Capítulo 212

[...]

Depois de ouvir todo o meu apelo, Lorenzo nada disse, e se apoiando em sua bengala, se dirigiu até a sala. Esperei alguns segundos achando que tinha perdido e que ele não deixaria jamais que eu escrevesse um livro com a história de seus pais, mesmo assim o segui e o encontrei sentado no sofá da sala. Desviei um pouco o olhar e vi que Valter estava do lado de fora falando no telefone. 

-Então sua resposta é não? - Quebrei o silêncio. 
-Eu disse isso? - Ele perguntou me olhando por cima do ombro - Vocês jovens sempre com tanta pressa para tudo. Sente aqui menina. - Apontou o lugar ao seu lado. 

Fiz o que ele disse e esperei que falasse:
-Fiquei pensando nessa história de livro desde que seu amigo tocou nesse assunto quando estiveram lá em casa semana passada. - Falava olhando para o nada. 
-E..?
-Seria mesmo incrível que a história de meus pais, a minha história pudesse percorrer o mundo, que todos pudessem conhecê-la. - Quase não acreditei quando ouvi aquilo.
-Isso quer dizer que vai permitir que eu escreva o livro? - Quase soltei um grito. 
-É, eu vou. - Sorriu, um sorriso que me parecia tão familiar.  
-Meu Deus, Lorenzo obrigada! Obrigada! - O abracei inesperadamente. 
-Calma menina, calma. - Ele ria de mim. 
-Não sabe o quanto isso é importante para mim... - O soltei - Eu sei que pareço uma louca, que entrou na sua vida de repente e que esta sendo meia invasiva, mas é que esse é o meu sonho! Mas pode confiar em mim, eu vou fazer o melhor e mais bonito livro que você já leu na vida! 
-Pode parecer estranho, mas eu gosto de você, gostei desde o primeiro momento em que lhe vi, e confio em você. Não é a toa que lhe contei toda a minha história e que lhe trouxe aqui. Você exala algo bom que não sei o que é, gosto de estar perto de você. - Falou, me emocionei, eu sabia muito bem o que era tudo aquilo. 
-Fico muito feliz que se sinta assim, eu também gosto muito de você e me sinto bem ao seu lado. Não vai se arrepender de ter confiado em mim e um dia eu prometo que também lhe contarei toda a minha história. - Isso incluía a parte que nos "Unia", mas ainda não era a hora, ele poderia se assustar se eu contasse toda a verdade. 
-Eu sei que vai, afinal de contas, vamos ter algo em comum a partir de agora não é? 
-É... 

O olhei por uns instantes, sonhando com o que estava acontecendo, até que a realidade bateu a minha porta:
-Mas não vai ser tão fácil assim, aposto que sua família vai ser contra e se isso acontecer, eles podem até me processar. - Falei entristecendo. 
-Não se preocupe com isso, como pode ver, eu ainda tenho voz ativa naquela família. - Respondeu natural - Ninguém vai fazer nada contra você. 
-Se você quiser, lhe entrego todo o dinheiro que ganhar com a venda do livro, acho justo com vocês todos e...
-Ei, o que é isso? - Ele se indignou - Quer dizer que você vai ter todo o trabalho e eu vou ficar com o dinheiro? E quanto a você, sua família? Seus filhos? 

