Capítulo 120

[...]

Quando Valter viu eu, Luan e Ju entrando em sua sala, ficou bastante surpreso - por ver Luan principalmente - mas tentou agir com naturalidade:
-Nicolle, estava sentindo sua falta por aqui. - Ele sorriu e cumprimentou a todos - Sentem-se. 
-Eu que vou sentir falta disso aqui. - Murmurei querendo chorar.
-Como? 
-Nada. - Tentei me animar - Quer dizer, vim aqui porque preciso conversar uma coisa séria com você. -Iniciei e a expressão dele mudou.
-O que houve? Você esta bem não está? Os bebês? - Eu sabia que sua preocupação era sincera.
-Estamos bem, ou melhor, não tão bem. - Eu não sabia o que dizer - O fato é que, já contei a você dos meus problemas de pressão não é? - Ele afirmou - Ontem, passei muito mal no período da noite e minha médica veio correndo me atender em casa - Fiz uma pausa e olhei pra Ju que parecia imensamente surpresa, mas não falou nada - então, descobri que tenho...  Pré-eclâmpsia, uma doença que acomete as gravidas que tem hipertensão. 

Era difícil para mim falar aquilo assim, abertamente, porque me ouvir queria dizer ter que aceitar e eu ainda não aceitava totalmente aquele fato, embora estivesse totalmente empenhada em vencer a doença. Mesmo assim, ouvir aquilo em alto e bom som ainda era doloroso demais, tanto pra mim, quanto para Luan, eu podia ver isso em seus olhos.

Minhas palavras causaram choque em Valter e principalmente em Ju que me olhava atônita, mas percebi que não sabia direito do que se tratava:
-Eu já li um pouco sobre essa doença. - Meu chefe falou baixo, parecia extremamente compadecido com minha situação - Nunca poderia imaginar que uma menina jovem e cheia de saúde como você... - Ele não concluiu.
-É, ninguém poderia. Mas essa é minha realidade, então, vou ter que abrir mão de várias coisas, me dedicar totalmente a minha saúde, aos bebês. Eu tenho que ter repouso absoluto, estou quebrando essa regra porque precisava vir aqui, falar olhando em seus olhos. Você é o melhor chefe do mundo, fez tanto por mim, me admitiu quando eu saí da faculdade, sem experiência nenhuma... 
-Ah menina, você é excepcional! - Ele me interrompeu sorrindo com a boca, mas o olhar era de tristeza - Tem futuro, vai ser uma grande jornalista um dia.  
-Obrigada. Talvez você tenha razão, mas o fato é que nesse momento, vou ter que deixar minha profissão, deixa meu trabalho por conta da minha condição física, você me entende não é? 

Nesse momento, meu chefe abaixou o olhar. Senti Luan apertar de leve minha mão e também, Ju em pé ao meu lado, com a mão em meu ombro em sinal de solidariedade, a olhei e vi seus olhos marejados:
-Eu entendo você. - Valter falou por fim - Mas confesso que não queria perder uma funcionária tão boa quanto você. - Ele me sorriu - No fundo eu já sabia que ia ter que te dispensar um pouco antes, por um bom tempo, mas não imaginava que fosse agora. Mesmo assim, você está coberta de razão em pensar em você, nos seus filhos, tem de se cuidar. 
-Eu sabia que ia me entender, você sempre me entende. - Não controlei uma lágrima que escorria no meu rosto.

Dei-lhe uma de minhas mãos e ele beijou delicadamente, depois disse:
-Foi um prazer trabalhar com você Nicolle Andrade, volte a hora que quiser, sua vaga aqui estará sempre aberta, mesmo que eu ache que depois dessa gravidez você vá alçar novos voos. E mais uma coisa, está obrigada a trazer os gêmeos mais famosos do Brasil pra gente conhecer ok? - Todos sorrimos.
-Pode deixar chefe! - Brinquei.
-Força, vocês vão conseguir passar por essa prova do universo. 
-Vamos sim. 

