Capítulo 204

[...]

-Você o que? -Perguntou como se não tivesse ouvido direito. 
-Tô grávida ué, esperando um filho seu... Grávida, simples assim. - Respondi sorrindo. 

Ele me olhou por um instante, meio atônito, depois voltou com as perguntas:
-Mas você... Você tinha dito que... - Gaguejou. 
-Senta aqui, vem. - Bati na cama para que senta-se a minha frente - Lembra daquela conversa que tivemos? Depois dela pensei muito e resolvi arriscar afinal as chances são boas certo? Ai deixei correr solto, mas eu achava que ia demorar mais, só que me enganei. 
-Quando descobriu? - Me olhava fixamente. 
-Hoje, no meio da festa, passei mal, fiquei enjoada e fui ao banheiro, Vó Aélia me seguiu e deu a notícia... Sabe que ela nunca erra. 
-Meu Deus... Eu não sei o que pensar. - Levou as duas mãos a boca. 
-Não está feliz? Achei que quisesse... - Fiquei apreensiva, mas ele me interrompeu.
-Claro amor, claro que eu estou feliz, falei para você que queria isso! - Ele me puxou para um abraço - Só que também estou preocupado e você sabe porque. 
-Então não fique, pense positivo, vai dar tudo certo, eu sei que vai! 

Sai do abraço e segurei suas mãos lhe olhando nos olhos. Não sei de onde estava vindo todo aquele otimismo, mas estava sendo bem vindo por mim. Eu precisa acreditar que seria diferente: 
-Vamos ter nossa menininha. - Sorri, tentando que ele fizesse o mesmo. 
-E se for outro menininho? - Maneou a cabeça para o lado de um jeito lindo, mais tranquilo agora. 
-Ai a gente vai tentando, e tentando... - Brinquei - Não se preocupe, vai acontecer o que tiver que acontecer. 
-E eu vou estar com você, venha o que vier ta bom? Eu e os meninos. - Me abraçou de novo. 
-Hum... Por falar neles, como acha que vão reagir? 
-Muito bem, tenho certeza. 
-Desculpe não ter lhe contado meus planos antes, é que eu não queria que ficasse ansioso, dizem que não da certo. - Fiz careta - Mas de qualquer forma eu pedi sua opinião, disso não pode se queixar. 
-Eu sei, achou que não ia acontecer tão rápido, mas eu trabalho bem, você já devia saber. - Se pabulou, ri dele. 
-Nossa, que convencido você. - Dei-lhe um tapinha. 

Sorrimos juntos e ele me olhou por outro instante, parecia me analisar enquanto pensava em outra coisa relacionada, até que me surpreendeu com um beijo longo e doce, a sua maneira:
-Você me deixou muito feliz sabia? - Confessou por fim. 
-Seu presente de aniversário. - Falei. 
-Nosso presente. - Corrigiu. 
-É, nosso presente. 

Sem nem mesmo tirar as roupas da festa, nos aconchegamos em meio aos travesseiros, juntinhos, para aproveitar aquele momento tão especial, até que ele disse:
-Você é muito corajosa sabia? Enfrentar uma nova gravidez mesmo sabendo de tudo que pode acontecer... Admiro isso, não sei se eu teria tanta coragem. - Buscou meus olhos. 
-Eu estava com medo sim, aliás, acho que ainda tem um pouco dele por aqui, é inevitável, mas depois do que Marcela me disse sobre as boas chances que eu tenho, me animei de verdade. E Naquela nossa conversa, seus olhos brilharam só de falar em ter outro filho, queria dar essa alegria a você, a mim mesma, a nossa família, em fim, foi por amor. - Fui sincera. 
-É por isso que eu amo você, sempre tão maravilhosa, pensando em todos nós mais que em si mesma. Você é única, única e minha. - Selinho. 
-Sou indestrutível também sabia? - Falei bem humorada - Você vai ver que vou passar por mais essa e sair ilesa. 
-Vai sim. Mas e agora, você tem que ia a sua médica, só que depois daquele clima tenso lá na festa...
-É verdade, nem pensei nisso. Vou ter que falar com ela, pelas duas coisas, mas depois, agora eu quero curtir você. 
-Hum, gostei disso... - Ficamos ainda mais próximos - Eu te amo viu? Obrigada pela festa, pelo presente, por existir, por tudo. 
-De nada, aliás, digo o mesmo a você, eu te amo, muito e sempre. - Segurei seu rosto e o beijei de leve. 

E assim, ficamos nos acarinhando e vendo o dia nascer da melhor maneira. Sim, o medo existia, medo de a pré-eclâmpsia se repetir, de sofrer tudo de novo, ou de quase morrer como da outra vez, mas diante daquele carinho, daquele homem, daquele amor, eu criava coragem para enfrentar tudo e mais um pouco. Enquanto eu tivesse o amor e o companheirismo de Luan, nada jamais poderia me abalar, nunca e ver a felicidade estampada em seu rosto era minha maior recompensa.

