sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Capítulo 207

[...]

-Vovô, não vai tomar o tempo da moça com as fotos da nossa família. - Verônica tentou questionar quando o senhor quis me mostrar as fotos de Cecília. 
-Não, não, imagine, tenho tempo. - Falei cheia de curiosidade para ver todas as fotos. 
-Ouviu, ela tem tempo, vamos, vá buscar! - Ele se animou. 

Numa questão de poucos minutos Vêronica voltou com uma caixa grande e entregou ao seu avô, ele a abriu e pude ver vários álbuns no estilo antigo guardados lá dentro. Ele tirou alguns que estavam em cima, jogou para lá e pegou um que estava quase escondido, então saiu de sua poltrona e veio sentar-se no sofá, entre mim e Valter:
-Veja, esta aqui é minha mãe, Cecília, nessa foto ela tinha mais ou menos uns 19 anos, foi um pouco antes de conhecer meu pai. - Ele mostrava orgulhoso a primeira foto do álbum. 

Estava em preto e branco, e nela aparecia uma moça sorridente - idêntica a mim - só mudavam as roupas, e o corte de cabelo, o dela era na altura dos ombros. Na borda da foto tinha a data, essa era de 1929.
-Viu, como se parecem, fiquei abismado quanto lhe vi lá na porta. - Ele me olhou. 
-É, parece um pouco, mas o meu tipo é bem comum, morena, pele clara... - Fiquei sem graça. 
-Mesmo assim, até a covinha na bochecha ao sorrir... - Ele reparou - Você tem sorte em se parecer com a "Bela Menina", era assim que meu pai a chamava. 
-Imagine, ela era bem mais bonita do que eu. - Falei com ternura. 
-Aqui tem mais algumas fotos dela, veja, com meus avós, tem uma com a tia Bianca, sua melhor amiga - Prestei bem atenção na menina sorridente de sardas na bochecha, a mesma Bianca dos sonhos - E essas aqui, do casamento com meu pai, Lorenzo Ferraro. 

Nesse instante, parou em uma foto especial, onde apareciam Cecília vestida de noiva - Também igualmente vi nos sonhos com um delicado vestido rendado - e Lorenzo, de terno escuro e cabelo penteado para o lado - idêntico a Luan, se ele usasse o cabelo daquela maneira, talvez menos forte, mas o rosto era o mesmo. 

Ao olhar vem aquela foto eu e Valter nos entreolhamos de novo, era quase inacreditável a semelhança, claro que existiam algumas diferenças, mas mesmo assim, era quase chocante de ver. 

-O que achou de meu pai? - Me perguntou. 
-Um belo rapaz, eu também me casaria com ele se o conhecesse. - Me permiti brincar, ele sorriu divertido.
-Era o que todas diziam, antes de conhecer minha mãe ele era um conquistador, mas foi fisgado pelo amor quando a conheceu, dai em diante não olhou mais para outras. - Dava para entender que Lorenzo Filho tinha um verdadeiro fascínio pelos pais e pela história deles, vi que não seria difícil arrancar mais coisas dele. 
- A história de seus pais parece fascinante, e gostaria de ouvi-la por inteiro, se quiser me contar... - Falei sem pensar - É que... sabe como é, Jornalistas adoram uma boa história. 
-Eu teria maior prazer em contar tudo, se vocês ficassem para almoçar conosco. - O velhinho simático convidou. 
-Imagina vovô, eles são jornalistas da capital, devem estar cheios de compromissos, além do mais, porque iam querer almoçar numa casa simples como a nossa? -Verônica interveio. 
-Que é isso? Somos gente simples moça! - Valter falou - Além do mais, tiramos o dia hoje para fazer esta entrevista aqui em Ribeirão Bonito, e eu também fiquei muito curioso para ouvir essa história. 
-Mas e a entrevista sobre o vovô? Digo, sobre os idosos que moram no interior..? - Ela foi sagaz - "alguém tira essa mulher dali por favor!" 
-Ah, com tudo isso até esquecemos, mas isso se finaliza rápido. O senhor é feliz morando aqui seu Lorenzo? Digo, não pelas lembranças de sua família, mas por ser uma cidade pequena, sem a agitação das cidades grandes? - Tentei remendar a falsa entrevista. 
-Claro que sou, jamais me daria nessas cidades grandes cheias de violência e caus no trânsito. Aqui é um ótimo lugar de se viver, sem falar que a gente pode respirar ar puro. - Respondeu. 
-Entendo... 

