sábado, 24 de maio de 2014

Capítulo 121

[...]

-Nicolle, já estava estranhando não ter me ligado esses dias. - Minha mãe já atendeu falando assim. 
-É que meu tempo foi curto esses dias, descobri o sexo dos bebês, todos aqui estão em festa! - Resolvi começar pelas novidades felizes.
-Então me conte, é um casal como eu previa? - Ela perguntou ansiosa.
-Não, dois meninos. - Sorri orgulhosa. 
-AAH! DOIS MENINOS, que lindo filha! - Ela vibrou loucamente do outro lado da linha - E Luan, deve estar todo orgulhoso não é? 
-Demais. 
-Espere, não devia estar no trabalho agora? - Era chegada a hora de falar, mas por onde começar? 
-Mãe, algumas coisas mudaram por aqui, precisamos conversar, pode vir até aqui? - Mordi o lábio, não poderia contar todas aquelas coisas por telefone.
-Ai filha, você não pode vir aqui? É que sabe como é, deixar seu pai aqui sozinho o doa todo, ele detesta, além do mais, seria uma oportunidade de vê-lo, conversarem e quem sabe...
-Mãe, - interrompi - Minha barriga está imensa, Luan não quer mais que eu dirija tanto assim, por favor, preciso de você. - Apelei.

Pude ouvir seu suspiro do outro lado da linha, então, ela finalmente cedeu:
-Tudo bem, hoje já esta tarde, é quase hora do almoço, também, sua irmã me mataria se eu fosse ai sem ela. Iremos amanha ok? Veremos você e depois vamos a casa de repouso ver minha mãe, o que acha? 
-Maravilhoso. - Sorri. 
E foi isso que ficou decidido. No restante da conversa, introduzi como quem não quer nada, que nosso encontro fosse na casa de Luan pois meus sogros queriam vê-la também e é claro que minha mãe não se opôs a isso. Assim, eu também teria mais tempo de me preparar para cotar tudo e enfrentar o que estava por vir. 

Assim que desliguei o telefone, minha sogra apareceu ao meu lado irradiando paz com seus movimentos serenos, me olhou sorrindo e disse:
-O almoço está pronto, vamos? 

Segui com ela para a mesa, meu sogro estava fora, trabalhando provavelmente e almoçaríamos só nós duas naquele dia. Ela tinha preparado uma comida toda especial para mim, saudável, cheia de proteína, legumes, verduras e sem sal, mas nem por isso deixou de ser saborosa. Ela comeu o mesmo que eu, no inicio senti que estava querendo me impulsionar, me ajudar, mas não vi nenhum sinal de que não estava contente com aquilo. 

Enquanto comíamos, conversamos sobre várias coisas, dentre elas, Luan, Bruna, as mudanças, meus bebês, mas em nenhum momento falamos sobre a doença ou qualquer coisa que fosse relacionada a isso. 

Quando estávamos na sobremesa - que foi composta por frutas - resolvi avisá-la do que aconteceria no dia seguinte:
-Éh... Minha mãe e minha irmã vem aqui me ver amanha, se não tiver problema, é claro! - Falei sem jeito.
-Imagine, elas podem vir quando quiserem, vou adorar vê-las de novo. - Ela sorria extremamente simpática.
-Desculpe se estou sendo invasiva demais, eu realmente não queria que as coisas fossem assim. - Pedi. 
-Pare de se desculpar por tudo, você não esta incomodando, se estivesse, acredite, eu diria. Fique a vontade! - Ela parecia mesmo sincera no que dizia.
-Eu ainda não estou acostumada com isso, vou precisar de um tempo, mesmo com toda a sua gentileza ainda sinto que sou uma pedra no sapato e que você sempre foram obrigados a me engolir, tiveram que aceitar quando Luan me escolheu, quando engravidei e agora que estou donte e não posso nem cuidar de mim mesma. - Desabafei e só depois reparei em tudo que tinha falado.
-Eu sei que deve estar confusa, estressada com tudo que esta acontecendo, com todas essas mudanças, mas tem que relaxar, para o seu bem,para o bem dos bebês. Você não é um incomodo,já disse, fique tranquila, tudo que nós mais queremos agora é seu bem e o bem dos bebês. - Ela segurou minha mão.