Todos dormimos muito lá em casa no domingo, os gêmeos acordaram primeiro, mas a super Yara cuidou de tudo pra gente dormir mais um pouquinho. E quando acordamos - no meio da tarde - Eles nos deram "Bom Dia" com todo aquele carinho:
-Papai, você dormiu muito! - Lorenzo falou, já no colo de Luan. 
-Desculpa filho, agora vou ficar acordado com vocês beleza? - Luan falou animado. 
-Papai, vamos na casa do vovô? - Henrique pedia. 
-Vamos, mas antes eu e sua mãe temos uma coisa pra contar pra vocês... 

Nesse momento ele me olhou e sorriu, depois vieram os três se juntar a mim que estava sentada no sofá:
-Fala papai! - Ficaram ansiosos. 
-Posso contar? - Me perguntou. 
-Fique a vontade, as consequências são suas depois. - Sorri. 
-Então meninos, sabiam que tem um bebê aqui dentro da barriga da mãe de vocês? - Apontou para minha barriga, a estufei e os gêmeos sorriram. 
-Um bebê? Ai dentro? - Lorenzo veio curioso. 
-Isso mesmo, e daqui a nove meses ele vai nascer. - Luan explicava paciente. 
-O que é nascer? - Henrique perguntou sério, não segurei o riso. 
-Ele vai sair aqui pra fora. - Ri mais ainda dessa resposta - Pra brincar com vocês. 
-Porque? - Eles nunca ficavam satisfeitos. 
-Porque ele vai ser o irmãozinho, ou irmãzinha de vocês, filho do papai e da mamãe também. - Eu quem falei dessa vez. 
-Não acredito que vocês vão ter outro bebê! - Yara chegou de repente animada. 
-Isso mesmo, ou seja, mais trabalho para a senhorita. - Brinquei. 
-Ain eu vou amar, um bebêzinho, que saudade de quando Lorenzo e Henrique eram nenéns. - Ela falava feliz. 
-Eles ainda são bebêzinhos! - falei com voz de bebê e puxei os dois para um abraço. 
-Mamãe não sou bebê, já sou grande. - Henrique saltou falando todo explicado. 
-Ah, ta bom, ta bom, meu homenzinho. - joguei as mãos para o ar - Então? Vamos a casa da vovó? 
-Vamos! - Os dois gritaram juntos. 

Ao chegar na casa dos pais de Luan, os meninos correram logo dizendo em coro "Vovô, Vovó, tem um bebê na barriga da mamãe!". Os pais de Luan ficaram super animados com a notícia, e felizes é claro, mas como todos nós, logo foram pegos pelo medo da doença voltar, então, quanto a isso nos mostramos otimistas, todos tínhamos que ser. 

Ficamos por lá fazendo vários planos para o novo herdeiro enquanto Luan ligava para Deus e o mundo para contar a novidade, e assim o dia se foi. 

Na segunda feira, pela manha, deixei Luan em casa dormindo, levei os garotos para a escola e depois fui direto ao consultório de Marcela. Preferi ir sozinha, seria melhor para conversar com ela sobre o acontecido da festa, e chegando lá, para minha surpresa, não tive que esperar pra ser atendida:
-O Nicolle, tínhamos algo marcado para hoje? - Ela me recebeu normalmente, mas não como sempre.
-Não, eu vim por dois motivos e o primeiro deles é falar com você sobre o que aconteceu na festa. - Fui direta, ela fechou a porta e me convidou a sentar. 
-Me desculpe por aquela cena, eu realmente não queria... - Ela iniciou mas eu a cortei. 
-Não, eu que tenho que pedir desculpas, não devia ter me metido na sua relação com Adriano daquele jeito, mas é que eu não aguento ver um homem tratando mal uma mulher, seja ela quem for. - Despejei. 
-Talvez porque você seja tão bem tratada pelo seu marido não é? - Ela perguntou com meio sorriso e um grande tom de amargura. 
-É, Luan é perfeito como eu sempre digo, mas ele não é o único homem assim, existem muitos outros caras legais por ai e... - Parei de repente quando me toquei do que estava fazendo - Ai desculpa, de novo, não devia ter dito isso. O fato é que Adriano não me desce e você sabe, desde sempre, e depois do que ele falou ontem, sinceramente... Eu sei que ele tinha bebido, mas eu não e não o quero mais perto de mim, então vou ser bem sincera com você Mah, não quero que isso atrapalhe nossa relação, eu devo muito a você, acima de tudo somos amigas, mas seu namorado eu não aturo mais. 

O que eu tinha em mente para falar era outra coisa, mas só de lembrar daquele médico infeliz perdi totalmente a razão e falei sem pensar, mas tudo era verdade e não a nada melhor que a verdade para se dar a um amigo certo? 