Depois disso, Valter trocou algumas palavras com Luan e depois nos abraçamos forte, mas o ponto daquele encontro foi quando estávamos prestes a sair:
-Esperem, quase me esqueci, olhe o presentinho que comprei para os bebês. - Ele me entregou dois embrulhos, um azul e um verde, sorri de imediato.
-Ah, não precisava.
-Claro que precisava, abra! 
Desembrulhei um e Luan outro, mas ficamos tecnicamente chocados com o que vimos:
-Camisas do Vasco? Não cara, Vasco não, eles vão ser Corinthians! - Luan que protestou primeiro segurando a mini camiseta do vasco. 
-Que isso? Tem que ser Vasco! - Valter jogou as mãos pro ar enquanto eu e Ju gargalhávamos. 
-Presente é presente, a gente não troca e nem vende. - Falei a pequena tima que minha vó sempre repetia para mim quando criança - Vou guardar, mas não acho que eles vão usar isso aqui não, até porque eu também sou Corinthians. - Confessei.
-Ta bom né, fazer o que? - Valter deu de ombros e sorriu - Sorte para todos vocês. 

E assim, finalmente saímos da sala de Valter, só então, Ju se manifestou, eu nunca tinha visto ela tanto tempo calada:
-Amiga eu... eu... nem sei o que dizer. - Ela admitiu.
-Temos muito o que conversar. - Falei.
-Passo no seu ap hoje a noite. - Ela afirmou.
-Ah, outra coisa, estou me mudando hoje pra casa de Luan. - Fiz careta, não tinha pensado em como seria não ser mais vizinha de Ju, depois de tantos anos.
-Como assim? Você vai me deixar? Cara, você vai me deixar? - Seus olhos marejaram de novo, mas dessa vez ela não segurou as lágrimas. 
-Precisamos conversar, preciso te explicar a situação... - A abracei com toda a minha força.
-Janta lá em casa hoje Ju, assim vocês conversam. - Luan falou.
-É bom você ter uma boa explicação pra me dar Nicolle, ou não vou responder por mim. - Ela enxugou o rosto. 
-Eu tenho. E além disso, não estou em mudando pra marte. - Tentei sorrir.
-Não, só pro outro lado da cidade, já pensou na gasolina que vou gastar pra ir te ver? - Ela já estava brincando de novo, aquela era minha amiga.
-Luan paga sua gasolina! - Brinquei  e ele sorriu lindamente.
-Que isso? Vai querer me dar uma sesta básica também é? - Ela colocou as mãos na cintura de um jeito engraçado - Sou uma mulher independente, homens não pagam minha gasolina, ainda mais homens que não são meus. 
-Ainda bem que você sabe que ele não é seu. - Brinquei de novo. 
-Estarei lá hoje a noite, espero que tenha boa comida. - Ela me abraçou de novo.
-Vai ter. 
E assim, nos despedimos momentaneamente. Se tinha uma coisa que eu não queria perder na vida era Juliana, e mesmo com tudo aquilo, sabia que ela estaria sempre ao meu lado, com toda a distância, problemas, em fim, ela estaria lá. 

Consulta feita, trabalho resolvido, e ainda eram 11:45 da manha. Então, fizemos o seguinte, passamos em minha casa e preparei uma malinha com coisas básicas. Já tinha feito esforço demais por um dia, precisava descansar, então deixaria a "mudança total" para outro dia. E assim foi feito, por volta de 13: 20 já estávamos na casa de Luan, todos na mesa, almoçando. 