Me emocionei - eu me emocionava com tudo - e descobri que queria ser uma mãe exatamente como Marizete era e me sentir feliz por ser acolhida daquela maneira, tudo que eu mais precisava naquele momento era segurança e compreensão:
-Já terminou? Quero lhe mostrar o quarto que escolhi para ser o dos bebês. 
Me surpreendi com aquele comentário, mesmo assim, a segui. 

Naquela tarde, ela me mostrou o quarto, ao lado do de Luan - que agora era "nosso" - que antigamente era de hospedes, mas agora passaria a ser o quarto dos gêmeos. Toda a mobilha pertencente ao ambiente ainda estava lá, mas ela me disse que tiraria tudo de lá em poucos dias e começou a me contar as ideias que tinha, claro que me perguntou se eu estava de acordo a tudo e que se quisesse dar algum palpite, ficasse a vontade. 

Falei pouco, mas gostei de ver o entusiasmo dela, sinal de que meus filhos seriam mais que bem tratados ali. E não pense que ela esqueceu nossa ida ao shopping, disse apenas que esperaríamos um pouco mais, quando eu estivesse mais forte. 

De alguma maneira, percebi que tudo aquilo era porque ela estava totalmente compadecida com minha situação, queria de qualquer maneira fazer com que eu me sentisse bem, e não pensasse na doença e nas barreiras que teria que enfrentar. E não precisou de muito tempo para que eu também descobrisse que além de tudo, ela estava com medo, medo do que poderia acontecer comigo e com os bebês, assim como todos que também tentavam esconder o medo por trás de sorrisos. 

Luan me ligou uma vez a tarde e outra a noite, falou comigo, com sua mãe para se certificar de que estava tudo realmente bem. A noite Amarildo chegou exalando seu bom humor e me fazendo sorrir - como sempre - jantamos todos juntos e eu fui em deitar cedo, apesar de não fazer nada, as vezes me sentia cansada, a respiração era difícil, liguei para Marcela pra falar sobre isso e ela disse que era normal, eu sentiria sempre. 

Consegui dormir rápido, sentindo o cheiro de Luan nos lençóis e travesseiros, foi então que sonhei com Lorenzo e Cecília mais uma vez...

"Os 15 dias do prazo de Lorenzo para pagar a dívida ao senhor Ferreira se passaram voando mas ele não tinha conseguido arrumar o dinheiro e conversava com seu amigo Pedro sobre isso:
-Encerra-se hoje o prazo para eu pagar minha Divida com o Ferreira, mas não tenho o dinheiro. - O aviador estalava os dedos, sentado na asa de seu avião. 
-E o que pretende fazer? - Pedro caminhava até a cauda do avião, onde estava escrito o nome de Cecília. 
-Não sei, não sei o que fazer. - Lorenzo parecia nervoso - Peguei o dinheiro para o casamento, achando que conseguiria reunir tudo em dois meses, mas tive mais gastos, não pensei que sustentar uma casa fosse tão caro, água, luz, gás, mantimentos... 
-É meu amigo, você está enrascado. - Pedro continuava a contemplar o nome de Cecí na calda do avião - Já contou isso a Cecília? 
-Não, nem vou, nem você vai abrir o vico entendeu? Cecília não precisa saber disso, é assunto meu, ela não tem nada a ver. 
-Achei que se casar significava dividir tudo com a esposa. - Pedro veio até Lorenzo e escorou-se na asa onde ele estava sentado. 
-Mas não quero preocupá-la a toa, e se ela não gostar de saber disso? 
-Ela pode pedir ajuda ao pai dela, o velho não é rico, mas é bem na vida, você sabe. 
-Jamais! - Lorenzo cortou com a voz nervosa - Se soubesse disso o velho Antônio seria capaz de tirar Cecí de mim, acabaria com minha raça, e onde ficaria minha dignidade? Nada disso! 
-O que vai fazer então? 
-Pensei que podia me ajudar... - Os amigos se olharam.
-Meu amigo, você sabe que eu não guardo dinheiro não é verdade. Metade mando para meus pais e a outra gasto por aqui com despesas, garotas, você sabe. - Pedro falava natural.
-Não tenho como pagar este mês, não tenho nada pra vender que Cecília não fosse dar por falta, e o avião... - Ele deu uma olhada em seu "companheiro"- Eu nunca seria capaz e mesmo se fosse, depois ficaria sem trabalho, morreríamos de fome. 
-Peça um prazo a mais, vamos dar um jeito se tiver mais tempo. - Pedro deu a ideia.
-É, pode dar certo. 