-Eu sei, sei de tudo isso. - Ela suspirou - E quero lhe agradecer pelo que fez ontem, bom, talvez se você não tivesse dito todas aquelas coisas, eu teria aceitado mais uma vez o fato de Adriano ter passado dos limites. Você sabe muito bem como foi nossa relação de tapas e beijos todos esses anos e esta totalmente certa em pensar assim... - Ela começou a se emocionar - Sabe, eu tentei salvar, juro que tentei. Todas as vezes que ele passava dos limites, brigava, sentia ciúmes, ficava violento, porque a gente sempre acha que a pessoa vai mudar, que vai melhorar com o tempo, mas não vai! - Me olhou com os olhos cheios de lágrimas - E depois de ontem, depois do que disse a você... Sei que tinha bebido, mas as pessoas só falam a verdade quando bebem, não é isso? Achei que era melhor colocar um ponto final de vez. - Enxugou as lágrimas. 

-Eu sinto muito... ta, não vou mentir, foi melhor assim e você sabe disso. Fico feliz que caiu em si a tempo, aquele cara não era pra você amiga, a única coisa que tinham em comum era a profissão porque o resto... Olha, essa coisa de que os opostos se atraem só é bonita nos livros porque na vida real, é muito difícil manter uma relação com quem é totalmente diferente de você e mais difícil ainda com quem não esta disposto a mudar, ou a ceder pelo outro. - Segurei as mãos dela - Eu sei que não adianta dizer pra você não chorar ou não sofrer, mas posso dizer que você vai arrumar alguém que goste de você de verdade, que seja tão legal quanto e vai ser feliz porque você merece. 

-Você é uma grande amiga sabia? - Sorriu finalmente. 
-Sabia. E amigos cuidam dos amigos, você pode me odiar por isso, mas eu nunca vou deixar de cuidar de você, assim como cuide de Juliana, Vicente, Valter, e de todos os meus amigos. - Sorri também - Outra coisa, ainda esta em tempo de aceitar os convites pra jantar dos amigos sertanejos de Luan ok? - Brinquei. 
-Vou pensar nisso. - Agora ela parecia melhor, mais leve, talvez por ter falado tudo - Mas você disse que tinha duas coisas pra falar comigo, e qual é a outra? 
-Ah! - Me animei - Adivinhe... 
-Como assim? Não faço ideia, é coisa boa? 
-Ai vou falar, estou grávida! - Bati palminhas. 
-Sério? - Ela fez cara de quem não estava acreditando. 
-Isso mesmo, segui seu concelho. 
-Ah meu Deus que coisa boa! Deixa eu te dar um abraço! - Ela veio me abraçar forte - Que bom Nic, que bom, você vai ver, vai dar tudo certo! 
-Vai sim... 
-E Luan, já sabe? - Perguntou sorridente. 
-Sabe e não vai me perdoar porque não o trouxe na primeira consulta, mas é que eu precisava falar com você sozinha. 
-Sei, mas temos que começar o acompanhamento já, afinal, todo cuidado é pouco, você sabe. - Ela ficou séria.
-É, eu sei. 

Então, imediatamente começamos a consulta de pré- natal e até fizemos o primeiro ultrassom - que eu pedia a ele que me desse as imagens para eu levar para Luan, pra ver se ele me perdoaria - e felizmente estava tudo bem, pressão boa, tudo normal comigo e com o bebê, eu estava exatamente de 6 semanas. 

Depois disso agendamos a próxima consulta, nos despedimos e voltei para casa. Quando cheguei, coloquei as imagens do ultrassom do lado de Luan na cama, quando ele acordou, viu tudo e é claro que resmungou por eu não tê-lo acordado para ir comigo, mesmo assim fui perdoada por conta das imagens. Os gêmeos voltaram da escola e passamos uma ótima tarde em família e na piscina para comemorar. 

Mas no final da tarde, Valter apareceu lá em casa:
-Oi Valter! - O recebi com um abraço - Entra. 
-Tudo bem com vocês? - Depois de me cumprimentar ele foi até Luan. 
-E aí cara, mal te vi na festa, tava pegando as gatinhas né? - Luan brincou. 
-Talvez. - Ele entrou na onda. 
-Mas o que o trás aqui, novidades? - Perguntei animada. 
-Isso mesmo, tive uma ideia para quando chegarmos em Ribeirão Bonito. - Ele falava animado, e eu mais ainda. 
-Sério e... 
-Já contou a ele a novidade amor? - Luan nos interrompeu. 
-Ah, é que eu estou grávida. - Falei meio sem jeito. 
-Que bom, meus parabéns aos dois! - Ele me abraçou de novo. 
-É é justamente por isso Valter, que eu acho que vocês devem dar um tempo nessa coisa toda de ir a Ribeirão Bonito, você se lembra de como foi a outra gravidez da Nic, e você também né amor, por isso temos que tomar todo cuidado. 
-O que? - Não acreditei no que ouvia. 

[Continua]

Tudo lindo, 

Nic grávida, Luan feliz, gêmeos lindos vão ter um imrãozinho (inha), 

Nic e Marcela fizeram as pazes, 

Mah terminou com o Mala vulgo Adriano, 

Tudo perfeito, 

até que o assunto das buscas a Lorenzo Filho voltam a tona! 

E Parece que Luan não quer que Nic continue por causa do baby. 

E agora?

Vocês acham que ele esta certo?

E Nic, vai concordar com isso? 

Aguardo cometários ;)

Beijokas

Mayara

@Luansmyway