Contamos a eles tudo que tinha se passado na noite anterior e o fato de eu ter aceitado me mudar para lá:
-Ah, que bom que aceitou vir para cá Nicolle, estamos muito felizes porque agora vamos acompanhar tudo de perto e cuidar de você. - Meu sogro tomou minha mão.
-Tem certeza que não vou incomodar vocês? - Mordi o lábio.
-Claro que não, ainda mais depois do que aconteceu, você precisa de cuidados. - Minha sogra quem respondeu, me surpreendi com aquele comportamento.
-Viu amor, agora sim vou poder viajar tranquilo, deixo você nas melhores mãos do mundo. - Ele me deu um selinho.
-Nem sei como agradecer tudo que estão fazendo por mim, eu realmente... - Não tinha palavras.
-Você é uma de nós agora, mãe dos nossos netos. - Amarildo sempre fofo, não tinha como não se emocionar.

Na parte da tarde, explicamos melhor aos pais de Luan, tudo sobre a pré-eclâmpsia e Luan reforçou milhões de vezes para sua mãe o que eu tinha que fazer, como tinha que me comportar e tudo mais. Depois, eu e Luan vimos um filme para aproveitar  tempinho juntos que ainda tínhamos, a noite, Ju veio prontamente, jantamos todos juntos e nem preciso dizer que os pais de Luan se apaixonaram pela simpatia e desenvoltura de Ju que arrancou sorris deles a noite toda. Depois do jantar, tivemos um longa conversa sobre tudo, e como eu previa, ela me entendeu e apoiou, mesmo com a coisa da mudança, disse que me ajudaria com as minhas coisas e me visitaria regularmente. Também ficou super otimista em relação a doença, me empurrando pra frente e dizendo que iriamos passar por essa "mole-mole". 

Depois que Ju foi embora e que todos se recolheram, nós fizemos o mesmo, e deitados juntinhos, Luan comentou:
-Estamos morando juntos, isso soa tão... 
-Estranho? - Interrompi.
-Não. 
-Sério? - Dei mais um palpite.
-Também. - Ele sorriu.
-O que então? 
-Maravilhoso. - Ele falou pausadamente e me beijou.
-É bom ouvir isso. - Sorri.
-Sei lá, parece que eu sabia desde o inicio, sabia que isso ia acontecer. - Ele me olhou profundamente.
-Aquela velha sensação... - Iniciei.
-... de que nos conhecemos a muito tempo. - Ele completou - Isso mesmo. 
-Mas você tem que parar de pensar pelo "lado mágico" das coisas - fiz aspas com mas mãos - E encarar que estamos dando extrema seriedade ao nosso relacionamento, tipo, morando juntos, vamos ter filhos... - Lembrei-o.
-E isso não é maravilhoso? - Ele me olhou como se fosse óbvio - Claro que vamos ter nosso cantinho um dia, mas uma coisa de cada vez, você precisa de cuidados, minha mãe vai cuidar de você e depois... Bom, depois é depois. 
-Eu te amo, demais! - O surpreendi com um beijo.
-Eu também, pra sempre. - Ele me devolveu o beijo.
-Tem mesmo que ir amanha? - Perguntei manhosa.
-Tenho, mas volto assim que puder, promete, jura que vai se cuidar e que qualquer coisa, por menor que seja, vai me ligar? - Eu já tinha jurado aquilo algumas vezes.
-Prometo, Juro juradinho. - Beijei os dedos e ele riu. 
-Que bom, agora deixa eu aproveitar vocês um pouquinho mais... 

E assim, passamos a noite quase toda em claro, conversando com os gêmeos, fazendo planos e falando apenas de coisas boas. No dia seguinte pela manha Luan teve mesmo que partir, então, lembrei-me de uma coisa importante, teria de contar a minha mãe tudo que estava acontecendo e não sabia qual seria sua reação. 

[Continua]

Oiiiê ;)

haha'

Passei sí um pouquinho da hora hoje kkkkk

Maaaaaaas, 

Nic resolveu sua situação no trabalho e já esta "morando" com Luan, 

mas ela precisa contar isso a seus pais, 

e agora? 

=x

Lorenzo e Cecília no proximo capítulo! 

haha' 

Beijokas

Inté amanha

Mayara

@Luansmyway