E assim fizemos mais algumas perguntas para tapear Verônica mas logo seu avô mandou que iniciasse o preparo do almoço pois ficaríamos para almoçar. Não sei se ela gostou muito daquilo, mas sinceramente, eu não estava nem ai. 

E enquanto o almoço não ficava pronto, Lorenzo Filho me contou toda a parte da história que eu já sabia, como Lorenzo e Cecília se conheceram, os autos e baixos no namoro, do campo de girassóis, falou do acidente, da proibição pelo pai de Cecí, do casamento, das dívidas que Lorenzo fez, falou de Ferreira, da pequena felicidade que durou apenas 3 meses e tudo batia perfeitamente com meus sonhos, com as informações que eu tinha, até que ele chegou na seguinte parte:
-Então, uma bela noite de lua cheia em que meu pai resolveu levar mamãe para dançar na cidade, os capangas de Ferreira os pegaram em uma viela e atiraram sem dó, papai morreu na hora, nos braços da minha mãe. - Foi então que sua voz embargou, seus olhos lacrimejaram e meu coração se partiu, mas ele continuou - Logo em seguida os malditos foram embora e ela ficou ali, gritando socorro, mas era noite, estavam sozinhos... demorou muito para que alguém viesse ajudar, quando chegaram nada mais podia ser feito. 

O silêncio dominou a sala, mas eu não aguentei aquilo por muito tempo:
-Eu sinto muito... deve ter sido... 
-Mamãe contava que foi horrível, a pior coisa que ela já tinha vivido, ver meu pai ali, baleado e morto em seus braços, depois sendo levado pela policia direto para o IML e ela, desesperada se debatendo foi sedada e levada para o hospital. - Esperamos mais um instante - Depois, quando ela acordou e caiu em si de tudo que tinha acontecido, perdeu o ânimo, a vida, não queria levantar-se, nem comer, nem beber, não falava... Só saiu para ir ao enterro, depois disso voltou ao estado inicial, dizia que queria morrer para ir junto com meu pai, que a vida não fazia sentido sem ele. Foi então que ela descobriu que estava grávida de mim, e foi ai que a chama da vida se reacendeu dentro dela. - Nesse momento abriu um largo sorriso. 

-Ela dizia que entendeu isso como um sinal, um sinal para que ela continuasse viva, criando o filho de Lorenzo Ferraro e mantendo viva sua memória. E foi isso que vez, me teve, me criou sozinha e nunca mais se casou novamente, mas não foi por falta de pretendentes. Lembro-me muito bem ainda pequenino, vários homens batiam a nossa porta, querendo cortejá-la, lhe mandavam flores, chocolates, mas ela sempre os despachava, dizia que era mulher de Lorenzo e sempre seria fiel a ele. Dizia também que um dia iam se encontrar e viverem juntos a eternidade. 

-"E realmente nos encontramos." - Pensei - É... sem dúvidas uma bela história. Mas eu queria saber mais sobre a sua infância, sobre como sua mãe conseguiu lhe criar sozinha, sobre sua juventude, por quanto tempo Cecília viveu? - Falei e quase pude sentir o brilho dos meus olhos. 

-Podem falar sobre isso a mesa, o almoço esta pronto. - Verônica veio nos avisar. 

Então fomos todos para a mesa, Lorenzo a cabeceira, eu ao seu lado, Valter ao meu e Verônica a nossa frente:
-Bom... continuando, você disse que quer saber como foi minha infância e como mamãe fez para me criar sozinha. Fui uma criança comum, como qualquer outra, sem pai, claro, mas como mamãe dizia, meu pai estava sempre por perto, cuidando de nós. - Começamos a comer. 
-Entendo. - Sorri. 
-Mamãe era uma verdadeira guerreira, recebia uma pensão pela morte de meu pai e também bordava para fora, pra poder ganhar um troco a mais. Nunca deixou que me faltasse nada, sempre andei bem vestido e calçado, tinha comida na mesa todos os dias e estudei na melhor escola. Se bem que estudar não era muito o que eu gostava, eu queria mesmo era voar, queria ser aviador como meu pai. 
-E conseguiu? - A cada palavra eu queria saltar para saber mais. 
-Consegui, com o avião do próprio. Lembra-se que lhe falei de tio Pedro? Melhor amigo de meu pai e também aviador? - Assenti - Ele se casou com tia Bianca, e me ensinou tudo sobre aviação, quando completei idade comecei a fazer o mesmo que meu pai fazia, transporte de cargas. Mas voar era o que eu realmente queria menina, voando eu me sentia mais erto de meu pai entende? E sentia que ele estava orgulhoso de mim em algum lugar. - Me emocionei nesse momento - Fiz isso por um bom tempo, mas a cidade começou a crescer, não precisava mais comprar nada de outras cidades então o prefeito dispensou meus serviços. 
-Ficou sem trabalho? 
-Nesse mesmo tempo meu avô, pai de minha mãe faleceu, ele era dono de uma mercearia, assim, passeia  tomar conta do negócio. Logo depois me casei, tive meus filhos, mas todos continuamos morando lá na casa de campo, mamãe morava conosco, eu jamais a deixaria. - Me olhou profundamente nos olhos - Então, vivemos assim até o ano de 1991, quando ela caiu doente, se sentia cada vez mais fraca, até que na madrugada do dia 13 de Março, faleceu dormindo, com exatamente 80 anos. - Ele se emocionou de novo - Agora, dia 13 fizeram 28 anos de sua morte. 