Sorri ao ouvir isso, se ele soubesse de tudo, de Luan, de qual era o meu padrão de vida, então resolvi contar essa parte:
-Posso lhe contar um segredo? - Falei baixinho. 
-Claro. - Ele chegou mais perto.
-Sabe aquele cantor super famoso, o Luan Santana? 
-Sei, o que tem?
-Lembra-se que lhe disse que meu marido era cantor? - Sorri vendo sua expressão de surpresa. 
-Você é casada com aquele cantor? - Perguntou chocado. 
-Sou, porque? Não sou boa o bastante para ser casada com ele? - Fingi indignação. 
-Não quis dizer isso... Eu só não imaginava, afinal você parece tão simples, trabalhando como repórter... 
-Pois é, por isso que o dinheiro do livro não é tão importante para mim, mas talvez para você... Quem sabe para algum remédio, ou alguma reforma aqui na casa, vamos, aceite, é o mínimo que posso fazer por você. 
-Mesmo assim, isso não seria correto. - Insistiu. 
-Nem se eu pedir? - Maneei a cabeça para o lado, apelando. 
-Vamos tratar desse assunto depois, primeiro o livro. - Saiu pela tangente. 
-Tudo bem. E obrigada de novo. - Segurei sua mão. 
-Imagine, eu quem tenho de agradecer. - Num gesto cavalheiro, beijou minha mão. 
-Já vou avisando que de agora em diante vai me ver muito, tem que assinar alguns papeis me autorizando a usar o nome de sua família e algumas burocracias mais, também vou precisar de ajuda com alguns detalhes da história que eu esquecer. 
-Vai ser um prazer lhe ajudar. 
-Eu não vou decepcionar você, nem a memória de seus pais, acredite. - Mergulhei fundo em seus olhos. 
-Eu acredito, não sei porque mas acredito. 

Um dia eu lhe contaria toda a verdade, ou talvez não, talvez fosse melhor que ele continuasse sem saber pois não sabia como reagiria, poderia se emocionar demais e já era um senhor de idade. ou poderia ver em mim sua mãe Cecília, esperando algo em troca de alguma forma, algo que eu não poderia dar. Seria melhor que nossa relação ficasse como estava, sem muitas explicações, baseada apenas no sentimento, se ele dizia que se sentia bem ao meu lado isso bastava. 

Encerramos ali o passeio e Valter nem acreditou quando lhe contamos que eu poderia escrever o livro. E quando chegamos a casa de Lorenzo Filho, ele pediu que Verônica ligasse para alguns dos filhos que moravam ali próximo, também os netos e parentes, e assim comunicou sobre o livro. No inicio, alguns se mostraram contra, torceram o nariz, mas não tiveram o que fazer, o grande patriarca da família tinha autorizado e ninguém poderia contestar. Os outros seriam comunicados depois. 

Depois disso, finalmente voltamos para casa agora completamente satisfeitos, a missão estava cumprida e agora era só colocar as mãos na massa, e essa era a minha parte:
-Cara, nem acredito que o velho concordou com  a gente, e a família, você viu, todos tiveram que ficar pianinhos, gostei da autoridade que ele tem. Quando eu tiver uma família, quero ser assim também. - Valter falava empolgado. 
-Você pensa em ter uma família? Digo casar, ter filhos... - perguntei já que ele tocou no assunto. 
-Claro Nicolle, eu sou um cara maduro você sabe, tenho 40 anos, já curti tudo que tinha pra curtir, esta na hora de sossegar. - Ele explicava, foi então que tive a mais brilhante ideia da minha vida. 
-Como não pensei nisso antes?! - Me perguntei sorrindo. 
-Em que? 
-Nada. Vamos voltar a falar do livro. - Mudei de assunto. 
-Melhor mesmo... Mas me diga, como vai fazer a partir de agora? 
-Primeiro vou providenciar os papéis para Lorenzo Filho assinar, para que nenhum daqueles mal humorados da família dele possam me pegar de surpresa. Depois, vou me dedicar somente a escrita do livro, como você já sabe, tenho boa parte escrita, no "Além dessa Vida", vou só aperfeiçoar com um detalhe ou outro, com as novas informações.  Já estava tudo planejado em minha mente. 
-Entendo. 
-Tenho que te agradecer por tudo isso né? Se não fosse você... - O olhei rapidamente. 
-Imagina, já disse que não precisa agradecer. 
-Precisa sim, e sabe o que vou fazer, te dar um presente! - falei animada. 
-Nicolle, não precisa. 
-Precisa sim, janta lá em casa amanha, ai te entrego. 
-Mas...
-Nada de mais, vou esperar. 