Ao por do sol, quando fincou o expediente de Lorenzo, ele pegou o caminho de casa como de costume, mas logo encontrou com Ferreira e já sabia o que ele queria:
-Lorenzo Ferraro! - Cumprimentou jogando as mãos para o ar, nos lábios, um charuto fedido. 
-Senhor Ferreira. - Lorenzo respondeu sem ânimo.
-Então, sabe que dia é hoje? - O homem foi direto e reto.
-Sei, dia do nosso combinado. - Lorenzo respondeu entre dentes - Mas vou lhe ser sincero, não arranjei o dinheiro para lhe pagar, o senhor sabe, ainda estou me instabilizando com minha esposa, os gastos foram altos e...
-Poupe-me de seus problemas pessoais rapaz. Quero saber quando vai me pagar! - Ferreira mordeu o charuto, sua expressão era carrancuda.
-Me dê mais um prazo, mais um mês quem sabe... 
-Acha que sou um moleque? Por acaso está zombando da seriedade de meus negócios? - Ferreira chegou bem próximo a Lorenzo, querendo intimidá-lo. 
-Não - o rapaz não se amedrontou - Só estou lhe pedindo mais tempo... 
-Quinze dias rapaz, é sua ultima chance. Não sei se conhece esse ramo da agiotagem, mas vou lhe explicar como funciona, você paga com dinheiro, ou com o que mais tem de precioso, pode ser a sua vida, ou a vida de alguém que ame muito, aquela bela moça de olhos e cabelos negros com quem é casado por exemplo...
-Não se aproxime de Cecília! - Lorenzo urrou, cerrando os punhos.
-Isso depende de você meu caro, apenas de você. 
Ferreira disse apenas isso e foi embora. 

O coração de Lorenzo soltava freneticamente no peito, não podia deixar que nada acontecesse a Cecília, nunca. Sentiu um gosto amargo na boca, uma raiva súbita lhe invadiu, mas nada podia fazer, então, continuou no caminho para casa, pensando numa maneira de arrumar o dinheiro e se livrar de Ferreira de uma vez por todas. 

Ao chegar em sua casa, avistou Cecília sentada na cadeira de balanço como fazia todos os dias, naquela tarde estava bordando, adorava bordar. Mas ele não pode sorrir ao ver sua bela menina, o grande problema que ele tinha lhe estava impedindo de fazer isso:
-Meu amor... - Ele chamou ela que estava distraída com seus bordados. 
-É impressão minha ou demorou um pouco mais hoje? - Ela foi direta. 
-Encontrei um velho amigo, trocamos algumas palavras. - Ele mentia, sua cara era de cansaço.
-Um velho amigo? Tem certeza? - Cecí era esperta demais - Tem alguma coisa para me contar? 
-Não, porque todas essas perguntas? Isso tudo é saudade? - Ele se aproximou para beijá-la, mas ela o impediu.
-Não, só achei estranho, não quero que me engane Lorenzo. - Ela falava séria, séria demais. 
-Ah menina, eu não estou enganando você, o que está pensando? 
-Encontrou mesmo um amigo, ou uma AMIGA? - Ela o cutucou na costela. 
-Ai, - ele reclamou sorrindo, ela estava apenas com ciúmes - Não me diga que está com ciúmes? Pra mim só existe você meu amor! - Ele foi beijá-la e mais uma fez ela o impediu.
-Não brinque comigo aviador, eu posso ser perigosa. - Ela apertou os olhos, linda. 
-Então venha ser perigosa comigo lá no nosso quarto, porque estou morto de saudades! 

