentaria ficar de mal com você. - Ela sorriu - Nós vamos te apoiar, pode ter certeza. Mas e o Luan? Já sabe? 
-Sabe, foi o primeiro a saber. Ele está comigo mãe, está feliz, falando até em casamento. - Sorri lembrando. 
-Então, seu pai tem que saber disso também. O pai do seu filho não é um canalha, você não será uma mãe solteira, e se for também, isso não importa. 
-Eu só queria que ele ficasse feliz... 
-Ele vai ficar filha, todos vão ficar. 

Nesse momento senti Antonela ao meu lado, deu um soquinho no meu ombro e disse:
-Para de chorar mulher! Cê vai ter um filho do Luan Santana e tá preocupada com o que meu pai vai pensar? ... Eu estou muito feliz se isso te interessa. 
Apenas sorri a a puxei para um abraço. 

Pelo menos minha mãe e minha irmã tinham gostado - ou fingido - da notícia, mas meu pai não. A opinião dele sempre foi importante para mim, assim como eu também sempre soube dos seus conceitos e pré conceitos. Meu pai tinha sua própria visão sobre a vida e não era influenciado pelas mudanças que o tempo fazia a sua volta. Mas ele era meu pai, e tinha que me amar incondicionalmente e me apoiar em tudo, não agir daquela forma, frio e hostil. Quando ele chegasse íamos sim conversar, mas seria uma conversa definitiva, ele teria que decidir, se rejeitaria a mim e ao meu filho, ou não. 

As horas se passaram, mamãe tentou me distrair com vários assuntos, mostrando como sua orta estava bem cuidada, dizendo que tinha me visto na internet e tudo mais. Porém, nada deu certo, meu pai tinha conseguido realmente me entristecer. 

Também falamos mais sobre a gravidez, contei a ela e a minha irmã todos os detalhes que sabia e também contei das visitas a vó Amélia, mas muito vagamente, afinal, tinha coisas que era muito particulares nossas, sempre foi assim. 

Eram quase 14:00, nos fins de semana almoçava-se tarde lá em casa, mas tudo estava quase pronto, foi então que Luan me ligou. Fui para meu antigo quarto, onde eu ficava sempre que ia para lá, para falar melhor com ele:
-Oi meu amor. - Atendi sem ânimo.
-Oi, e aí, como você tá? Já falou com seus pais? - Ele parecia ansioso.
-Falei, minha mãe e minha irmã reagiram bem, mas meu pai... - Suspirei - Não falou nada, saiu de casa e até agora não voltou, foi horrível, você tinha que ver, foi como se ele tivesse me desprezado sabe? - Quis chorar, mas segurei.
-Sabíamos que ia ser difícil minha linda, mas não fica assim, dê tempo para ele. 
-Não quero que nosso filho seja rejeitado por ninguém quando nascer, ele não merece isso. - Falei baixinho.
-Não vai ser, ele vai ter todo o amor do mundo, o nosso amor sempre vai ser suficiente. - Ele era perfeito.
-Não queria que fosse assim... 
-Vai dar tudo certo, eu prometo! Não fica mal não vai... Eu te amo. - Quase pude ver sua expressão preocupada em minha frente.
-Não sei o que faria sem você, Também te amo, muito! 
-Lembre-se que você sempre vai ter a mim Nicolle, aconteça o que acontecer. Mesmo que todos te virem as costas, eu vou estar lá, sempre! - Me emocionei mais ainda ao ouvir aquilo.
-Vou me lembrar, sempre! 

Mas nesse momento, ouvi a porta se abrir atrás de mim. Já estava pronta para xingar Antonela e mandar ela parar de ouvir minha conversa, quando me depara com meu pai, bem ali, com a mesma cara inexpressiva de antes, mas talvez, alguma coisa tivesse mudado:
-Posso entrar? - Ele perguntou baixinho.
-Claro... - Me voltei para o telefone - Amor, te ligo depois tá, beijo.

Meu pai entrou e sentou-se junto comigo na beirada da cama. Silenciamos por um instante e eu não aguente mais esperar:
-Está me odiando? - Perguntei baixinho, tentando não chorar.
-É impossível odiar um filho, quando o seu nascer, vai saber disso. - Ele encarava o nada, com os dedos entrelaçados.
-Não está me odiando, mas também não está feliz. 
-Não foi isso que sonhei para você. 
-Você tem que sonhar pra você pai e não pra mim. - O olhei mas ele não me olhou.
-Só acho que... 
-Que foi precoce, que não era a hora, que vai mudar toda a minha vida... Eu também acho isso pai! - O interrompi bruscamente - Quando falo que aconteceu, que não planejei, parece que ninguém me escuta. Mas o que tenho pra fazer agora? Criar e amar meu filho, é isso! 
-Você tinha tanto pra viver Nicolle... - Ele alterou um pouco a voz.
-Pai, pelo amor de Deus eu não vou morrer, só vou ter um filho! - Falei mais alto que ele. 
-E como vai criar esse filho? Sozinha? 
-Não, ele tem pai, estava falando com ele nesse momento. E ao contrário do meu próprio pai, Luan esta me apoiando em tudo, comigo a todo momento. 
-Eu não disse que não vou te apoiar. - Ele voltou a falar baixo.
-Então o que é isso? Porque essa discussão? ... Eu só queria um abraço, ouvir você dizer que está feliz porque vai ter um neto, só isso. 
-Eu só... fiquei surpreso. 
-Só que eu pai, nesse momento, não estou precisando de nada mais do que apoio. - Levantei e caminhei pelo quarto - Como acha que eu me senti quando saiu daquele jeito sem me dizer uma só palavra? Como acha que eu me sinto sendo julgada por todo mundo? Como acha que me sinto quando alguém rejeita minha gravidez? Todo mundo se mostra muito preocupado com meu futuro, com meu trabalho, com o que ainda tenho pra viver. Mas com meus sentimentos ninguém ta nem aí. 
-Você quer ser compreendida, mas não esta me compreendendo. - Ele finalmente me olhou.
-Não, não estou e nunca vou compreender essa sua reação. 
-Eu queria ver você casada um dia Nicolle, não grávida de um cantor sertanejo que hoje está com você e amanha só Deus sabe. A quanto tempo estão juntos? 
-Não meta Luan no assunto... 
-Claro que ele tem que estar o assunto, ele é o pai não é? 
-Quer saber? Já deu pra mim. Fique com sua opinião formada, sua cabeça fechada para o mundo, eu vou embora. 

E assim, peguei minha pequena mala que estava sobre a cama e saí do quarto. Como previa, ele não tentou me impedir. 


[Continua]






Eita negada...
Não foi fácil com o pai da Nic em!
O que vocês acharam? 
Aguardo comentários ;)

Ja já tem mais um capítulo ok?

Quero todo mundo aqui *-*

Beijokas
Mayara
@Luansmyway

2 comentários:

  1. Ai q dó da Nic , ela não merece isso , o pai dela tem q fazer as pazes logo e aceitar a gravidez. Continua ,bjsss

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