Como disse, tinha tido a melhor ideia da minha vida e Valter estava incluído nela. No dia seguinte faria um jantar lá em casa e lhe entregaria um presente, algo que ele ia me agradecer pelo resto da vida, eu tinha certeza. 

Quanto cheguei em casa era fim de tarde, estava exausta e precisava de um banho, mas é claro que antes fiquei com meus pequeninos algum tempo, estava morrendo de saudades. Depois disso, subi para o meu banho - que foi de banheira porque naquele dia eu merecia - e enquanto isso, liguei para algumas pessoas. 

Primeiro para Ju e Vicente, para convidá-los para jantar lá em casa no dia seguinte também, depois liguei para Marcela, ela confirmou presença assim como os outros e por fim para Luan:
-Achei que tinha se esquecido de mim. - Atendeu já reclamando. 
-Passei por muitas emoções nesse dia, só agora tive tempo. - Respondi. 
-É, tem tempo para tudo mesmo pra mim, eu sei. - Agora fazia drama. 
-Ai amor, não vou nem discutir com você sobre isso... Mas deixa eu te perguntar, qual a chance de você aparecer rapidinho aqui em casa amanha a noite? - Perguntei mesmo já sabendo a resposta. 
-Depende, se você estiver carente precisando do seu homem para resolver este problema, posso fazer um esforço. - Brincou. 
-Hum, proposta tentadora, mas não, era só um jantarzinho pros amigos, Ju, Vicente, a Mah, O Valter... 
-Eu gostaria muito de participar, mas a chance é zero amor, tenho show no nordeste. 
-É, imaginei, mesmo assim tentei né. - Fiz careta. 
-Desculpe por isso. 
-Não precisa se desculpar, vou me virar bem por aqui. Mas o que acha de tirar uns 5 dias de férias em? Pra gente curtir em família? Estamos precisando. - Sugeri. 
-Vou providenciar isso o mais rápido possível. 
-Obrigada... - Silenciamos um instante - Não quer saber onde eu estou? - Perguntei mordendo o lábio. 
-Onde?
-Na banheira. - Falei em tom sedutor. 
-Ah não Nicolle, para de falar essas coisas, é tortura, vou desligar. - Gemeu do outro lado.
-Ué, só tô falando. - Ri dele. 
-Fala isso só porque não posso ir ai né? Tudo bem, fica ai tomando seu banho de banheira que eu vou pra academia treinar, tchau.
-Ta bom, vai lá, bom treino e pense bastante em mim mergulhada na espuma. - Continuei a provocar. 
-Tchau Nicolle! 

E assim desligou, enquanto eu fiquei rindo dele, tadinho. Mas estávamos mesmo precisando de uns dias juntos, com os meninos e daríamos um jeito de conseguir isso. Mas enquanto esse dia não chegava fomos empurrando com  a barriga. 

No dia seguinte, como eu havia combinado, fiz o jantar lá em casa mesmo sem a presença de Luan, pois o que eu queria era outra coisa, dar uma de cupido mais uma vez e assim como uni Ju e Vicente, uniria Marcela e Valter, o casal perfeito. 

[Continua]

Então amores... 

Nic finalmente conseguiu o que queria, 

Lorenzo Filho concordou que ela escrevesse o livro, 

agora é só por em prática. 

Mas o novo projeto de vida de Nicolle é unir Valter e Marcela, 

será que consegue? 

kkkk'

E quanto ao quem comentou que estava sentindo falta da "Família reunida" 

Logo logo isso vai acontecer, 

a família vai ficar reunida como vocês querem, 

Luan mais em casa, participando. 

É que esse é um momento mais da Nic, 

entendem né? 

Aguardem e confiem na escritora de vocês... 

Beijos

Mayara

@Luansmyway