E mesmo contra a vontade dela, ele a pegou nos braços e adentraram a casa, indo direto para o quarto, Lorenzo jogou-a na cama e a prendeu com seus braços, ficando por cima, enquanto ela protestava:
-Não terminamos nossa conversa ainda seu malandro! 
-Vamos terminar a conversa aqui, o que acha? - Ele a beijava no pescoço.
-Não pensei que vai... que vai me fazer esquecer... eu... eu... - Ela queria falar, mas não conseguia, já estava totalmente dominada e ele sabia disso.
-O que? O que estava dizendo? - Ele perguntou bem perto da boca dela. 
-Você é um infeliz. - Falou ofegante.
-Não, eu sou o mais feliz do mundo, porque tenho você menina, minha bela menina! 

E depois disso, se amaram por horas, como mereciam e precisavam. Mesmo com todos os problemas, Lorenzo os esquecia prontamente quando tinha em seus braços sua bela menina, nada podia atrapalhar sua felicidade ao estar com ela. Mas a vida não era feita só de amor e querendo ou não, ele teria de pagar a dívida o mais rápido possível, ou as consequências seriam graves." 

Acordei sentindo cedo, muita cede. Olhei a hora e ainda eram duas da manha, bebi água enquanto pensava no sonho que acabara de ter. Estava preocupada com aquela dívida de Lorenzo e com as ameaças do maldito Ferreira, parecia que tudo estava acontecendo  de verdade a minha volta, e eu queria estar lá para poder ajudá-lo, mas não podia. Tudo que eu podia fazer era escrever todos aqueles fatos e foi isso que eu fiz, escrevi das duas até as quatro da manha, depois, liguei para Luan e conversei com ele até as 5:30, o sono voltou, dormi mais um pouso e só acordei por volta das 9:00, minha mãe estava prestes a chegar, eu tinha que me preparar. 


[Continua]





Heeeeeey
E aí, gostaram do capítulo?
Nic e dona Mari ♥
Acharam lindo? 

Priscila, qual sua impressão agora sobre a relação delas? 
haha' Quero saber ;)

Maaaaaas, 
por outro lado, Lorenzo esta com problemas, 
Mesmo assim, isso não afeta o amor dele por sua Cecília ;)
Mas como isso vai terminar em? 
E a conversa de Nicolle com sua mãe?
Antonela também vem junto, 
no que isso vai dar?

Quero comentários! 

Por hoje é só
haha'

Beijos
Mayara
@Luansmyway

6 comentários:

  1. Sou uma pessoa que desaparece e some né ? É que meu cel é um fdp e não comenta por lá, hoje eu criei coragem, sai debaixo das cobertas e pulei na cadeira e comentar aqui. Mas, o que acha de continuar ? Heim ? Heim ? Beijooooooooo

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  2. eita ta complicado pra lorenzo, tomara q ele consiga pagar essa divida logo, e oq sera q vai rolar na conversa da nick com a mãe dela? to super curiosa aqui amore, continuaaa logo, bjooos

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  3. Acho que a Dona Marizete ta sendo sincera e se esforçando pra que ela fique bem,e a Nicole que é muito desconfiada! bju

    Priscila

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  4. Achei muito lindo o q a D. Mari ta fazendo pela Nic!
    Não tenho a mínima ideia do que Lorenzo pode fazer para quitar a dívida, a não ser falar com Cecí e pedir ajuda ao pai dela! Como ele mesmo disse não pode vender o avião, como ele sustentaria sua família?
    Ta chegando a hora da Nic falar com sua mãe e agora? Aposto que a Antonela vai ficar loooouca quando chegar na cada de Luan, kk' Já estou até imaginando!
    Thielle

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  5. awwwwwwwwn que lindo dona Mari e Nic juntas <33
    ai meu mds como Lorenzo vai conseguir esse dinheiro ? O.o espero que ele consiga

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  6. Gostei muito da conversa da D. Marizete com a Nic, foi muito linda as duas, e eu acredito que tudo o que ela tá falando pra Nic é verdadeiro, de coração.
    Eu acho que o Lorenzo devia contar o que tá acontecendo pra Cecília, afinal casal é isso, é contar tudo um para o outro. To ansiosa pra saber como o Lorenzo vai conseguir esse dinheiro e como vai ser a conversa da Nic com a mãe dela. Bjss

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