Me arrepiei por completo de novo, Cecília tinha morrido no dia exato em que eu nasci, que Luan nasceu, era coincidência demais, ou era mais que isso? Valter também se viu perplexo com aquela informação que até então não sabíamos:
-Que foi menina, ficou branca de repente? - O velho me olhou sorrindo. 
-Impressão sua... - Pigarreei - Mas essa história é realmente incrível, maravilhosa, coisa de cinema. 
-Eu também acho, a história mais linda de todas. - Admitiu. 
-Já pensou se ela virasse um livro? - Valter perguntou surpreendendo a todos nós. 

Ainda não era hora daquela pergunta, e ela podia assustar Lorenzo Filho e principalmente Verônica que nos olhou atônita. 


[Continua]





Lorenzo Filho contou toda a história que bateu exatamente com a que vocês já conhecem, 
e deu novas informações também... 
Aquelas que vó Amélia falou no final da primeira temporada e que vocês podem relembrar
aqui ~~> http://alemdessavidals.blogspot.com.br/2014/06/somente-mais-algumas-palavras.html 

Em fim, 
mas será que agora Valter coloca tudo a perder? 
Logo agora que Nic esta conseguindo tudo que quer? 

Estão gostando? 
hahaha' 

Espero que sim! 

Gente, vamos deixar a "Dobradinha" de capítulos para Amanha e Domingo ok? 
Porque ai tenho mais tempo, 
hoje foi corrido, 
em fim, 
Ficamos combinadas assim? 
Vou tentar portar dois amanha e dois domingo, 
fechou? 

Beijokas

Mayara
@Luansmyway

5 comentários:

  1. Amando, ansiosa para a continuação. Acho q Lorenzo Filho vai querer que vire um livro a história dos pais deles, mas no começo ele deve ficar meio surpreso porque não esperava por isso. Esperando sua dobradinha, rsrs. Bjoss! <3

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  2. Até eu to chocada! sabe que lembrei, do clipe "Te Vivo" na historia com certeza o Luan gravou,e que tal se ele gravou antes de conhecer a Nicole?aí ela mexendo,mexendo em casa,ou um dos gemeos cantarolando,ela se liga e vê que o Luan retratou a historia deles parecida no clipe,antes mesmo deles se conhecerem,isso poderia ser mais uma coincidencia,e claro q a Nicole que vai se tocar pq o Luan é lerdo demais pra isso!

    Priscila

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  3. May, acc uma ideia? Já que Valter e Nic ficaram tão surpresos com tantas coisas, agora o Lorenzo que podia ficar, mas não desconfiar de nada, nem sua neta, só ficarem surpresos, tipo, a carteira da Nicolle podia cair no chão e lá ter a foto de Luan e uma de seu filho Lorenzo, mas escrito na foto para que ele visse. Eu acharia bem legal, mas que ele acc fazer o livro e tal. Eu ia gostar mt de ler, rs. Beijoos!
    @tantoamorls - manoela

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  4. Alguem ficou de procura algo pra mim sera?
    Leitora fiel

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  5. que incrivel isso, nossa a cada coisa que ele dizia e que batia com a historia eu me emocionava aqui, principalmente na parte em que ele diz que cecilia morreu justamente no dia do nascimento na nick e do luan, sua historia é perfeita amor, e realmente o amor de lorenzo e cecilia era tão grande e verdadeiro que tiveram a chance de viver tudo outra vez, sendo a nick e o luan, e de todas as historias que li e leio, a sua é incrivelmente perfeita, cheia de detalhes e eu como amo tudo sobre romance só tenho a dizer que esta perfeito como sempre e vc se supera a cada capitulo, continuaaa logo amore, bjooos

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